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Envelhecimento: cogumelos podem prevenir perda de memória

Segundo cientistas, pelo menos duas porções semanais do alimento podem proteger a saúde cognitiva e prevenir doenças neurodegenerativas

Por Redação
15 mar 2019, 18h25

Comer cogumelos, como shiitake, shimeji, champignon, portobello, mais de duas vezes por semana pode reduzir em 50% o risco de problemas de memória e linguagem que ocorrem naturalmente em indivíduos acima de 60 anos, sugere estudo publicado esta semana no Journal of Alzheimer’s Disease. Segundo os pesquisadores, isso ocorre porque um antioxidante único presente neste alimento poderia ter efeito protetor no cérebro. Aliás, essa proteção pode ser importante na prevenção do comprometimento cognitivo leve (CCL), condição que pode preceder doenças neurodegenerativas, como a demência.

“Há muitos fatores que contribuem para o desenvolvimento da demência e estima-se que até um terço dos casos poderiam ser evitados por mudanças no estilo de vida, incluindo dieta”, comentou James Pickett, da Alzheimer’s Society, no Reino Unido, à BBC. Os pesquisadores acreditam que nutrientes encontrados nos cogumelos comestíveis podem favorecer o crescimento de neurônios, fornecendo proteção cognitiva. Além disso, eles contêm grande quantidade de fibra, proteínas, vitaminas e minerais que podem contribuir para a saúde geral.

O estudo

Para chegar a esses resultados, os pesquisadores da Universidade Nacional de Cingapura (NUS, na sigla em inglês) acompanharam 663 participantes com 60 anos ou mais durante seis anos (2011 a 2017). Esses participantes foram orientados a  ingerir – algumas vezes por semana – 150 gramas de cogumelos cozidos, entre os quais estavam cogumelos dourados, ostra, shiitake, brancos, secos ou em conserva.

A avaliação cognitiva foi feita a partir de testes neuropsicológicos – incluindo exames de QI – para medir as habilidades cognitivas dos participantes, que também foram submetidos a entrevistas direcionada, nas quais deveriam conceder informações demográficas, histórico médico, fatores psicológicos e hábitos alimentares. Eles ainda realizaram uma série de testes que avaliaram seu funcionamento físico (incluindo aferição de peso, altura e velocidade de caminhada) e psicológico (para detectar depressão e ansiedade, por exemplo). O último teste envolvia avaliações de duas horas para analisar a saúde neuropsicológica de cada participante. Essas informações seriam utilizada para desenvolver uma escala de sintomas de demência. 

Segundo Lei Feng, principal autor do estudo, todas essas avaliações foram importantes porque indivíduos com comprometimento cognitivo leve (CCL) ainda são capazes de realizar tarefas diárias normalmente, no entanto, apresentam dificuldades cognitivas. Assim, era preciso determinar se, em testes cognitivos, o desempenho era pior, semelhante ou melhor do que pessoas da mesma idade ou com formação escolar (sem o problema).

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Poder antioxidante

Os resultados mostraram que comer mais de duas porções de cogumelo por semana pode diminuir em até 50% o risco de desenvolver CCL. Os pesquisadores concluíram que esse efeito protetor está associado a um composto presente nos cogumelos conhecido como ergothioneina. Estudo anterior, publicado na revista Biochemical and Biophysical Research Communications, já havia descoberto que essa substância tem propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. 

O ergothioneina pode ser encontrado em várias fontes alimentares, sendo os cogumelos a principal delas. Entretanto, ele não é sintetizado pelo corpo humano, o que reforça a hipótese de que ele seja o responsável por esses resultados. Parece que um ingrediente único comumente disponível pode ter um efeito dramático no declínio cognitivo”, disse Feng ao Medical News Today

De acordo com os cientistas, podem existir outras substâncias presentes nos cogumelos cujo papel exato na saúde cerebral ainda são desconhecidos, incluindo hericenonas, erinacinas, scabroninas e dictyophorinas – compostos que podem contribuir para o crescimento de células cerebrais. Para eles, esses nutrientes podem inibir a produção de beta-amiloide e tau fosforilada, duas proteínas tóxicas que podem se acumular no cérebro e desencadear o surgimento do Alzheimer e outras formas de demência, o que gera esses resultados surpreendentes. 

Apesar disso, a equipe destacou que serão necessários mais pesquisas para compreender a relação entre os cogumelos e a saúde cognitiva. No futuro, eles pretendem realizar testes para descobrir os efeitos do ergothioneina  e outros compostos derivados de plantas na saúde cerebral, focando principalmente no papel protetor que possam ter contra o declínio cognitivo.

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