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Desigualdade racial impacta no envelhecimento da população negra

Novo estudo brasileiro mostra efeitos do racismo estrutural na forma de piores salários e nas restrições de acesso a saúde, segurança e qualidade de vida

Por Diego Alejandro
Atualizado em 1 jun 2023, 11h07 - Publicado em 1 jun 2023, 11h03

Além de sofrerem diretamente com os impactos de um racismo sistemático, que oprime, humilha e nega direitos básicos, os negros brasileiros também encaram mais desafios para envelhecer bem. 

É o que revela o estudo “Envelhecimento e Desigualdades Raciais”, feito pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) em parceria com o Itaú Viver Mais. Ele constata que a desigualdade racial compromete a longevidade e a qualidade de vida da população negra.

Recém-publicado, o trabalho foi realizado em três capitais brasileiras – São Paulo, Salvador e Porto Alegre. Foram entrevistados 1.462 pessoas, na faixa dos 50 anos ou mais, e analisados 11 indicadores que compõem o envelhecimento ativo e adequado. Desses, cinco deles se destacaram em questão de desigualdade racial, territorial e de gênero, sendo mais evidente na vida de pessoas negras. São eles: inclusão produtiva, segurança financeira, exposição à violência, acesso à saúde e inclusão digital.

Dinheiro

No tópico inclusão produtiva, que analisou subsistência e fontes de renda, a população negra obteve os piores rendimentos financeiros. Em média, em Salvador e São Paulo, as mulheres negras apresentaram situação ainda mais precária. Em algumas faixas de idade, homens negros chegam a ganhar melhor do que mulheres brancas. 

Em segurança financeira, que avalia a condição de se pagar as contas mensais, a desigualdade racial se escancara. Em todas as cidades e grupos etários, a população negra recebe menos: metade das pessoas com 50 anos ou mais consideram difícil ou muito difícil pagar as contas com sua renda mensal.

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Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) ainda mostram ainda mais o peso da diferença. A média salarial das pessoas brancas acima dos 50 anos é de R$ 3000, enquanto a maior média salarial da população negra acima dos 50 anos é R$ 1.724.

O cenário também pode explicar o acesso à internet da população negra ser menor em todas as capitais, considerando que há custos para ser introduzido e manter-se conectado à rede.

Violência e saúde

Já em matéria de exposição à violência, a desigualdade racial influencia ainda mais que a de gênero. Entre os homens negros, 21% disseram ter sido ameaçados por arma de fogo ao longo da vida, enquanto esse percentual foi de 13% entre brancos. No país, 70% das vítimas de assassinatos são negras, segundo dados de 2017 do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

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O acesso à saúde, um dos fatores mais importantes após os 50 anos, é também um dos mais desiguais. Nas três capitais o estudo identificou que homens e mulheres brancas possuem mais garantias de atendimento, assistência médica e obtenção de remédios. No caso da saúde privada, os brancos continuam sendo os mais beneficiados.

O raio-X do Cebrap corrobora a tese de que a desigualdade no acesso à saúde contribui para a maior prevalência de doenças crônicas e desfechos negativos entre a população negra brasileira.

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