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Com cobertura vacinal insuficiente, casos de coqueluche crescem mais de 13 vezes no Brasil

Registros cresceram 1.253% em 2024, com mais de 4 mil casos; infecção pode ser fatal, sobretudo em bebês sem vacinação completa

Por Fernanda Bassette, da Agência Einstein
22 out 2025, 09h00

No ano passado, o Brasil registrou um aumento preocupante nos casos de coqueluche, também conhecida como “tosse comprida”, entre crianças menores de 5 anos. Dados divulgados no início de outubro pelo Observatório de Saúde na Infância (Observa Infância), da Fiocruz e da Unifase, apontam que em 2024 foram notificados 4.304 casos da doença no país, um salto de 1.253% (ou 13,5 vezes) em relação a 2023, que contabilizou 318 registros. Até agosto de 2025, já foram confirmados 1.148 diagnósticos nessa faixa etária.

Entre as hospitalizações, o documento aponta que foram registradas 1.330 internações em 2024, contra 420 em 2023 – o triplo. Até agosto deste ano já foram 577 internações. Segundo a Fiocruz, as taxas de incidência mais altas da doença em 2024 foram registradas no Paraná (443,9 casos por 100 mil crianças), no Distrito Federal (247,1) e em Santa Catarina (175,9), números muito acima da média nacional, que ficou em 95 casos por 100 mil crianças. Somente Acre, Espírito Santo e Amapá não notificaram nenhum caso.

O Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde registrou 10 óbitos por coqueluche em menores de 4 anos entre 2019 e 2023. Somente em 2024, esse número subiu para 14 mortes.

Por que isso preocupa?

A coqueluche é causada pela bactéria Bordetella pertussis e é transmitida por meio de gotículas quando a pessoa infectada tosse, espirra ou fala perto de alguém suscetível. A doença apresenta três fases: a catarral, com sintomas leves, semelhantes aos de um resfriado; a paroxística, marcada por episódios intensos de tosse, vômitos e dificuldade respiratória; e a fase de recuperação, quando as crises começam a diminuir. Sem tratamento, a doença pode levar a complicações graves e à morte, especialmente em bebês ainda sem esquema vacinal completo.

O aumento dos casos de coqueluche contrasta com a cobertura vacinal ainda insuficiente e desigual. Embora a vacinação DTP (tríplice bacteriana, que protege contra difteria, tétano e coqueluche) tenha avançado de 87,6% em 2023 para 90,2% em 2024, ainda não atingiu a meta nacional de 95%. Isso mostra que, apesar da recuperação, ainda há uma margem capaz de favorecer a circulação da doença, especialmente entre bebês mais novos.

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Para a infectologista Emy Akiyama Gouveia, do Einstein Hospital Israelita, a alta nos números reflete uma combinação de fatores: ciclos naturais da doença que ocorrem a cada três a cinco anos, falhas na vacinação, atrasos nos reforços e baixa adesão à vacina dTpa (acelular) durante a gestação.

“A coqueluche possui tratamento com uso de antibióticos e pode ser prevenida por meio das vacinas. É uma doença que preocupa, pois se não tratada pode resultar em complicações e óbitos, principalmente em bebês e crianças ainda sem esquema vacinal completo. As complicações em pessoas vacinadas são menos graves”, afirma Gouveia.

Imunização durante o pré-natal

A vacinação de gestantes é essencial para proteger os bebês nos primeiros meses de vida. “Uma dose aplicada a partir da 20ª semana de gestação confere imunidade passiva de cerca de 87% ao bebê”, ressalta a infectologista. Caso a gestante não receba a vacina nesse período, é importante que se imunize o quanto antes no período pós-parto, em no máximo 45 dias. Além disso, a vacinação de profissionais de saúde envolvidos nos cuidados do parto e de pessoas que vão conviver com o bebê também contribui para reduzir riscos.

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A vacina contra a coqueluche não confere imunidade permanente e precisa ser reaplicada, conforme o Programa Nacional de Imunizações (PNI). Para crianças, o esquema básico inclui três doses nos primeiros seis meses de vida (aos 2, 4 e 6 meses), com reforços aos 15 meses e aos 4 anos. Adultos também devem receber doses de reforço a cada 10 anos, ou durante a gestação, para proteger o recém-nascido.

Além da vacinação, medidas simples podem ajudar a prevenir a disseminação da doença. Evitar contato próximo com pessoas com sintomas respiratórios, utilizar máscara cirúrgica em situações de maior exposição, higienizar as mãos regularmente e praticar a “tosse ou espirro com etiqueta” (ou seja, utilizar um papel descartável e higienizar as mãos após tossir) são estratégias eficazes.

A conscientização dos pais sobre os sinais da doença (tosse intensa, vômito, dificuldade respiratória e, em bebês, apneia) é fundamental para buscar atendimento médico precoce. “O diagnóstico correto também é auxílio de barreira da disseminação de doenças transmissíveis entre a população, já que um doente com coqueluche sem tratamento pode transmitir a doenças para, em média, 12 a 17 pessoas”, observa Emy Gouveia.

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O Observa Infância destaca que o monitoramento e a divulgação de dados sobre doenças preveníveis por vacinação são essenciais para orientar políticas públicas e campanhas de imunização. Para os especialistas, proteger os bebês, principalmente nos primeiros meses de vida, continua sendo a prioridade. A vacina permanece como a principal ferramenta para evitar que a coqueluche volte a se tornar uma ameaça grave à saúde infantil.

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