A pesquisa Globocon, divulgada nesta quinta-feira, 1º, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), prevê que, em 2045, o mundo terá um aumento de 20 milhões de novos casos de câncer e deve saltar para mais de 32 milhões de diagnósticos da doença — em relação às notificações de 2022.
Os dados indicam que o câncer continuará a ser um dos principais desafios para a saúde global, mas que afetará países de formas distintas, uma vez que territórios com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mais baixo sofrerão um crescimento mais acentuado da doença.
Por exemplo, nações de IDH médio, como o Brasil, terão aumento de cerca de 70% em comparação aos registros atuais, enquanto países com maiores índices de pobreza verão esse porcentual chegar a, aproximadamente, 107%, caso de alguns países africanos. Por outro lado, as regiões mais ricas do planeta, como a Europa, registrarão aumentos mais discretos de novos casos (22,5%). Já os demais continentes ficarão com números entre 59% e 64,5%, Oceania e Ásia, respectivamente.
“Essas estimativas refletem gargalos enfrentados pelos países em desenvolvimento, inclusive o Brasil, como a falta de equidade no acesso às políticas públicas que promovem o diagnóstico precoce e acesso a tratamentos mais avançados”, afirma Carlos Gil Ferreira, diretor médico da Oncoclínicas&Co e presidente do Instituto Oncoclínicas. “Isso faz com que uma parcela importante da população dessas regiões seja diagnosticada, muitas vezes, de forma tardia, impactando também os índices de letalidade da doença ao redor do globo.”
Em todo o planeta, cerca de 20 milhões de pessoas foram diagnosticadas com câncer em 2022 . Estima-se que, atualmente, cerca de 53,5 milhões de pessoas estão vivendo com câncer, considerando o período de prevalência da doença no período de cinco anos.
Tumores com maior incidência
No Brasil, foram identificados cerca de 627.000 novos casos de câncer. Os tipos mais comuns foram o de próstata, com 102.000 novos casos, e de mama, 94.000 novos casos. O câncer colorretal, que vem crescendo exponencialmente na última década, já é o terceiro mais incidente na população brasileira em geral, com 69.000.
O câncer de mama respondeu por cerca de 30% dos novos diagnósticos de câncer registrados em 2022 e foi o que mais matou mulheres. Por isso, o diagnóstico precoce, por meio da mamografia, é fundamental, apesar de nem sempre ser acessível. “A grande dificuldade é que, tanto os tratamentos como os exames preventivos, cheguem com equidade às pessoas. Há um desafio médico, mas também social no combate ao câncer”, explica Gil Ferreira.
Câncer de pulmão: o mais letal
A pesquisa mostrou que o câncer de pulmão lidera o ranking de incidência e letalidade global. No Brasil, apesar desse tumor ser responsável pelo maior número de óbitos, figura-se como o quarto mais comum em número de diagnósticos, representando 7% dos tumores identificados em 2022. Já no mundo, esse tipo de tumor corresponde a 12% no panorama geral da doença.
“Vale lembrar dos reflexos dos efeitos de longo prazo do hábito de fumar entre a geração que chega atualmente à terceira idade e que impactam nas estimativas da OMS. Em países onde a expectativa de vida da população aumenta, a curva tende a se tornar mais acentuada”, aponta Carlos Gil.
Tipos de câncer mais incidentes e mais letais
O levantamento apresentou ainda o ranking de tipos de câncer mais incidentes e mais letais no mundo e no Brasil.
Mundo
Por incidência
- Pulmão
- Mama
- Colorretal
Por letalidade
- Pulmão
- Colorretal
- Fígado
Brasil
Por incidência
- Próstata
- Mama
- Colorretal
Por letalidade
- Pulmão
- Colorretal
- Mama