O Imperial College divulgou um estudo sobre o número de casos do novo coronavírus no Brasil nesta sexta-feira 8 com dados alarmantes e recomendou que o país, o epicentro da epidemia na América Latina, deve ter ações mais duras para evitar a propagação da doença e evitar a sobrecarga no sistema de saúde.
A estimativa é que 10% da população do estado do Amazonas e mais de 3% das pessoas nos estados do Pará, do Ceará, do Rio de Janeiro e de São Paulo já contraíram o vírus. Nos 16 estados contemplados pelo estudo a taxa de reprodução está acima de 1, o que significa que a epidemia ainda não está controlada e continuará subindo.
Outro dado que assusta é que a taxa de mortalidade por causa da Covid-19 em cada estado varia entre 0,7% e 1,2%. O resultado representaria mais de um milhão de mortes no país caso toda a população fosse infectada – considerando o cenário mais otimista.
O biólogo Atila Iamarino havia feito uma previsão que o país poderia chegar ao número. Ele escreveu em seu perfil no Twitter que havia usado a menor taxa para fazer o cálculo, o que mostra a quantidade de mortos pode ser ainda pior. “Calculei assumindo o 0,7% de fatalidade por quem pega. Com base nessa correção deles, fui muito otimista. Por mais que brasileiros sejam novos, a infraestrutura de muitas regiões é ruim”, ponderou.
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A tendência está na contramão do que acontece na Europa e na Ásia, onde o isolamento social forçado deu bons resultados e o número de reprodução. Os pesquisadores alertam: “embora a epidemia brasileira ainda seja relativamente incipiente em escala nacional, nossos resultados sugerem a necessidade de ações adicionais, como limitar a propagação para evitar o colapso do sistema de saúde”.
O estudo afirma que por causa das intervenções não farmacêuticas, como o fechamento de escolas e a diminuição da mobilidade da população, o número de reprodução do vírus caiu substancialmente em cada estado. Porém, ainda não foi suficiente para impedir o aumento da curva e proporcionar o início da volta da vida normal no Brasil.
Confira a estimativa feita pelo Imperial College em cada um dos 16 estados
Amazonas: 10,6% da população infectada (previsão de 0,8% de taxa de mortalidade)
Pará: 5% da população infectada (previsão de 0,9 de taxa de mortalidade)
Ceará: 4,4% da população infectada (previsão de 1,1% de taxa de mortalidade)
Rio de Janeiro: 3,3% da população infectada (previsão de 0,8% de taxa de mortalidade)
São Paulo: 3,3% da população infectada (previsão de 0,7% de taxa de mortalidade)
Pernambuco: 3% da população infectada (previsão de 1,1% de taxa de mortalidade)
Espírito Santo: 2,2% da população infectada (previsão de 0,9% de taxa de mortalidade)
Maranhão: 2% da população infectada (previsão de 1% de taxa de mortalidade)
Alagoas: 1,2% da população infectada (previsão de 1,1% de taxa de mortalidade)
Paraíba: 0,6% da população infectada (previsão de 1,2% de taxa de mortalidade)
Rio Grande do Norte: 0,5% da população infectada (previsão de 1,1% de taxa de mortalidade)
Bahia: 0,4% da população infectada (previsão de 1,1% de taxa de mortalidade)
Rio Grande do Sul: 0,4% da população infectada (previsão de 0,9% de taxa de mortalidade)
Paraná: 0,2% da população infectada (previsão de 0,9% de taxa de mortalidade)
Santa Catarina: 0,2% da população infectada (previsão de 0,8% de taxa de mortalidade)
Minas Gerais: 0,1% da população infectada (previsão de 1% de taxa de mortalidade)