A campanha de vacinação contra o vírus influenza, causador da gripe, teve início em todo o país nesta segunda-feira, 25. Neste ano, o Ministério da Saúde resolveu antecipar o mutirão, antes realizado entre abril e maio, por causa da circulação precoce do vírus. As doses serão aplicadas nas regiões Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Na região Norte, a imunização ocorrerá no segundo semestre, período com mais episódios de infecções em virtude do “inverno amazônico”.
Neste mês, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) alertou que o Brasil enfrenta a circulação simultânea de quatro vírus responsáveis por infecções respiratórias, o que tem elevado casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em todas as faixas etárias. O levantamento apontou que os episódios estão ligados ao Sars-CoV-2, causador Covid-19, influenza –responsável pela gripe –, vírus sincicial respiratório (VSR) e rinovírus.
Crianças de seis meses a menores de 6 anos, idosos, gestantes, pacientes imunossuprimidos e pessoas com deficiência permanente estão no grupo prioritário (veja lista abaixo). Na população infantil, aqueles que vão receber o imunizante pela primeira vez deverão tomar duas doses com um intervalo de 30 dias entre elas.
“A gripe é uma doença que, na sua forma leve, já é muito desagradável e afasta uma criança de uma creche ou o adulto do seu trabalho por uns dias. Tem um impacto no dia a dia de uma família”, explica Mônica Levi, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm). “Mas existem grupos com maior risco de ter complicações da gripe, como pessoas a partir dos 60 anos e que vivem com comorbidades. Nesses grupos, a gripe pode causar descompensação da doença de base, pode evoluir para formas graves, necessitando de internação, e ocorrer até o óbito.”
Segundo Mônica, pessoas que convivem com integrantes do grupo de risco também podem se vacinar — há doses disponíveis na rede privada –, mas é fundamental que a população mais vulnerável ao vírus compareça aos postos e participe da campanha antecipada. “Todos os anos no Brasil são registrados mais de 1 mil óbitos por gripe. Então, é importante a adesão à vacinação.”
Os postos de vacinação vão oferecer gratuitamente a vacina trivalente, que protege contra três cepas do vírus que estão em circulação. A meta da pasta é vacinar 75 milhões de pessoas dos grupos prioritários.
Produtor do imunizante, o Instituto Butantan fez o repasse das primeiras 5 milhões de doses da vacina no fim de fevereiro e as demais 70 milhões estavam com entrega prevista até abril. Para a região Norte, serão disponibilizadas 6,6 milhões de doses em setembro.
A gripe
A infecção pelo vírus influenza pode levar a casos graves ou até matar populações mais vulneráveis, por isso, a campanha destina as doses para grupos prioritários e a aplicação ocorre antes do inverno, quando o número de casos de doenças respiratórias em geral aumenta.
Entre os sintomas da doença, estão: tosse, febre, dor de garganta, dor de cabeça, dores musculares e fadiga. A febre costuma durar cerca de três dias, enquanto os sintomas respiratórios, principalmente a tosse, ficam mais aparentes com o avanço da gripe e perduram por três a cinco dias após o fim do período de febre. Quadros graves envolvem dificuldade para respirar e necessidade de hospitalização.
Composição da vacina
Em outubro do ano passado, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou a composição das vacinas contra a gripe para 2024 com base nas recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS).
As cepas são atualizadas todos os anos para contemplar as mutações do vírus que circulam com maior frequência.
As vacinas trivalentes, produzidas a partir de ovos de galinha, têm as seguintes cepas:
- Influenza A/Victoria/4897/2022 (H1N1)pdm09
- Influenza A/Thailand/8/2022 (H3N2)
- Influenza B/Austria/1359417/2021 (B/linhagem Victoria)
No caso das vacinas não baseadas em ovos, a cepa do vírus A (H1N1) deve ser um vírus similar ao influenza A/Wisconsin/67/2022 (H1N1)pdm09, a cepa A (H3N2) deve ser um vírus similar ao vírus influenza A/Massachusetts/18/2022 (H3N2) e ter ainda a cepa B.
As vacinas quadrivalentes, oferecidas na rede privada, terão as três cepas obrigatórias e um vírus similar ao influenza B/Phuket/3073/2013 (B/linhagem Yamagata).
Desde o ano passado, as clínicas particulares também passaram a ofertar a nova vacina quadrivalente de alta dose para a população com mais de 60 anos. A Efluelda, da Sanofi, demonstrou em estudos que protege 24% a mais essa população contra a gripe e reduz em 27% os episódios de hospitalização. O imunizante tem quatro vezes mais antígeno do que a vacina em dose padrão, segundo a farmacêutica.
Veja quem deve se vacinar
- Crianças de 6 meses a menores de 6 anos;
- Crianças indígenas de 6 meses a menores de 9 anos;
- Trabalhadores da saúde;
- Gestantes e puérperas;
- Professores dos ensinos básico e superior;
- Povos indígenas;
- Idosos com 60 anos ou mais;
- Pessoas em situação de rua;
- Profissionais das forças de segurança e de salvamento;
- Profissionais das Forças Armadas;
- Pessoas com doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais (independentemente da idade);
- Pessoas com deficiência permanente;
- Caminhoneiros;
- Trabalhadores do transporte rodoviário coletivo (urbano e de longo curso);
- Trabalhadores portuários;
- Funcionários do sistema de privação de liberdade;
- População privada de liberdade, além de adolescentes e jovens sob medidas socioeducativas (entre 12 e 21 anos)