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Estudo mostra que alguns medicamentos podem aumentar o risco de demência

Nova pesquisa revela que uma classe de remédios utilizada contra depressão e Parkinson poderia estar associada à doença

Por Redação
Atualizado em 30 jul 2019, 17h28 - Publicado em 29 jul 2019, 18h36

Todo medicamento apresenta efeitos colaterais, alguns mais leves, como sonolência, e outros mais preocupantes, como amnésia temporária. Agora, pesquisadores sugerem que alguns medicamentos podem aumentar o risco de desenvolver demência.

Esse seria o caso, segundo a pesquisa, das medicações da classe anticolinérgica, comumente prescritas para tratar problemas como depressão, Parkinson, epilepsia e psicose. O estudo, publicado recentemente no JAMA Internal Medicine, sugere que esses medicamentos podem aumentar o risco de demência em 49%. 

Vale lembrar que os resultados encontrados no estudo apresentam uma correlação e não uma conexão direta entre causa e efeito. Ou seja, não é possível afirmar com absoluta certeza se, de fato, os anticolinérgicos causam demência.

Os anticolinérgicos são compostos que bloqueiam a ação da acetilcolina — um mensageiro químico usado pelo cérebro para controlar os impulsos nervosos dos neurônios que atuam nas células musculares. O remédio é recomendado para uma variedade de doenças que vão desde dor muscular até tratamento do Parkinson.

De acordo com especialistas, alguns efeitos colaterais dessa medicação incluem confusão e problemas de pensamento e memória. “Os médicos devem ter cuidado ao prescrever certos medicamentos que tenham propriedades anticolinérgicas”, alertou Tom Dening, principal autor da pesquisa, à BBC. Apesar disso, o pesquisador recomenda que nenhum paciente que esteja atualmente sob medicamentos da classe dos anticolinérgicos pare de tomá-los sem antes conversar com um médico.

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Além disso, a equipe destacou que existe a possibilidade de que os pacientes já tenham manifestados sinais precoces de demência que foram confundidos com outros problemas de saúde e por isso tenham recebido esse tipo de medicamento. “Algumas doenças, como depressão e problemas de sono, por exemplo, são sinais precoces de demência”, explicou a cardiologista Tara Narula à rede americana CBS. 

O estudo

Para chegar a essa conclusão, a equipe da Universidade de Nottingham, na Inglaterra, analisou 58.000 pacientes diagnosticados com demência e 225.000 sem a doença para fins de comparação. Durante o estudo, os cientistas avaliaram o histórico de uso de medicamentos dos participantes nos vinte anos anteriores à investigação.

A análise revelou uma forte ligação entre o uso de anticolinérgicos e o risco de demência em indivíduos acima dos 55 anos. No entanto, apenas algumas medicações específicas produziram esse efeito negativo: antidepressivos e antipsicóticos, além de remédios para epilepsia, incontinência urinária e Parkinson. 

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A equipe não identificou o risco em medicamentos para asma, problemas gastrointestinais e arritmia cardíaca, nem em relaxantes musculares — opções que também utilizam anticolinérgicos. 

Recomendações

Diante dos resultados, alguns especialistas pedem cautela no uso desses remédios, especialmente entre a população mais idosa. Segundo Tara, indivíduos mais velhos estão mais suscetíveis a efeitos colaterais desse tipo uma vez que apresentam uma barreira hematoencefálica mais permeável. Ou seja, a estrutura que protege o cérebro de substâncias químicas presentes no sangue não é mais tão forte.

Além disso, pode haver um efeito cumulativo, já que os idosos costumam tomar uma série de medicamentos para controlar os problemas de saúde. “Por causa desses riscos, os pacientes com demência não deveriam estar tomando esses remédios”, ressaltou a cardiologista.

Com bases nas novas evidências, os pesquisadores ainda sugerem que sempre que possível os médicos considerem a possibilidade de prescrever tratamentos alternativos para cuidar dos pacientes, especialmente aqueles que já estão propensos a desenvolver demência. “Os anticolinérgicos podem ter efeitos benéficos que os médicos precisam pesar cuidadosamente contra quaisquer possíveis efeitos colaterais”, concluiu Jana Voigt, da Alzheimer’s Research UK, no Reino Unido, à BBC. 

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