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Estudo brasileiro investiga ligação entre vitamina D e sintomas de TDAH

Pesquisa identificou que fatores genéticos associados aos níveis do hormônio estão relacionados às manifestações comportamentais do transtorno

Por Ligia Moraes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 28 ago 2024, 20h25 - Publicado em 28 ago 2024, 15h53

Um estudo brasileiro, publicado na revista Nutritional Neuroscience, trouxe à tona uma nova perspectiva sobre o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). A pesquisa analisou como os genes relacionados à metabolização da vitamina D, um hormônio essencial para a saúde óssea e imunológica, podem impactar os sintomas desse transtorno, com foco especial nos seus subtipos: o TDAH com predomínio de desatenção e  TDAH hiperativo-impulsivo. 

Os pesquisadores calcularam algo chamado de “escore poligênico” para os níveis de vitamina D, que é uma medida que considera a soma das variações genéticas que influenciam a quantidade do hormônio no sangue. Essa abordagem ajuda os pesquisadores a identificar se alguma pessoa tem uma tendência genética para níveis mais altos ou mais baixos de vitamina D.

A partir daí, os pesquisadores concluíram que pessoas com menores escores poligênicos, ou seja, com predisposição genética para ter menos vitamina D, apresentaram mais sintomas de desatenção. Isso sugere que, embora o hormônio não cause diretamente a condição, os níveis de vitamina D podem estar ligados aos sintomas do transtorno através de fatores genéticos comuns” , afirma Cibele Edom Bandeira, doutora em Genética e Biologia Molecular pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e autora da pesquisa. 

Resultados variam conforme o tipo de TDAH

Os pesquisadores também constaram que a relação com a vitamina D varia conforme a variação do transtorno. Para os indivíduos com TDAH predominantemente desatento, a propensão genética para níveis mais baixos de vitamina D está associada a mais sintomas de desatenção. Em contraste, para aqueles com TDAH do tipo hiperativo-impulsivo, a propensão genética para níveis mais elevados do hormônio, significa uma exacerbação dos sintomas

“Quando analisamos as pessoas com TDAH como um todo, sem separá-las pelo subtipo da condição, não encontramos nenhuma correlação com a vitamina D. Então, são dados muito interessantes que podem nos ajudar a entender melhor as minúcias desse transtorno”, conclui Cibele. 

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O que isso significa para o tratamento do TDAH?

Resultados anteriores de outros grupos sugerem que vitamina D pode atuar como um complemento a métodos convencionais, como medicamentos e tratamentos psicológicos. Entretanto, ainda há pouca pesquisa e evidências robustas em relação ao tema. Mais estudos ainda são necessários para avaliar a completa relação entre os níveis desse hormônio e a melhora dos sintomas. Sabe-se que a deficiência de vitamina D tem diversas consequências, mas índices muito altos do hormônio também podem ser prejudicais. Portanto, conclusões sobre o tema devem ser cautelosas, mas a possibilidade de que a vitamina D tenha um papel na melhora dos sintomas de TDAH não pode ser descartada.

Os trabalhos citados neste artigo tiveram apoio financeiro da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), e foram coordenados pela Prof. Verônica Contini (Univates/RS), em colaboração com pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da Universidade de São Paulo (USP). Os autores Cibele Edom Bandeira e Fernando Godoy Pereira das Neves dividem a primeira autoria do estudo.

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