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Coronavírus: tudo o que você precisa saber sobre a nova infecção

O novo vírus já infectou 444 pessoas e causou 17 óbitos; veja as principais dúvidas sobre a doença que já foi confirmada em 5 países além da China

Por Giulia Vidale Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 3 fev 2021, 10h36 - Publicado em 22 jan 2020, 19h05

Um vírus desconhecido pela ciência até pouco tempo vem causando uma doença pulmonar grave em centenas de pessoas. Na China, onde surgiu o novo coronavírus, 17 pessoas morreram e 444 estão infectadas, de acordo com o balanço local mais recente. Casos da infecção já foram confirmados na Coreia do Sul, Tailândia, Japão, Estados Unidos e Taiwan.

Nesta quarta-feira (22), a Secretária Estadual de Saúde de Minas Gerais informou que um caso suspeito da doença está sendo investigado em Belo Horizonte. A paciente, uma mulher de 35 anos, esteve em Xangai e desembarcou em Belo Horizonte no último sábado (18), com sintomas respiratórios compatíveis com doença respiratória viral aguda.

Logo depois, o Ministério da Saúde se pronunciou e afirmou que o caso “não se enquadra na definição de caso suspeito da Organização Mundial da Saúde (OMS)”. Na terça-feira (21), a entidade alertou para a possibilidade do surto se espalhar para outras partes da China e para outros países.

Veja abaixo algumas das principais dúvidas sobre o novo vírus e a doença que ele causa.

O que é um coronavírus?

Os coronavírus recebem esse nome porque têm em sua membrana picos projetados que se assemelham à coroa do sol. Eles podem infectar animais e pessoas e causar doenças do trato respiratório, que vão desde o resfriado comum até condições graves como a SARS, que afetou milhares de pessoas em todo o mundo, e matou quase 800, durante um surto em 2003 e a MERS, que causou a morte de 858 dos 2.494 pacientes identificados com a infecção desde 2012.

O coronavírus identificado na China recentemente foi chamado de 2019-nCoV. Os primeiros casos da doença, uma pneumonia causada por um vírus desconhecido, foram registrados no final de dezembro. Na primeira semana de janeiro, pesquisadores chineses identificaram o patógeno por trás de uma doença misteriosa que havia adoecido 59 pessoas em Wuhan, uma cidade de 11 milhões de habitantes no centro da China: era um novo coronavírus.

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“Esse vírus é da mesma família que o coronavírus causador da epidemia de Sars e de Mers. Mas existem outros coronavírus já identificados, presentes inclusive no Brasil, que causam apenas resfriado comum. O diferente desse é que é um vírus completamente novo, que nunca havia sido identificado e, por isso, não sabemos como o organismo humano reage à ele”, diz a infectologista Mirian Dal Ben, do Hospital Sírio Libanês em São Paulo.

Quais são os sintomas da infecção?

Casos mais leves podem se parecer com gripe ou resfriado comum, dificultando a detecção. Já casos mais graves podem evoluir para pneumonia e síndrome respiratória aguda grave ou causar insuficiência renal. Os sintomas incluem febre alta, tosse, dificuldade para respirar e lesões pulmonares.

Ainda há pouca informação sobre período de incubação – o tempo entre a exposição e o início dos sintomas – e transmissibilidade Estima-se que o período de incubação seja de aproximadamente duas semanas e já se sabe que ele pode ser transmitido de pessoa para pessoa. No entanto, pouco se sabe sobre quem está em maior risco de sintomas mais graves.

Quão grave é a situação?

Ainda não se sabe. Os coronavírus podem causar desde um resfriado comum até a morte do paciente infectado. Aparentemente, o novo vírus está em algum lugar no meio do caminho entre esses dois extremos. “Quando encontramos um novo coronavírus, buscamos saber quão severos eram os sintomas, e eles são mais parecidos aos de um resfriado, o que gera preocupação, mas não são tão graves quanto os da Sars”, afirmou o professor Mark Woolhouse, da Universidade de Edimburgo, à rede britânica BBC.

