A dificuldade de atingir as coberturas vacinais estipuladas pelo Ministério da Saúde causa preocupação há alguns anos não só pelo risco de retorno ou descontrole de doenças infecciosas, mas pelos danos que elas podem provocar à saúde de cada um. E isso é particularmente alarmante para a população que convive com o diabetes.
Segundo dados colhidos junto ao Sistema Único de Saúde (SUS) no início deste ano, o índice de vacinação entre brasileiros com diabetes caiu 18% na última década. Não deveria ser assim: pessoas com a doença crônica correm maior risco de complicações por moléstias infecciosas, algo que, infelizmente, foi bastante evidenciado durante a pandemia de Covid-19.
Para reverter a situação, a Coalização Vozes do Advocacy, que reúne 20 associações de pacientes e dois institutos dedicados ao diabetes, lançou a campanha “Com a Vacina, Eu Cuido da Minha Saúde e da Saúde de Toda a Sociedade”. Com lema autoexplicativo, o movimento quer sensibilizar e alavancar a proteção dos cerca de 16,8 milhões de pessoas com diabetes tipo 1 e tipo 2 no país.
Além de recolocar o tema em pauta nos centros de assistência médica, na mídia e nas redes sociais, a campanha quer chamar a atenção de governantes, profissionais de saúde e pacientes para um calendário de imunização específico para esse público, que já existe e enfatiza a prevenção de algumas doenças, entre elas gripe e Covid-19.
“Precisamos engajar a sociedade a se vacinar, sensibilizar o Ministério da Saúde a fazer um plano mais estratégico de comunicação para atingir a população com diabetes e capacitar os profissionais a falar sobre vacinação nas consultas”, resume os objetivos da iniciativa Vanessa Pirolo, coordenadora para diabetes e obesidade da Vozes do Advocacy.
O tema inclusive foi debatido em sessão da Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados no fim de maio.
Mas por que o assunto não pode passar batido para o público com diabetes? É que anos de convívio com a doença podem desencadear alterações metabólicas e repercussões na imunidade, que deixaria de ser tão afiada para responder a vírus e bactérias. Eis um dos motivos que colocam pessoas com diabetes no grupo de maior risco de complicações para infecções respiratórias, por exemplo.
“Sabemos que o descontrole da glicemia altera múltiplos mecanismos imunológicos, contribuindo para o maior risco de infecções e de elas evoluírem de uma maneira mais grave”, explica a infectologista Monica Levi, consultora médica do movimento.
“As vacinas ajudam a prevenir milhões de mortes. É imprescindível que sejam implementadas novas estratégias para ampliar a imunização e prevenir adoecimentos e óbitos evitáveis”, afirma a especialista.
“Fora isso, devemos ter a consciência de que a vacinação não é apenas um benefício individual, mas também um ato de responsabilidade social que diminui a transmissão de patógenos. Ela beneficia toda a comunidade”, ressalta.
Assista ao vídeo da campanha.