Celular não causa câncer no cérebro, define estudo
Os aparelhos podem, no entanto, agravar tumores cerebrais já existentes
Celulares não causam câncer no cérebro, aponta estudo publicado na revista Environment International. Apesar de ter sido associada a danos genéticos e câncer, os pesquisadores afirmam que não foi encontrada nenhuma evidência que comprove que a radiação de campo eletromagnético (EMF, na sigla em inglês) provinda dos telefones móveis possa desencadear o problema. No entanto, os resultados mostraram que a exposição ao EMF pode piorar o câncer cerebral, ou seja, pessoas com a doença apresentam risco de agravamento ao utilizarem o celular.
A pesquisa, realizada pelo Instituto de Saúde Global de Barcelona, na Espanha, analisou cerca de 9.000 pessoas de sete países; destas, 5.000 já tinham tumor no cérebro. A equipe ainda tentou determinar por meio de entrevistas se os participantes trabalhavam com fontes de radiação além do celular: 10% foram considerados com alta exposição e 1% com valores intermediários por causa da profissão ou de exames médicos, como raio-X. Esse foi o maior estudo do gênero até agora.
Risco de câncer
Alguns órgão de saúde têm alertado a população sobre o risco de câncer pela radiação presente nos celulares. Em 2011, por exemplo, a Agência Internacional para Pesquisa sobre o Câncer (IARC), agência intergovernamental que faz parte da Organização Mundial de Saúde (OMS), classificou o EMF como possivelmente causador de câncer em humanos. Estudos tentaram compreender as consequências do contato com o celular; alguns até mesmo conseguiram associar a exposição a outros problemas, como aborto espontâneo.
Entretanto, os cientistas não conseguiram encontrar qualquer evidência de que o câncer cerebral possa ser causado pelo dispositivo.
Aborto espontâneo
De acordo com estudo publicado no ano passado, os telefones celulares aumentam em 48% o risco de aborto espontâneo; o mesmo resultado foi encontrado diante do Wi-Fi. Os resultados indicam que mulheres grávidas que se expõem a altos níveis de radiação EMF, como dispositivos móveis, linhas de energia e torres de celular tem maiores chances de perder o bebê do que as que têm menor contato.
A pesquisa indica que os níveis mais altos trazem 24,2% de chance, enquanto valores menores apresentaram 10,4%. A explicação é simples: o campo magnético causa estresse no corpo, provocando danos genéticos que podem levar ao aborto espontâneo. Os pesquisadores ressaltaram que o risco é o mesmo para mulheres que já passaram pela perda involuntária do bebê e as que nunca apresentaram o quadro, independente do período da gestação.
As descobertas confirmam a preocupação da OMS, que já tinha recomendado a investigação dos efeitos da radiação na gravidez.
Desenvolvimento cerebral
Um estudo de 2012, publicado no periódico Nature Scientific Reports, apontou que a radiação dos celulares usados durante a gravidez pode prejudicar o desenvolvimento cerebral dos bebês, elevando o risco de problemas como hiperatividade e ansiedade, sintomas associados ao transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). A pesquisa experimental foi feita em camundongos fêmeas grávidas; os animais foram expostos a duas situações: celular ligado e no modo silencioso (recebendo ligações) e celular desligado.
Os resultados indicaram que os fetos expostos à radiação do aparelho (ligado) tinham maior probabilidade de ser hiperativos e mais ansiosos, além de ter capacidade de memória reduzida. Os pesquisadores atribuíram essas alterações comportamentais a um efeito que ocorreu durante a gravidez que afetou o desenvolvimento dos neurônios na região cerebral do córtex pré-frontal.