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Em estudo com cavalos, brasileiros criam soro que neutraliza o coronavírus

Em pesquisas iniciais, o soro se mostrou de 20 a 100 vezes superior ao feito com plasma convalescente

Por Da redação
Atualizado em 13 ago 2020, 18h02 - Publicado em 13 ago 2020, 11h46
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  • Pesquisadores brasileiros desenvolveram um soro com anticorpos contra a Covid-19. Produzidos por cavalos, os anticorpos neutralizantes são de 20 a 100 vezes mais potentes contra o novo coronavírus do que o plasma convalescente, usado no tratamento de pessoas com sintomas graves da doença, de acordo com os pesquisadores.

    “A gente vê que o nosso anticorpo do cavalo, em alguns casos, é próximo de 100 vezes mais alto. Entre 50 e 100 vezes”, disse o coordenador do projeto Jerson Lima Silva, do Instituto de Bioquímica Médica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), à Agência Brasil. Isso significa que os anticorpos produzidos pelos animais neutralizam o vírus da Covid-19 com até 100 vezes mais potência, “mesmo quando a gente vai para a preparação final dos soros”.

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    O plasma de pessoas que se recuperaram da doença já está sendo usado em diversos estudos clínicos no tratamento de pacientes internados. O princípio do soro equino é o mesmo, com a diferença que ele é produzido por animais. A vantagem, segundo os cientistas, é que essa opção seria muito mais potente.

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    A ideia é que o soro produzido a partir do plasma dos equinos seja usado como tratamento, por meio de uma imunoterapia, ou imunização passiva. Os pesquisadores aguardam autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) para iniciar os testes clínicos em pacientes internados em enfermaria com diagnóstico confirmado de Covid-19, e parceria com o Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (Idor).

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    Os testes vão comparar quem recebeu o tratamento com quem não recebeu. “A gente está bem otimista. Mas essa é uma etapa que precisa ser feita”, disse Silva. O objetivo dos pesquisadores é firmar parcerias com outros laboratórios semelhantes que produzem soro no Brasil, localizados em São Paulo e Minas Gerais, por exemplo, “porque será preciso muito material”.

     

     

    Pesquisa

    Cinco cavalos do Instituto Vital Brazil, no Rio de Janeiro, receberam a proteína spike do novo coronavírus, produzida no Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe/UFRJ). Essa estrutura está presente na coroa do coronavírus e é usada por ele para invadir as células. Após 70 dias, os plasmas dos equinos inoculados apresentaram anticorpos neutralizantes 20 a 100 vezes mais potentes contra o novo coronavírus do que os plasmas de pessoas que tiveram Covid-19 e estão em convalescência.

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    Segundo Silva, o resultado foi uma grande surpresa para os pesquisadores. “Os animais nos deram uma resposta impressionante de produção de anticorpos. Inoculamos em cinco e agora estamos expandindo para mais cavalos”, explica Silva.

    Os resultados dos estudos serão apresentados nesta quinta-feira, 13, durante simpósio sobre Covid-19 realizado na Academia Nacional de Medicina (ANM). Na ocasião, será anunciado o depósito de patente para garantia do processo tecnológico produzido no Brasil e a submissão de publicação no MedRxiv, plataforma que concentra a publicação de estudos antes da revisão por pares e publicação em revistas científicas.

    Para o coordenador do projeto, outra vantagem do estudo é que ele é complementar às possibilidades de vacinas contra o vírus. Enquanto não há vacinas aprovadas e diante da dificuldade em atender à grande demanda em todo o mundo, o uso da imunização passiva por terapia com soro deve ser considerado uma opção.

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    A soroterapia é um tratamento bem-sucedido e usado há décadas contra doenças como raiva, tétano e picadas de abelhas, cobras e outros animais peçonhentos, como aranha e escorpiões. Os anticorpos são purificados antes de serem injetados nos pacientes. Os soros produzidos pelo Instituto Vital Brasil têm excelente resultado de uso clínico, sem histórico de hipersensibilidade ou quaisquer outras eventuais reações adversas.

    Com Agência Brasil

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