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Coronavírus: como é o isolamento intermitente proposto por israelenses

Recentemente, o médico Cláudio Lottenberg, cotado para substituir Mandetta, publicou um vídeo em suas redes sociais apresentando a proposta

Por Da redação
Atualizado em 15 abr 2020, 18h14 - Publicado em 15 abr 2020, 17h54

À medida que as novas infecções e mortes por coronavírus começam a diminuir em alguns países como Itália, Espanha, Israel, entre outros. O mundo começa a se perguntar como relaxar, de forma segura, o lockdown e as medidas de distanciamento social. Como em todos os outros aspectos dessa epidemia, não há um consenso muito menos uma certeza. Afinal, sempre há o risco das infecções voltarem a aumentar conforme as pessoas voltam à rotina e aumenta a socialização.

Por isso, acredita-se que será necessário intercalar períodos de lockdown ou, no mínimo, distanciamento social, com períodos de “vida normal” até a aprovação de uma vacina. O que deve demorar, no mínimo, um ano. Até lá, existem várias formas de aplicar essa solução. Uma das propostas que ganhou notoriedade nos últimos dias foi feita por pesquisadores do Instituto de Ciências Weizmann, de Israel, e é um tipo de isolamento intermitente chamado de isolamento cíclico.

Na terça-feira 14, o oftalmologista Cláudio Lottenberg, presidente do Conselho da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein e do Instituto Coalização Saúde, cotado como possível substituto do ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, publicou um vídeo em suas redes sociais apresentando a proposta.

A saída sugerida pelos pesquisadores israelenses consiste em fazer ciclos semanais de 2 dias úteis e 5 dias de lockdown ou 4 dias úteis e 10 dias de bloqueio. Nos dias úteis, a liberação é para toda a população, exceto pessoas infectadas, que devem ficar em quarentena e grupos de risco. Pode ainda ser adotada uma opção mais conservadora onde apenas trabalhadores de determinados setores voltam à vida normal no dias úteis e o trabalho remoto permanece como opção para setores que podem trabalhar em casa.

O nome “cíclico” é porque ao contrário das outras propostas de isolamento intermitente, nessa, os períodos de “vida normal” e lockdown são bem determinados e respeitar o cronograma é fundamental para o sucesso da intervenção, de acordo com os pesquisadores israelenses. A proposta teria como objetivo reduzir a taxa de infecção sem causar um impacto muito grande na economia.

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“Ele pode manter a carga de infecção baixa, permitindo uma economia sustentável, embora reduzida. Ele pode erradicar o vírus sem atingir a imunidade do rebanho, impedindo assim um grande número de mortes”, escreveu o biólogo de sistemas Uri Alon, líder do estudo, em um artigo publicado no Medium, plataforma que mistura blog com jornalismo social.

No entanto, essa é uma opção para países que adotaram o lockdown, conseguiram estabilizar o número de casos críticos diários para um valor que o sistema de saúde possa suportar e começam a voltar à vida normal. De acordo com os autores do estudo, o uso dessa estratégia após um lockdown não é muito arriscado.

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Vale ressaltar que o sucesso da intervenção demanda a manutenção de medidas epidemiológicas incluindo higiene, distanciamento físico, realização massiva de testes e rastreamento de contatos. O “contra” dessa estratégia é que demoraria mais para erradicar completamente o vírus em comparação com o bloqueio ininterrupto, de acordo com os pesquisadores. Por outro lado, “mantém-se 40% da atividade econômica. Outra vantagem desse fechamento cíclico é a existência de um cronograma previsível, com dias fixos da semana e a redução da incerteza que fica diante de bloqueios”, escreveu Alon.

Mesmo com todos os cuidados, nada garante que a adoção dessa estratégia conseguirá manter os casos de coronavírus sob controle. Como outras propostas, ela foi baseada em modelos matemáticos e cenários hipotéticos. Mas, se houver um aumento nos casos além do esperado, os autores lembram que o lockdown completo pode ser retomado ou outras estratégias podem ser adotadas.

Em entrevista à revista americana Newsweek, Stephanie Spielman, professora assistente de ciências biológicas na Universidade Rowan de Nova Jersey, nos Estados Unidos, Spielman disse que o modelo de Alon é “uma boa ideia em geral”, mas “muito simplista e muito superficial. [….] Ele faz algumas suposições fortes e não examina a robustez do modelo quando essas suposições estão incorretas”.

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Outras opões de isolamento intermitente

A opção sugerida pela Imperial College, no Reino Unido, sugere períodos periódicos de semanas de bloqueio espaçadas por uma semana ou mais de vida normal para tentar manter a taxa de infecção abaixo de um número crítico. Os bloqueios seriam acionados quando o número limite de casos fosse atingido. Entretanto, segundo os pesquisadores israelenses, essas medidas têm um alto custo econômico e a desvantagem da incerteza sobre quando um bloqueio será implementado ou levantado.

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