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Ecnoglutida: novo medicamento surpreende com eficácia sobre a perda de peso

Remédio da mesma classe do Ozempic promete resultado prolongado, sem provocar resistência

Por Luiz Paulo Souza Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Paula Felix Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 21 jun 2025, 18h04 - Publicado em 21 jun 2025, 16h45

CHICAGO* – As canetas para o tratamento de diabetes e obesidade, conhecidas tecnicamente como agonistas do GLP-1, tem mostrado uma eficiência surpreendente. Agora, mais uma delas parece próxima de chegar à população: a ecnoglutida.

Os resultados sobre sua segurança e eficácia estão sendo apresentados na reunião anual da Sociedade Americana de Diabetes (ADA), que acontece entre os dias 20 e 23 de junho, em Chicago. E foram recebidos com surpresa. De acordo com o último estudo clínico, o medicamento é capaz de promover uma perda de 9% a 13% da massa corporal em 40 semanas. 

“Essa classe de medicamentos revolucionou o cuidado de pessoas com diabetes e obesidade”, disse Alexandre Hohl, diretor da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso) e membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM). “Aumentar a quantidade de drogas disponíveis é importante porque nenhum medicamento é 100% eficiente para todas as pessoas e isso amplia a possibilidade de mais indivíduos serem beneficiados.”

Qual o diferencial da ecnoglutida?

Para quem está atento aos dados mais recentes, os números da ecnoglutida não parecem muito surpreendentes – na verdade, eles são ligeiramente superiores ao efeito provocado pela semaglutida (Ozempic e Wegovy) e estão na mesma linha daquele observado com o uso da tirzepatida (Mounjaro). Mas o que surpreende não é o valor em 40 semanas, mas o potencial a longo prazo. 

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Isso acontece porque a droga foi pensada de maneira diferente das outras. Embora a ecnoglutida seja da mesma classe da semaglutida, agindo apenas sobre os receptores GLP-1, ela foi desenhada para ativar a via relacionada ao emagrecimento, mas para poupar uma outra, mais envolvida na resistência – talvez por isso ela seja tão eficiente quanto a tirzepatida, que age em dois alvos diferentes (GLP-1 e GIP). 

A promessa é a de que esse diferencial possibilite que o efeito no emagrecimento continue sendo observado a longo prazo – diferentemente das outras que, de maneira geral, tem sua ação limitada após um tempo de uso. E isso já começa a aparecer nos resultados, publicados neste sábado, 21, na The Lancet Diabetes & Endocrinology

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Em 40 semanas, foram testadas três doses diferentes da ecnoglutida (1,2 mg, 1,8 mg e 2,4 mg), que promoveram um emagrecimento de 9,1% (8,9 kg), 11,1% (11 kg) e 13,3% (12,8 kg). Já na avaliação de 48 semanas, o emagrecimento variou de 10% a 15% – na maior dose, três em cada dez indivíduos perderam mais de 20% do peso. 

Por enquanto ainda não é possível dizer se a ação vai mesmo continuar a longo prazo, nem se ele é superior às outras drogas disponíveis, mas os resultados foram considerados bem-vindos pelos especialistas.

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“A ecnoglutida não parece resultar numa maior incidência de eventos adversos em comparação com outros análogos, o que é promissor”, disse Tricia M-M Tan em um comentário publicado na mesma revista científica. “[Ela] representa um concorrente viável no mercado de análogos de GLP-1, e espera-se que a sua introdução ajude a aumentar a disponibilidade global destes tratamentos eficazes para a obesidade.”

Os efeitos colaterais são semelhantes aos relatados nos medicamentos utilizados atualmente no tratamento da obesidade. “Os eventos adversos ocorreram em menos de 5% dos participantes e os principais foram diarreia, perda de apetite, náusea e vômito”, relatou Linong Ji, um dos autores do estudo e membro do Hospital Popular da Universidade de Pequim, na China.

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Dos 664 voluntários que participaram do estudo, dez que estavam no grupo com uso da medicação descontinuaram o tratamento por causa dos eventos adversos.

ESTUDO - O pesquisador Linong Ji em sua apresentação no ADA
ESTUDO – O pesquisador Linong Ji em sua apresentação no ADA (Paula Felix/VEJA)

A obesidade é uma condição de saúde persistente e agravante, que já atinge mais de um bilhão de pessoas no mundo. Essa doença eleva significativamente as chances de desenvolver problemas cardíacos graves, como insuficiência cardíaca, entupimento das artérias do coração e acidentes vasculares cerebrais. Além disso, estudos mostram que pessoas com obesidade vivem, em média, 9,1 anos a menos no caso dos homens e 7,7 anos a menos no caso das mulheres.

Quais efeitos esses medicamentos têm sobre a saúde?

Diferentemente do que ocorreu com os estudos clínicos da semaglutida ou da tirzepatida, a droga mais recente foi testada apenas em pessoas com obesidade, mas não em indivíduos com diabetes – ainda assim, os pesquisadores viram que a ecnoglutida tem resultados positivos na na glicemia e na resistência à insulina, sugerindo uma possível efetividade para tratar a doença metabólica. 

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A avaliação ainda mostrou que a droga tem um efeito na redução da pressão arterial e da gordura no fígado, além de uma melhora do perfil lipídico e das enzimas hepáticas. O estudo contou com 644 participantes de 36 centros médicos chineses. 

Esses resultados estão em linha com o que tem sido observado com os outros agonistas de GLP-1, afeitos não apenas agir sobre o peso e a diabetes, mas também a melhorar o perfil metabólico geral. “Dentre outros benefícios, eles reduzem o risco de mortalidade cardiovascular e diminuem as doenças hepáticas graves”, diz Hohl.

*A repórter viajou a convite da Novo Nordisk

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