Conheça o teste não invasivo para detectar as causas de aborto
Produto é capaz de diagnosticar cerca de metade das anomalias responsáveis pela perda gestacional

O aborto é um fenômeno muito frequente. Hoje, estima-se que ele ocorra em cerca de 15% das gravidezes confirmadas, mas o número de ocorrências que passam despercebidas, antes mesmo da pessoa saber que estava grávida, é ainda maior. Para melhorar a compreensão desses casos, chegou recentemente ao Brasil o PregnancyLoss, um exame não invasivo capaz de detectar parte das causas dessas perdas.
Apenas com base em uma amostra de sangue, o teste é capaz de diagnosticar variações dos genes do feto que tenham levado ao interrompimento da gravidez. “Os abortamentos têm muitas causas e o teste é capaz de detectar cerca de 50% delas”, diz Natalia Nardelli, gerente de reprodução humana, pesquisa e desenvolvimento na Dasa. “Ele olha para as alterações cromossômicas, que são as causas mais frequentes.”
É importante notar, contudo, que uma fração das causas do aborto não podem ser verificadas com esse exame. Isso acontece porque o teste avalia condições cromossômicas do feto, mas as interrupções também podem derivar de pré-eclâmpsia ou problemas anatômicos, genéticos e imunológicos do genitor, o que não está no escopo do exame.
Como funciona o PregnancyLoss?
Curiosamente, quando uma pessoa está grávida, parte das células da placenta se desprendem e podem ser encontradas na corrente sanguínea da mãe, levando consigo o material genético do feto. Ao fazer o sequenciamento desse material é possível distinguir os cromossomos da mãe e os do conceito, possibilitando a identificação de anomalias incompatíveis com a vida.
Esse exame é muito semelhante ao NIPT, um teste pré-natal utilizado para avaliar se o feto é saudável, sem necessidade de exames invasivos. A diferença, contudo, é que o PregnancyLoss é mais focado nas causas do aborto e é mais sensível à presença de celulas da plancenta na corrente sanguínea do genitor.
Há, contudo, algumas condições. Além do teste não funcionar para gestações de gêmeos, ele deve ser realizado até 24h após o aborto e não pode ser feito em mães que passaram por transfusões de sangue ou medula recentemente.
“Esse exame é fundamental para planejamento de próximos passos do casal”, diz Nardelli. “Essa investigação vai trazer a informação de que a perda está relacionada a um problema genético e aí entra o aconselhamento genético, que ajuda a planejar estratégias para que esse casal tenha um bebê, seja fazendo uma intervenção no casal, seja partindo para uma fertilização em vitro.”
Existem alternativas?
De maneira geral, os exames para diagnosticar as causas do aborto são indicados após a 3ª perda gestacional e eles são feitos a partir de uma análise do produto da concepção, expelido após o interrompimento da gravidez.
Além dessa opção e da mais recente, da Dasa, também existe no mercado um exame não invasivo da empresa Igenomix, chamado de POC, cujo princípio é mais ou menos o mesmo da PregnancyLoss.