Segundo a infectologista Mirian Dal Ben, a mortalidade do vírus até o momento está em cerca de 4% e é considerada alta. Pelo menos, é muito maior do que um resfriado comum causada por outros coronavírus. Entretanto, ela ressalta que como ainda estamos no início da epidemia, é difícil estabelecer a gravidade do vírus. “Quem chega ao hospital é quem tem sintomas graves. Pode ser que o que estamos vendo seja a ponta do iceberg e que a quantidade de infectados seja muito maior, mas com sintomas mais brandos”, explica a médica.

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De onde esse novo vírus surgiu?

Novos vírus surgem a todo momento. Grande parte tem origem em espécies animais, onde geralmente passam despercebidos, e por alguma razão, “pulam” para os humanos. Isso aconteceu com a Sars, que passou para os humanos a partir de um animal selvagem conhecido como civeta (ou gato-de-algália, parente do guaxinim) — que era considerado uma iguaria na região de Guangdong, na China. E com a Mers, geralmente originária de dromedários. Uma vez que é identificado o animal reservatório, como é chamado o ser vivo onde um agente infeccioso vive e se multiplica, é mais fácil lidar com isso.

No caso do novo coronavírus, ainda não se sabe de qual animal ele é proveniente. Os primeiros casos da doença foram identificados em trabalhadores do mercado público de frutos do mar em Wuhan, na China. Ainda que alguns mamíferos aquáticos possam portar o coronavírus, como a baleia-beluga, no local também são comercializados outras classes de animais selvagens vivos, como galinhas, morcegos, coelhos e cobras, que são considerado as fontes primárias mais prováveis da infecção.

Segundo especialistas, casos desse tipo costumam se originar na China devido à sua dimensão territorial, densidade populacional e do contato próximo com animais infectados.

Essa doença se alastra facilmente?

No início, os casos da infecção estavam restritos à pessoas que tinham algum tipo de associação com o mercado de peixe de Wuhan. Entretanto, conforme o tempo foi passando, novos casos foram surgindo em outras cidades chinesas e em outros países.

Por isso, acreditava-se que a transmissão era feita de animais para pessoas. Mas, recentemente, autoridades chinesas confirmaram a transmissão do vírus de uma pessoa para outra, o que aumenta o risco de propagação. A quantidade de pessoas infectadas em pouco tempo e a identificação do vírus em outros países, mostra uma facilidade de transmissão. “Por ser um vírus novo, ninguém tem imunidade contra ele e isso faz ele se espalhar mais rápido”, explica Mirian.

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De acordo com o vice-chefe da Comissão Nacional de Saúde do Reino Unido, estima-se que quase 2 200 pessoas tenham tido contato com pacientes infectados. E não foi identificado nenhum “super espalhador”, ou seja, um paciente que tenha transmitido o vírus para mais de dez pessoas, segundo informações da rede BBC.

O que está sendo feito para diminuir o risco de uma pandemia?

O governo chinês alertou que quem esconder infecções será “sempre pregado no pilar da vergonha da história”. Aeroportos ao redor do mundo, incluindo alguns nos Estados Unidos e na Austrália, estão examinando passageiros de Wuhan. Na terça-feira, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças anunciaram medidas de triagem ampliadas nos Estados Unidos. Pesquisadores estão em busca de uma vacina.

Qual é o risco de contaminação?

Ainda não se sabe. Mas, de acordo com a definição atual da OMS, só há transmissão ativa do vírus na província de Whuan. Portanto, somente pessoas que estiveram no local devem se preocupar. É claro que isso pode ser atualizado a qualquer momento. Afinal, a globalização aumentou exponencialmente o fluxo de pessoas e a transmissão pelo contato com partículas de tosse e espirro de pessoas infectadas, aumentam ainda mais o risco de disseminação da doença.

Devo me preocupar?

