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Covid-19: azitromicina não é eficaz em doentes graves, diz novo estudo

Estudo brasileiro é o primeiro randomizado do mundo a avaliar os efeitos do antibiótico, segundo remédio mais usado no tratamento destes pacientes

Por Da Redação Atualizado em 17 dez 2020, 16h54 - Publicado em 4 set 2020, 19h31
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  • Estudo brasileiro publicado nesta sexta-feira, 4, na revista científica The Lancet, concluiu que a azitromicina não é eficaz no tratamento de pacientes internados com Covid-19 grave. A pesquisa, realizada pela Coalizão Covid-19 Brasil, é a primeira randomizada já realizada a avaliar os efeitos do uso do antibiótico, que é o segundo remédio mais usado no mundo no tratamento destes pacientes. A expectativa é que os resultados contribuam para a mudança da prática clínica adotada até o momento.

    O Coalizão II incluiu 397 pacientes que apresentavam ao menos um dos seguintes critérios de gravidade: necessidade de uso de mais de 4 litros de oxigênio por dia, uso de cânula nasal de alto fluxo, de ventilação não invasiva com pressão positiva ou de ventilação mecânica. Além disso, eram portadores de fatores de risco para agravamento da doença, como hipertensão, diabetes, doenças cardiovasculares e insuficiência renal crônica.  Cerca de 50% dos pacientes incluídos nesta pesquisa estavam em ventilação mecânica quando o estudo começou.

    Os participantes foram divididos em dois grupos: 214 pacientes receberam azitromicina mais o tratamento padrão e 183 receberam apenas o tratamento padrão, que incluía medidas de suporte hospitalar, uso de outros tratamentos como antivirais e, conforme padrão da época da realização do estudo, hidroxicloroquina.

    Os pacientes foram acompanhados durante 29 dias, mas a principal análise foi feita com base no estado clínico dos participantes 15 dias após o início dos regimes terapêuticos. O objetivo principal foi avaliar se a adição de azitromicina ao tratamento padrão poderia resultar em melhor evolução clínica dos pacientes. A avaliação considerou seis aspectos: recebimento de alta, mas manifestar sequela; estar internado, porém sem limitações; permanecer internado e continuar recebendo oxigênio; precisar de oxigênio, mas sem ventilação mecânica; fazer uso de ventilação mecânica e, por fim, ter vindo a óbito.

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    Os resultados mostraram que 15 dias após o início do tratamento o uso de azitromicina não trouxe benefícios para a recuperação dos pacientes. Também não houve diferença importante na mortalidade entre os grupos. Nos pacientes que receberam o antibiótico mais tratamento padrão (incluindo hidroxicloroquina) a taxa de óbitos após 29 dias foi de 42%. Entre o grupo controle (apenas tratamento padrão, incluindo hidroxicloroquina), foi de 40%.

    Para os pesquisadores, a elevada taxa de óbito demostra a gravidade desta população e a necessidade de pesquisas adicionais para identificação de terapias seguras e eficazes. Por fim, não houve diferença significativa no tempo médio de internação: 26 dias para os pacientes que receberam azitromicina e 18 dias nos demais. A incidência de eventos colaterais foi semelhante nos dois grupos de pacientes.

    A Coalizão Covid-19 Brasil é uma aliança para condução de pesquisas, formada pelo Hospital Israelita Albert Einstein, HCor, Hospital Sírio-Libanês, Hospital Moinhos de Vento, Hospital Alemão Oswaldo Cruz, BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, Brazilian Clinical Research Institute (BCRI) e Rede Brasileira de Pesquisa em Terapia Intensiva (BRICNet).

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