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Brasil desenvolve novo tratamento para hiperplasia da próstata

A embolização, método desenvolvido por pesquisadores brasileiros, é uma alternativa aos medicamentos e à cirurgia tradicional

Por Giulia Vidale Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 22h21 - Publicado em 19 jul 2016, 16h43
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  • Pacientes com hiperplasia prostática benigna (HPB), também chamada de hiperplasia benigna da próstata, têm uma nova opção de tratamento além dos medicamentos e da cirurgia tradicional. A embolização da próstata, técnica desenvolvida por pesquisadores do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), é um procedimento minimamente invasivo, sem efeitos colaterais de longo prazo e tem 90% de eficácia na redução dos sintomas.

    A hiperplasia benigna da próstata consiste no crescimento da glândula que, por sua vez, comprime a uretra e obstrui o fluxo de urina. Não há relação com o câncer de próstata. Entre as principais consequências do problema estão os incômodos sintomas como muitas idas ao banheiro durante o dia e à noite, além de jatos de urina mais fracos do que o normal. Não tratar a doença pode prejudicar a uretra, que não será tão eficaz em esvaziar toda a urina, provocando infecções frequentes, além de maior risco de complicações nos rins e na bexiga.

    O problema afeta metade dos homens com mais de 50 anos. Sua causa, entretanto, não é totalmente conhecida. Acredita-se que esteja relacionada às alterações hormonais que ocorrem com o avanço da idade. “A testosterona está diretamente relacionada ao aumento da próstata e sabemos que outro hormônio, o estrogênio, também desempenha um papel no desenvolvimento do problema. Doenças metabólicas como colesterol alto, triglicérides e diabetes também favorecem o crescimento da próstata.”, explica Francisco Cesar Carnevale, chefe do serviço de radiologia intervencionista do HCFMUSP  e um dos criadores do novo tratamento.

    Opções de tratamento

    Até a chegada da embolização, existiam basicamente quatro abordagens para tratar a condição: medicamentos e três tipos de cirurgia – a resseção transuretral da próstata (RTUP), o laser e uma cirurgia aberta. Segundo Carnevale, cerca de 30% dos homens com mais de 60 anos precisarão de algum tipo de tratamento para hiperplasia benigna da próstata. Desses, até 80% usarão algum medicamento e os demais precisarão de algum tipo de cirurgia.

    Os remédios atuam de duas formas, flexibilizando a próstata ou diminuindo seu tamanho ao inibir a produção de testosterona. Ambas são eficazes e conseguem descomprimir a uretra, permitindo a passagem da urina. Entre os principais efeitos colaterais estão a tontura, moleza, queda da pressão e redução da libido. Além disso, eles não promovem cura ou melhora definitiva e, portanto, precisam ser utilizados pelo resto da vida.

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    A RTUP e o laser agem de maneira diferente, mas têm um objetivo semelhante, que é retirar um pedaço da parte central da próstata. Outra opção, quando há aumento exagerado da glândula,  é a cirurgia aberta, chamada de resseção do adenoma prostático. O procedimento é feito com anestesia geral. 

    Embora também sejam eficazes em melhorar os sintomas, os problemas destas técnicas são os riscos e consequências relacionadas a qualquer cirurgia como necessidade de internação, anestesia, sonda, possíveis complicações devido à idade dos pacientes e pós-operatório longo.

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    O novo tratamento

    A embolização é um procedimento semelhante ao cateterismo. Sem necessidade de internação e com uma anestesia local, um cateter (tubo flexível) de 2 milímetros de diâmetro é introduzido na artéria femoral (virilha). Sob orientação de um aparelho que emite raios X, este tubo navega até a próstata e uma substância — semelhante a grãos de areia, feita de resina acrílica — é injetada dentro da próstata com o objetivo de reduzir a circulação de sangue no local. Com a passagem parcialmente bloqueada, a próstata tem uma redução de 30% a 40% de tamanho — o que alivia a obstrução da uretra permitindo a passagem da urina sem dificuldade.

    Os resultados são promissores: dos 250 pacientes tratados com essa técnica no Brasil, todos no HCFMUSP, 90% tiveram melhora nos sintomas e voltaram a ter uma vida normal, sem a necessidade de medicamentos. A recuperação é feita em casa e, nos primeiros dias após a embolização, há um ardor para urinar e micção frequente. Os pacientes também são orientados a usar antibiótico, anti-inflamatório e analgésico.

    “A embolização poderia substituir o remédio e a cirurgia. As principais vantagens para o paciente são a redução dos riscos associados e a melhora na qualidade de vida. Mas, como todo tratamento, ela não é indicada para todo mundo”, afirma Carnevale.

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    Pacientes com câncer de próstata, com pedra na bexiga, que fizeram radioterapia na região da pélvis, que sofram de doenças que alterem o funcionamento da bexiga e com insuficiência renal estão no grupo em que a cirurgia é contraindicada.

    Aprovação do CFM e exportação de tecnologia

    Em março, o Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou uma resolução mudando a classificação da embolização de próstata. O procedimento passou de tratamento experimental para aprovado, desde que indicado por um urologista e realizado por um radiologista intervencionista.

    Por ser uma técnica desenvolvida no Brasil, Carnevale e sua equipe estão treinando profissionais brasileiros e estrangeiros. O procedimento já foi aprovado na Europa e nos Estados Unidos para projetos de pesquisa. Segundo Carnevale, a FDA, agência reguladora de alimentos e medicamentos nos Estados Unidos, está prestes a reconhecer a técnica a partir dos dados publicados até o momento, obtidos de estudos realizados no Brasil, Portugal, Estados Unidos, França, Itália e China.

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