De doações de leitos a compra de máscaras: a ajuda de empresas na pandemia
A ajuda tem vindo de empresas dos mais diversos setores: esporte, bebida e eletrodomésticos, por exemplo
No caminho entre as discussões sobre os efeitos da pandemia do novo coronavírus na economia e os problemas financeiros das empresas e dos trabalhadores, a solidariedade ganha espaço. Grandes marcas destinaram recursos e até sua produção para auxiliar a sociedade no combate à doença e as ações impactam setores importantes da sociedade.
No último dia 27, o Hospital M’Boi Mirim, em São Paulo, inaugurou uma ala com 100 leitos de enfermagem para ampliar o tratamento de pacientes com Covid-19. A obra no valor de 13,5 milhões de reais só foi possível graças a um apoio da Ambev, da Gerdau e do Hospital Albert Einstein. A empresa de bebidas também destinou as suas fábricas para produzir 1,2 milhão de unidades de álcool gel e comprou 3 milhões de máscaras para distribuir em unidades de saúde.
O cuidado com médicos e enfermeiros também é a preocupação da Electrolux. A empresa realizou a doação de produtos como refrigeradores, geladeiras e eletroportáteis para que hospitais de São Paulo, Curitiba, Manaus e São Carlos, as cidades em que fabricante tem sede, pudessem armazenar alimentos, vacinas e remédios. Com o auxílio de alguns fornecedores, a Electrolux ainda consegue produzir cerca de 4 000 máscaras por semana para enviar para as unidades de saúde.
“Sentimos que deveríamos ajudar as pessoas que estivessem nas cidades que estamos estabelecidos. Conversamos e entendemos o que estavam precisando. Decidimos destinar os recursos para os profissionais de saúde. Estamos destinando o maior volume de recursos para São Paulo e Manaus, onde vemos que há mais necessidade”, explicou Valeria Balasteguim, vice-presidente de recursos humanos da empresa.
Outro foco de auxílio é em como manter a alimentação de pessoas em comunidades carentes que não podem trabalhar durante a quarentena. E o esporte está tendo um papel essencial nessa tarefa. O Banco BV decidiu apoiar projetos de dois atletas do primeiro escalão do país para conseguir levar comida para as pessoas: o bicampeão olímpico no vôlei Serginho Escadinha e o maior medalhista da história do X-Games no skate Bob Burnquist.
O líbero da seleção brasileira nas últimas quatro Olimpíadas tem um projeto em Guarulhos chamado Instituto Serginho 10 para levar esporte e educação para as crianças. Com a pandemia, o foco passou a ajudar as 100 famílias que fazem parte da iniciativa com 100 reais por mês entre abril e junho em vale alimentação. “Nesse momento em que as pessoas estão vulneráveis e com medo do que está acontecendo, é meu dever ajudar os que mais precisam”, falou o jogador.
Já Bob Burnquist ainda estava idealizando o instituto que leva seu nome para levar o skate até algumas as comunidades do Brasil. O lançamento do projeto aconteceu, em caráter emergencial, nesta quarta-feira 6, e com um objetivo diferente. “Eu posso ficar isolado, mas e as pessoas que não têm emprego? Eles não querem saber de máscara e álcool em gel, querem comida. Isso pode se tornar um problema até de segurança pública”, refletiu o skatista.
O Instituto Bob Burnquist lançou a iniciativa com ajuda a 725 famílias nas cidades São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Santos, Ribeirão Preto, Sertãozinho, Franca e Poá. Todos os lugares onde o projeto chegaria para levar o skate para a comunidade. “O skate me deu muito e quero retribuir de alguma forma para o skate. Quem tem influência na sociedade, não pode correr para o lado e dizer que não tem responsabilidade. Porque não influenciar na maneira como se comportar? É uma questão de exemplo”, ressaltou.
Se o esporte ajuda na alimentação, o setor de alimentação ajuda a ciência. A Fazenda Futuro, primeira foodtech brasileira a produzir carne de planta com gosto e textura de carne bovina, criou um fundo emergencial de 100 000 reais para arcar com o custo de bolsas de estudo para pesquisadores que estão trabalhando em vacinas para combater a Covid-19. A empresa destinou recursos que seriam utilizados para o lançamento do próximo produto para poder viabilizar o auxílio.
“Acreditamos que para construir e evoluir o mundo, precisamos de ciência e tecnologia. Na situação em que nos encontramos hoje, decidimos que era uma hora importante de apoiar quem também imagina diariamente como pode transformar o futuro. A ideia é garantir que os estudantes que dependem da bolsa consigam se sustentar e possam manter suas pesquisas em dia, sem se preocuparem com a questão financeira para desempenhar o trabalho que eles precisam desenvolver”, explicou Marcos Leta, fundador da Fazenda Futuro.