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Com surtos na Europa e Ásia, Brasil faz alerta para riscos da coqueluche

Doença que causa crises de tosse seca é perigosa principalmente para bebês com menos de 6 meses; vacina está no calendário de crianças e gestantes

Por Paula Felix Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 18 jun 2024, 08h10 - Publicado em 18 jun 2024, 08h00
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  • Dez anos após o maior surto no Brasil, quando foram contabilizados 8.614 casos e 127 mortes, a coqueluche volta aos holofotes, desta vez por estar se alastrando na Ásia e na Europa. Mesmo com a alta ainda longe das fronteiras, médicos, hospitais e o Ministério da Saúde estão em alerta para evitar que a doença, que causa crises de tosse seca e é perigosa para bebês, volte a causar infecções.

    Neste mês, o ministério ampliou a imunização com a vacina dTpa — que protege contra difteria, tétano e coqueluche — para os profissionais de saúde que trabalham em atendimentos em ginecologia, obstetrícia e pediatria. Doulas e funcionários de berçários e creches que atendem crianças de até 4 anos também podem receber a dose.

    O alerta veio depois que o Boletim Epidemiológico da União Europeia, divulgado em maio, apontou aumento da doença em, ao menos, 17 países, somando 32.037 casos notificados entre 1 de janeiro e 31 de março de 2024. O número se aproxima dos registros realizados neste ano pelo Centro de Prevenção e Controle de Doenças da China, que contabilizou 32.380 casos e 13 óbitos.

    “A cobertura vacinal insuficiente é o principal motivo do aumento de casos da coqueluche. Tanto no Brasil quanto no resto do mundo. Além da vacinação, a imunização de contatos diretos e casos suscetíveis, o isolamento nos casos da doença que não necessitaram de internação são uma importante medida de controle de disseminação da doença”, explica Igor Mochiutti, infectologista na Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.

    Vacina contra coqueluche

    O imunizante contra a coqueluche, também conhecida como “tosse comprida”, é ofertada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) gratuitamente nos postos de saúde e é administrada com a vacina pentavalente em bebês por meio de um esquema com três doses: aos 2, 4 e 6 meses de vida. Depois, são administrados reforços com a vacina DTP aos 15 meses e aos 4 anos de idade.

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    Para as gestantes, a dTpa é indicada a partir da 20ª semana de gravidez e a dose também é ofertada para puérperas. A adesão desse grupo é importante para a proteção dos recém-nascidos, que ainda não estão aptos a receber a proteção.

    No Brasil, até o último dia 6, foram registrados 115 casos de coqueluche. No ano passado, foram 217. O último óbito pela doença foi registrado em 2020, segundo dados do Ministério da Saúde.

    Ainda de acordo com a pasta, o balanço de 2019 a 2024 aponta que 52% dos casos da doença ocorreram em crianças com menos de 1 ano. “As principais complicações são a otite, pneumonia tanto pelo agente Bordetella Pertussis quanto por outros agentes secundários e, em casos mais graves, formas neurológicas da doença como a encefalopatia da coqueluche”, diz o infectologista. Se não tratada, a infecção pode causar a morte.

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    Entenda a coqueluche

    Infecção respiratória altamente contagiosa, a coqueluche é causada pela bactéria Bordetella Pertussis e tem como principal característica a tosse incontrolável seguida de sibilo pulmonar, que faz um tipo de som agudo.

    “Classicamente, divide-se a doença em três fases: a primeira é chamada de fase catarral com sintomas respiratórios leves, geralmente coriza e tosse, associados à febre leve e mal-estar geral. A segunda fase é chamada de fase paroxística, onde há o sintoma clássico da doença, que são as crises de tosse seca de início súbito, incontrolável, rápido e curto. Após a crise, há uma inspiração profunda que pode gerar o característico guincho. A terceira fase é a fase de convalescença, apenas com tosse comum.”

    A transmissão ocorre por meio de gotículas de saliva ao falar, tossir ou espirrar. O período de incubação é de, em média, cinco a dez dias, mas pode variar entre quatro a 21 dias. Os sintomas podem durar entre seis e dez semanas, mas podem se prolongar de acordo com o quadro do paciente.

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    O diagnóstico é feito por meio de análise dos sintomas, coleta de material de nasofaringe e teste de PCR em tempo real. Os médicos podem pedir ainda raio-x de tórax e exames de sangue. O tratamento é feito com antibióticos. “Recomenda-se que casos da doença sejam afastados de suas atividades por cinco dias do início da antibioticoterapia, caso faça uso, ou até três semanas do início dos sintomas, caso não faça uso de antibióticos recomendados”, completa Mochiutti.

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