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Câncer de endométrio tem nova opção terapêutica após 20 anos sem inovação

Junção de imunoterapia com quimioterapia pode reduzir em até 58% o risco de progressão ou morte de pacientes com a doença avançada em subgrupo específico

Por Ligia Moraes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 8 Maio 2024, 12h47 - Publicado em 30 abr 2024, 16h41

Um novo tratamento de câncer de endométrio acaba de ser aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Trata-se da combinação de uma imunoterapia com quimioterapia, capaz de reduzir em até 58% o risco de progressão ou morte da doença em estágio avançado de um subtipo, caracterizado pela deficiência nas enzimas de reparo do DNA, que corresponde a cerca de 20% a 30% dos casos. 

A aprovação representa um marco no tratamento desse tipo de câncer feminino, já que há 20 anos não havia nenhum novo medicamento – era tratado apenas com quimioterapia, e há 10 anos não havia nenhuma atualização no esquema de tratamento.

Maior eficiência em casos avançados 

Andreia Melo, chefe da Divisão de Pesquisa Clínica e Desenvolvimento Tecnológico do Instituto Nacional de Câncer (INCA) e médica-pesquisadora do estudo que levou à recém-aprovação na Anvisa, explica que a nova abordagem representa um ganho de sobrevida livre de progressão. 

Dessa forma, mulheres com deficiência nas enzimas de reparo do DNA têm mais chances de se beneficiarem com o novo tratamento do que o grupo proficiente (que não tem essa deficiência). Porém, a médica reforça que, independentemente da alteração molecular, o novo tratamento tem potencial de beneficiar todos os tipos de pacientes com câncer de endométrio – em níveis diferentes. 

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Atualmente, cerca de 15% a 20% dos casos de câncer de endométrio são diagnosticados em estágio avançado, os quais são, comumente, tratados com quimioterapia e têm pior prognóstico, com taxa de sobrevida em 5 anos de 20% a 30%. Já para pacientes em que a doença avançou ou retornou, as opções de tratamento são ainda mais limitadas, pois não se acredita que o câncer responda à terapia hormonal e que será tratado com quimioterapia, método com nível elevado de toxicidade. Assim, a inovação traz uma nova e real perspectiva para pacientes com a doença em estágio avançado.  

Como funciona o tratamento 

“Até então realizava-se seis ciclos de quimioterapia e, depois, a observação da paciente”, explica Andreia. “Agora, fazemos imunoterapia junto com os seis ciclos de quimioterapia que, quando finalizados, inicia-se fase de manutenção com a imunoterapia isolada”, explica a pesquisadora. O estudo clínico indica que essa manutenção se dê até que a doença volte a se manifestar ou que a paciente tenha uma reação à toxicidade que impeça a continuidade do tratamento.  

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A nova abordagem, por ter sido aprovada pela Anvisa, já pode ser prescrita por médicos e será coberta por seguros e planos de saúde. Porém, os trâmites de inclusão do tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS) ainda estão em andamento, uma vez que envolve processos mais elaborados, como debates na Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), consultas públicas e avaliações regulamentares. Ou seja, ainda faltam alguns passos até que o tratamento esteja universalmente disponível para as brasileiras. 

Sintomas, fatores de risco e diagnóstico

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de endométrio é o sétimo tumor mais comum entre as mulheres, com cerca de 8 mil novos casos por ano no Brasil. Estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que haverá um aumento de 40% na incidência da doença em todo o mundo até 2040 e um aumento de 60% no número de mortes no mesmo período.

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O principal fator de risco para desenvolver o câncer de endométrio é a exposição contínua do endométrio ao hormônio estrogênio sem oposição da progesterona. A obesidade é um importante fator de risco, tornando o câncer de endométrio uma das principais neoplasias relacionadas à obesidade. Outros fatores incluem a idade (geralmente a doença ocorre em mulheres na pós-menopausa), síndrome do ovário policístico, pressão alta, diabetes e câncer previo.  

Um dos indícios mais comuns desse câncer é o sangramento anormal. 90% das mulheres com a doença têm sangramento vaginal após a menopausa ou entre períodos menstruais. E entre 5% e 20% das mulheres na pós-menopausa com esse sintoma têm câncer de endométrio. Outros sinais incluem, dor na pelve, sentir uma massa nessa região e perda de peso inexplicável. Já para o diagnóstico de doenças relacionadas ao endométrio, é utilizado o método de ultrassom pélvico transvaginal, considerado a principal ferramenta de avaliação do endométrio, mas a constatação certeira do câncer se dá pela biópsia endometrial. 

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