As curvas brasileiras da Covid-19 revelam realidades que, em muitas análises, se complementam — mas também, por vezes, se contradizem. Os números nacionais, quando levadas em conta das médias móveis de casos e mortes, ainda apontam para um período de estabilidade. O país conseguiu alcançar o tão esperado platô. Mas, para entender as diferenças marcantes de um país de dimensões continentais, é necessário observar as alterações nos cenários regionais. Levantamento de VEJA mostra que, nos últimos dias, o Brasil sinaliza para uma tendência de alta, provocada pelos números de mais da metade dos estados. A maior parte deles segue em situação estável, com bons exemplos de quedas recentes.
A observação atenta aos estados é importante para evitar que a curva brasileira volte a subir. Na semana passada, acendeu-se o sinal amarelo. Entre quarta-feira, 22, e sexta-feira, 24, foram registrados os maiores números de novos casos da pandemia, com 67.860, 59.961 e 55.891, respectivamente. Na média móvel, foram 37.252 casos no dia 22 de julho; 39.332 no dia 23 de julho; e 42.434 nesta sexta-feira, 24.
Ainda é cedo para dizer se o platô dará lugar a uma nova ascensão da curva, mas essa possibilidade existe, principalmente diante da aceleração da pandemia nas regiões Sul e Centro-Oeste e do risco de uma segunda onda no Amapá, Maranhão, Ceará e Rio de Janeiro.
Considerando as 27 federações brasileiras, o levantamento mais recente de VEJA mostra que treze registraram alta nos números, se levadas em conta tanto as médias de casos quanto de mortes no último mês. A maior concentração aparece em Sul e Centro-Oeste, mas chama a atenção a alta de Rondônia e Tocantins, na Região Norte, que é a região que vinha apresentando as maiores quedas. O Rio de Janeiro, outro que indicava baixas, também apareceu entre os maiores números de casos.
Na última quinzena, são onze estados em alta e 12 estáveis — no número de casos, quatro em queda. Em mortes, nove estão subindo, doze se mantêm estáveis e seis estão em queda. Roraima estava em queda de casos na comparação com o mês anterior e, agora, aparece na subida. Por outro lado, bons exemplos de controle recente da pandemia são o Ceará e o Maranhão.
A média móvel semanal é calculada a partir da soma do número de casos e mortes nos últimos sete dias, dividida por sete, número de dias do período contabilizado – o que permite uma melhor avaliação ao anular variações diárias no registro e envio de dados pelos órgãos públicos de saúde, problema que ocorre principalmente aos finais de semana. Para identificar tendências de estabilidade, alta ou queda nos estados, foi usado o critério da Fiocruz, que se baseia em alterações de 15% nos números, para cima ou para baixo.
Avanço da Covid-19 na última quinzena:
Casos
– Em alta (11 estados): GO, MS, MT, RS, SC, PR, RO, RR, SE, BA, RJ
– Estáveis (12 estados): DF, AP, PA, AC, TO, AM, PI, PB, RN, PE, SP, MG
– Em queda (4 estados): AL, CE, MA, ES
Mortes
– Em alta (9 estados): GO, MS, RS, SC, PR, AP, RO, RR, TO
– Estáveis (12 estados): DF, MT, PA, SE, PI, BA, PB, MA, SP, ES, RJ, MG
– Em queda (6 estados): AC, AM, AL, CE, RN, PE
Confira a média móvel da pandemia da Covid-19 no Brasil, nas cinco regiões do país e em todos os Estados: