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‘Canetas’ promovem perda de peso, mas também reduzem massa muscular: como contornar problema?

Embora benefícios do tratamento sejam evidentes, investir em melhoria dos hábitos de vida continua sendo importante — inclusive para preservar a massa muscular

Por Victória Ribeiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 18 jul 2025, 19h23 - Publicado em 18 jul 2025, 14h13

Na busca pela perda de peso, um ponto importante costuma passar despercebido: o que, exatamente, está sendo eliminado? Porque, junto com a gordura, o corpo pode acabar perdendo algo que realmente faz falta: massa muscular. Isso ocorre em várias estratégias de emagrecimento, inclusive com os chamados análogos de GLP-1, como a semaglutida (presente no Ozempic) e a tirzepatida (princípio ativo do Mounjaro), indicados para pessoas com diabetes e obesidade.

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“Qualquer perda substancial de peso, seja por cirurgia bariátrica, dieta combinada com exercício ou pelo uso das chamadas ‘canetas’, envolve também perda de massa magra”, diz o endocrinologista Clayton Macedo, diretor da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM). Essa perda, explica ele, é proporcional: quanto mais peso se perde, maior a perda muscular.

O problema é que, ao perder músculo de forma rápida e intensa, o corpo pode sentir impactos do ponto de vista funcional, com possível queda na densidade óssea. Em pessoas mais velhas, a situação pode ser ainda mais delicada, já que a perda muscular natural da idade (a sarcopenia) tende a se agravar.

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Apesar disso, Macedo ressalta que os benefícios das medicações falam mais alto. “Mesmo com perda de massa muscular, existem ganhos, porque a pessoa vai estar perdendo gordura infiltrada no músculo, o que contribui para melhorar a qualidade muscular”, explica. Além disso, há formas de contornar o problema. “Alimentação adequada e exercícios físicos, especialmente musculação, são fundamentais.” Inclusive, um estudo apresentado no Congresso Americano de Endocrinologia (ENDO) de 2025, apresentou uma possível aliada nesse processo: a proteína. A pesquisa sugere que aumentar a ingestão desse nutriente pode ajudar a reduzir a perda de massa magra durante o uso de agonistas do GLP-1. O estudo avaliou especificamente a semaglutida, princípio ativo dos medicamentos Ozempic e Wegovy.

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Cconduzido por Melanie Haines, endocrinologista do Massachusetts General Hospital, a pesquisa teve participação de 40 adultos com obesidade e sem diagnóstico de diabetes tipo 2. Desses, 23 iniciaram tratamento com semaglutida e 17 participaram de um programa de perda de peso baseado em dieta e estilo de vida, ambos por um período de 12 semanas. 

Ao fim do período, o grupo tratado com semaglutida perdeu, em média, 6,3% do peso corporal, enquanto o grupo dieta perdeu 2,5%. No entanto, entre os que usaram a medicação, 47,5% do peso eliminado correspondia à massa magra, proporção maior que a observada no grupo dieta, de 37,5%.

Porém, depois que a ingestão de proteínas entrou em ação, os pesquisadores perceberam que ela funcionou como uma espécie de ‘papel protetor’: no grupo que usou semaglutida, a maior ingestão diária de proteína aos 3 meses foi associada a menor perda de massa magra. Já no grupo dieta, esse efeito foi observado apenas quando o consumo proteico era elevado no início do estudo, e não ao longo do acompanhamento. “Esses dados sugerem que um consumo mais alto de proteína pode ajudar a atenuar a perda de músculo durante intervenções para perda de peso”, afirmou Haines durante sua apresentação no ENDO 2025. 

Medicamento não é ‘fórmula mágica’

Outra coisa observada pela pesquisa é que pessoas que praticavam atividade física, mesmo sob o uso da semaglutida, tiveram uma perda de músculo menor em relação a quem não praticava. O achado reforça um ponto que, para Macedo, merece atenção: o uso da medicação deve vir acompanhada de mudanças reais no estilo de vida. Afinal, além da possível perda muscular, a falta de cuidados com alimentação e exercício pode deixar o corpo mais vulnerável ao reganho de peso — um processo fisiológico. “Quando perdemos peso, o organismo tenta compensar: ele aumenta os hormônios que estimulam o apetite e reduz os que promovem saciedade”, explica Macedo.

“O corpo tem memória metabólica. E, sem exercício físico — especialmente musculação —, além de uma ingestão adequada de proteínas com comida de verdade, o desfecho tende a ser previsível: o ciclo de perda e reganho de peso, frequentemente chamado, de forma equivocada, de efeito rebote, sanfona ou iô-iô”, complementa.

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Atualmente, não há consenso específico sobre a recomendação de ingestão de proteína para usuários de GLP-1. No entanto, diretrizes recentes, publicadas no Jornal da Associação de Medicina Americana (JAMA), sugerem iniciar cada refeição com 20 a 30 gramas de proteína. Para pessoas moderadamente ativas, o ideal é consumir entre 1 e 1,5 grama de proteína por quilo de peso corporal ao dia. “Se o apetite estiver muito reduzido, recomenda-se o uso de shakes com pelo menos 20 g de proteína por porção”, orienta o documento.

Antes de levar isso em consideração, é importante lembrar que precisa haver equilíbrio no consumo desse alimento. O excesso, especialmente proveniente de fontes animais, como a carne vermelha, pode estar associado a riscos como aumento da inflamação, problemas renais e cardiovasculares. Por isso, a recomendação é diversificar as fontes proteicas, incluindo vegetais, leguminosas, peixes e aves, e buscar orientação profissional para ajustar a alimentação às necessidades individuais, levando em conta mais do que apenas a perda de peso.

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