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Brasileiros criam teste para detectar esquizofrenia mais cedo

Com base na análise da fala do paciente, pesquisadores brasileiros criaram algoritmos que antecipam o diagnóstico com 80% de precisão

Por Da Redação
5 jun 2017, 19h17

Cientistas brasileiros desenvolveram um novo método que poderá ajudar psiquiatras a diagnosticar casos de esquizofrenia já na primeira consulta. A técnica tem como base algoritmos capazes de analisar a fala dos jovens com sintomas iniciais da doença. De acordo com os pesquisadores do Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em Natal, o método antecipa o diagnóstico em seis meses, com 80% de precisão, e evita o uso de medicações incorretas.

Comunicação

Em estudos anteriores, a equipe já havia indicado a possibilidade de utilizar fórmulas matemáticas na análise do discurso de pacientes com esquizofrenia, que apresentam uma fala específica, com pouca clareza e conectividade. Segundo a principal autora do artigo, Natália Mota, o discurso do esquizofrênico, é uma forma de distinguir a doença de outros transtornos mentais. Esse sintoma é percebido com relativa facilidade, a partir do histórico das crises e expressões das ideias. No entanto, em crianças e adolescentes, essa diferenciação apresenta certas dificuldades.

No novo artigo, publicado na revista científica Schizophrenia, os pesquisadores sugerem que é possível medir com objetividade essa estrutura verbal em adolescentes psicóticos logo no primeiro contato clínico. “Percebemos que seria importante aplicar esse método de análise da fala logo início, a fim de poder rastrear quais pacientes poderiam desenvolver no futuro os sintomas mais difíceis de tratar, como a degradação cognitiva”, explicou Natália.

Medicamentos

De acordo com Sidarta Ribeiro, líder da equipe de pesquisa, um dos maiores problemas na área da psiquiatria é desenvolver meios que evitem que o paciente receba tratamento para a doença errada. “Essas doenças não têm base biológica clara e, portanto, não há exames inequívocos para o diagnóstico”, explicou. Por conta disso, é preciso acompanhar o paciente por seis meses para definir o diagnóstico. Caso contrário, a medicação equivocada pode causar efeitos desastrosos. “Mostramos que é possível prever com grande acurácia o diagnóstico da esquizofrenia na primeira entrevista psiquiátrica do paciente. Isso significa que o psiquiatra pode usar esse índice para dar um diagnóstico inicial mais certeiro já na consulta inicial.”

A pesquisa

Os pesquisadores acompanharam crianças durante suas primeiras consultas em um Centro de Atenção Psicossocial Infantil, em Natal, e gravaram cerca de 30 segundos das conversas. A partir das transcrições, analisaram como as palavras se conectavam, utilizando um software baseado na teoria dos grafos, ramo da matemática que estuda as relações entre os elementos de um conjunto. No caso, o algoritmo identificou a conectividade entre as palavras ditas por elas.

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Depois de seis meses, com o diagnóstico das crianças já definido, foi possível comparar as diferenças do discurso daquelas que apresentavam esquizofrenia e testar a eficácia do método. “O que observamos é que, já na primeira entrevista, as crianças que seis meses depois foram diagnosticadas com esquizofrenia falavam de uma forma bem menos conectada e menos complexa”, disse Natália. Ao combinar três diferentes fórmulas utilizadas na medição, os cientistas criaram um algoritmo único  o índice de fragmentação da fala  que evidenciou o resultado. A técnica previu a esquizofrenia com mais de 80% de precisão.

O estudo também teve participação do físico Mauro Copelli, da Universidade Federal de Pernambuco.

(Com Estadão Conteúdo)

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