Sim. “Há motivo para preocupação, mas não para pânico”, segundo a infectologista Mirian Dal Ben. Com a disseminação do vírus para outros países e a circulação de pessoas, a chegada do coronavírus ao Brasil é uma ameaça possível. Mas, no momento, não há indícios de circulação desse vírus.

No Brasil, o boletim epidemiológico do Ministério da Saúde informa que não há nenhum caso suspeito, mas a pasta diz que enviou comunicado às representações da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) em portos e aeroportos para que viajantes sejam orientados a tomar medidas de precauções em viagens ao exterior e para a “revisão dos principais aeroportos de conexão provenientes da China para identificação e mensuração dos riscos”.

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O Ministério da Saúde afirma que tem realizado monitoramento diário da situação junto à OMS, que acompanha o assunto desde as primeiras notificações de casos, em 31 de dezembro de 2019. Além disso, o Governo Federal adotou ações para o monitoramento e o aprimoramento da capacidade de atuação do país diante do episódio ocorrido na China, incluindo a notificação da área de Portos, Aeroportos e Fronteiras da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa); a notificação da área de Vigilância Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA); e a notificação às Secretarias de Saúde dos Estados e Municípios, demais Secretarias do Ministério da Saúde e demais órgãos federais com base em dados oficiais.

Como se proteger?

As medidas de proteção contra o coronavírus é semelhante às de gripes e resfriados. A recomendação oficial da OMS prevê a boa higiene das mãos – limpar as mãos com freqüência usando álcool ou sabão e água; manter a “etiqueta da tosse” – cobrir a boca e o nariz com o cotovelo ou um tecido ao tossir e espirrar; evitar contato próximo com quem tem febre e tosse; procurar atendimento médico se apresentar febre, tosse e dificuldade em respirar; evitar contato desprotegido com animais vivos e superfícies em contato com animais em mercados ao ar livre com circulação de coronavírus; evitar o consumo de produtos de origem animal crua ou mal cozida; e manusear com cuidado produtos crus de origem animal.

Evitar lugares fechados e aglomerações também estão entre as recomendações de proteção. Vale ressaltar que, no Brasil, não há circulação do vírus no momento, então não há motivo para preocupação com prevenção.

Quão preocupados estão os especialistas?

Os especialistas estão atentos, mas não em pânico. Segundo eles, é tudo muito novo e poucas informações sobre o vírus e a doença estão disponíveis. De qualquer forma, profissionais de saúde de todo o mundo estão em alerta.

A Organização Mundial da Saúde ainda não recomenda restrições em viagens ou no comércio internacional em decorrência do vírus, mas tempo tem oferecido orientação a países para se prepararem. Uma eventual declaração de situação de emergência de saúde pública global pode facilitar a coordenação internacional e a arrecadação de verbas para o combate à disseminação da doença, como dar início a uma série de recomendações que devem ser seguidas pelos países afetados e seus vizinhos.

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Como as autoridades chinesas têm respondido ao surto?

Pessoas infectadas têm sido submetidas a tratamentos com isolamento a fim de minimizar o risco de alastramento da doença.
Nesta quarta-feira, Wuhan, metrópole chinesa considerada o local de origem do novo coronavírus, foi isolada. Transportes públicos, incluindo trem, metrô e balsa, estão temporariamente fechados e voos que partem da região foram cancelados.

O mercado de frutos do mar local, onde teria começado o surto, foi fechado para limpeza e desinfecção, e há operações de esterilização e ventilação de transportes públicos. A orientação em locais de risco é evitar o contato “desprotegido” com animais ou com pessoas com sintomas semelhantes aos de gripe e resfriado. Além disso, recomenda-se que carnes e ovos só sejam ingeridos depois de devidamente cozidos.

Há uma grande preocupação em torno do Ano Novo chinês, no fim de janeiro, período em que centenas de milhões de pessoas viajam. Cingapura e Hong Kong tem escaneado passageiros que chegam de avião de Wuhan, medida que autoridades dos Estados Unidos passaram a adotar desde a última sexta-feira (17) em três grandes aeroportos em São Francisco, Los Angeles e Nova York.

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