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Excesso de redes sociais está associado a 45% dos casos de ansiedade em jovens

Panorama da Saúde Mental aponta que 50% dos entrevistados se sentem pouco atraentes, afetando seu bem-estar emocional e aumentando risco de depressão

Por Ligia Moraes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 15 nov 2024, 14h00

O uso excessivo de redes sociais tem ligação direta com o estado de saúde mental de milhões de brasileiros. Foi o que constatou o Panorama da Saúde Mental 2024, realizado pelo Instituto Cactus em parceria com a AtlasIntel, um estudo abrangente que analisa os fatores que influenciam o bem-estar psicológico da população brasileira. Segundo o levantamento, 45% dos casos de ansiedade em jovens de 15 a 29 anos estão relacionados ao uso intensivo dessas plataformas. Com dados de diferentes regiões e faixas etárias, a pesquisa revelou que 65% dos entrevistados enfrentam dificuldades emocionais em algum grau, apontando para um impacto abrangente e preocupante.

No entanto, a preocupação com o uso de redes sociais vai além da ansiedade. Jovens que passam mais de três horas por dia em plataformas digitais têm um risco 30% maior de apresentar quadros de depressão em comparação com aqueles que fazem um uso mais moderado.

Os especialistas alertam que a dinâmica das redes, que enfatiza a exibição de momentos perfeitos e conquistas, contribui para uma distorção da realidade. Para muitos jovens, a percepção de sucesso e felicidade alheios cria uma pressão para alcançar padrões muitas vezes inatingíveis.

Autoimagem e autoestima: fatores essenciais para o bem-estar

Outro aspecto significativo do estudo é a influência do feedback digital na autoestima. Cerca de 40% dos entrevistados relataram que sua autoestima é profundamente afetada pelo número de curtidas e comentários que recebem em suas postagens. Essa dependência de validação externa é mais pronunciada entre adolescentes e jovens adultos, que ainda estão em fase de formação de identidade e são mais suscetíveis a julgamentos.

A busca constante por reconhecimento nas redes cria um ciclo que reforça comportamentos prejudiciais. Quando o feedback é positivo, ele pode proporcionar um alívio temporário, mas quando é negativo ou inexistente, a autoestima sofre um abalo considerável. Especialistas apontam que essa dependência impacta a autoconfiança e a resiliência dos jovens, comprometendo sua capacidade de lidar com críticas e desafios na vida real.

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Impactos de bullying: mais do que uma questão online

O bullying virtual, um dos desafios mais críticos da era digital, afeta 27% dos jovens brasileiros, segundo o Panorama da Saúde Mental. Os efeitos do cyberbullying são duradouros e, muitas vezes, mais severos do que o bullying presencial. Por ser constante e difícil de se escapar, essa forma de violência impacta não só a saúde mental, mas também o comportamento e o desempenho acadêmico dos jovens.

O estudo destaca que as vítimas de bullying virtual apresentam um aumento de 35% nos casos de retração social e dificuldades de interação. Esses efeitos podem levar ao isolamento que prejudica o desenvolvimento pessoal e profissional a longo prazo. Além disso, o ambiente virtual permite anonimato, facilitando a disseminação de ataques que podem ser mais intensos e difíceis de controlar.

Diferentes faixas etárias: como a saúde mental varia

A saúde mental varia de acordo com as faixas etárias, conforme apontado pelo estudo. Jovens de 15 a 24 anos registram os índices mais baixos no Índice Contínuo de Avaliação da Saúde Mental (ICASM) — uma métrica que avalia o bem-estar psicológico geral com base em múltiplas dimensões, como emoções, foco e resiliência –, refletindo uma maior vulnerabilidade às influências externas, como o uso de redes sociais e experiências de bullying. Por outro lado, adultos acima de 30 anos apresentaram índices mais altos de bem-estar, o que sugere uma resiliência maior ou uma menor dependência das pressões digitais.

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Impacto socioeconômico: desigualdades que pesam

O relatório mostrou que a condição socioeconômica também tem um papel importante na saúde mental. Os entrevistados de menor renda apresentaram ICASM mais baixos, o que reflete não só um acesso limitado a recursos de saúde mental, mas também um maior nível de estresse associado a fatores econômicos. Essas desigualdades aprofundam as dificuldades enfrentadas por grupos vulneráveis, destacando a necessidade de políticas que garantam acesso igualitário a serviços de apoio psicológico.

Recomendações e respostas necessárias

O Panorama da Saúde Mental sugere a implementação de políticas que promovam um uso mais consciente das redes sociais e integrem a educação digital nos currículos escolares. Campanhas de conscientização são apontadas como fundamentais para ajudar os jovens a desenvolver hábitos saudáveis de consumo de conteúdo online. Aproximadamente 78% dos entrevistados acreditam que a inclusão de temas relacionados à saúde mental na educação formal pode ser uma ferramenta eficaz de prevenção.

Especialistas concordam que o acesso a serviços de apoio psicológico nas escolas e comunidades pode fazer a diferença no enfrentamento dos desafios impostos pelo mundo digital. Fortalecer redes de apoio e criar espaços seguros para discussões sobre saúde mental são passos essenciais para garantir um futuro mais equilibrado e saudável para as próximas gerações.

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