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Brasil vive maior surto de febre amarela em 14 anos

Com suspeitas em 4 Estados, o Brasil vive o maior surto de febre amarela em 14 anos. A principal estratégia no combate a doença é intensificar a vacinação

Por Da redação
Atualizado em 25 jan 2017, 19h16 - Publicado em 25 jan 2017, 19h15
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  • O Brasil vive o maior surto de febre amarela em 14 anos. Até terça-feira, foram confirmados 70 casos da doença, com 40 mortes. Desse total, 21 são de pacientes que apresentaram os primeiros sintomas em meados de dezembro. O maior número de casos até então havia sido em 2003, quando foram confirmados 64 pacientes com febre amarela. Há ainda no país outros 364 casos em investigação, incluindo 49 óbitos.

    Além do aumento expressivo do número de casos, a doença atinge um número maior de Estados e municípios. Em 2003, com o surto em Minas, os casos se espalharam por menos de 20 municípios do Estado. Agora, cerca de 40 cidades apresentam registros de pacientes com suspeita da infecção. Há notificações também em Espírito Santo, Bahia, São Paulo. No total, 60 cidades do país já relataram casos suspeitos.

    “Não há dúvidas de que os casos vêm em maior número e atingem uma área maior”, afirma o infectologista da Fundação Oswaldo Cruz, André Siqueira. Para ele, não há um fator único que explique a expansão.

    Entre as causas estariam maior circulação do vírus, desmatamento e mudanças do clima que favorecem a proliferação dos mosquitos transmissores da forma silvestre da doença. A a tese de que o surto em Minas pode estar relacionado à tragédia do rompimento da barragem em Mariana também está sob análise.

    Ação tardia

    Siqueira também acredita que medidas tardia de contenção podem ter sua parcela de responsabilidade. “Desde o fim do ano passado há registros de morte de macacos, um indício de que o vírus da febre amarela poderia estar circulando de forma mais intensa”, disse. Para ele, com as notificações, seria necessário intensificar a vacinação da população suscetível.

    O subsecretário de Vigilância e Proteção à Saúde da Secretaria de Estado de Saúde de Minas, Rodrigo Said, garante, que medidas foram adotadas rapidamente. “Os registros de casos em humanos começaram na primeira semana de janeiro. Providenciamos imediatamente vacinação de bloqueio”, afirmou.

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    Ainda segundo o infectologista, se houvesse vacinação adequada, óbitos provocados pela doença poderiam ter sido evitados. “Os casos aconteceram, em sua maioria, em áreas consideradas de risco. Por que a população não estava vacinada?”. Para o Siqueira, o argumento de que o país vive ciclo de aumento de casos da doença a cada 7 ou 10 anos mostra falhas no método de imunização. “Isso é um atestado de incapacidade de autoridades de saúde. Existe uma vacina contra a doença, uma vacina eficaz. Se há maior risco a cada ciclo de 7, 10 anos, por que medidas não são adotadas?” Ele defende, por exemplo, que campanhas periódicas sejam feitas, sobretudo em áreas de risco.

     

    Pedro Tauil, professor da Universidade de Brasília (UnB), concorda com Siqueira. Segundo o especialista, passado esse período de aumento expressivo de casos, é necessária uma discussão mais aprofundada sobre a forma de oferta da vacina à população. Uma das possibilidades seria incluir o imunizante na rotina de vacinação.

    Na terça-feira, Barros ressaltou que “o Brasil tem capacidade técnica, de assistência, pessoal, infraestrutura e de vacinas, para bloquear esse surto. Agora, depende efetivamente de as pessoas irem à vacinação e de técnicos agirem corretamente quando surge cada caso.”

    Área urbana

    Barros declarou que a pasta não trabalha com a hipótese de o surto se alastrar para as áreas urbanas. “Mas, evidentemente, se a pessoa pega a doença na mata e vem para a cidade, pode transmitir. O fato concreto é que temos controle máximo dos casos para evitar que isso aconteça”, ressaltou sobre a possibilidade de retomada da transmissão por meio do Aedes aegypti.

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    Reforço da vacinação

    A imunização em Minas é considerada baixa. Estima-se que apenas 50% da população esteja vacinada contra febre amarela. Em São Paulo, onde também há casos, o índice chega a 80%. O coordenador de Controle de Doenças da Secretaria de Saúde de São Paulo, o infectologista Marcos Boulos, no entanto, afirma ser necessário atingir a marca de 95% em áreas consideradas de risco.

    Por isso, a principal ação do governo para impedir uma disseminação ainda maior da doença é o reforço da vacinação. Em coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira, o Ministério da Saúde anunciou 11,5 milhões de doses adicionais nos estoques de vacinas contra a febre amarela em todo o país. Destes, 6 milhões devem ser enviados aos Estados onde há indicação de vacinação e as demais doses permanecerão em um estoque que pode ser acionado a qualquer momento, de acordo com a necessidade de cada área.

    Embora o ministério afirme ter vacinas suficientes para a situação atual, para as próximas semanas e capacidade de produção adicional, secretários dos estados atingidos apontam que a “corrida aos postos” nas regiões metropolitanas pode afetar os estoques, que são pensados com foco na população rural. No município do Rio de Janeiro, por exemplo, onde nem há indicação para a vacina, a procura pela imunização triplicou, o que esgotou as doses em muitos pontos da cidade.

    Santa Catarina

    A Secretaria de Saúde de Santa Catarina investiga quatro casos suspeitos de febre amarela.Segundo informações do jornal Diário Catarinense, três dessas pessoas viajaram recentemente para Minas Gerais e uma para Mato Grosso. Ainda não há confirmação da presença do vírus dentro do território do Estado.

    (Com Estadão Conteúdo)

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