Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana

Fake news e redes sociais: os grandes vilões contra a vacinação infantil

Pesquisa aponta internet, informações não confiáveis e medo de reações como principais motivos da hesitação de pais em vacinar seus filhos

Por Simone Blanes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 18 Maio 2023, 17h54 - Publicado em 18 Maio 2023, 15h39

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e o Instituto Questão de Ciência (IQC) apresentaram nesta quarta-feira, 17, as primeiras conclusões de uma enorme pesquisa sobre hesitação vacinal, fenômeno recente que consiste na insegurança dos pais em vacinar seus filhos e resulta em crianças doentes, agravamento de quadros e a volta de doenças já erradicadas no país, como o sarampo e a pólio.

Inédito no Brasil, o estudo colheu e analisou informações de cerca de mil pediatras brasileiros, a fim de compreender a percepção desses especialistas sobre a vacinação e descobrir as dúvidas mais comuns das famílias, relatadas durante os atendimentos pediátricos. Segundo os médicos, um dos fatores que mais causam a hesitação vacinal são as fake news, disseminadas principalmente por meio das redes sociais – 30,95% deram essa resposta.

Os aplicativos de mensagens como o WhatsApp (8,43%) e a internet como um todo (13,60%) também aparecem com um poder de influência superior ao da TV (3,34%) na criação de temor das famílias pelos imunizantes. “A maioria dos pediatras reconhece ou percebe que a principal fonte que coloca em dúvida o valor das vacinas são as redes sociais, um aspecto importante, já que a internet responde por uma das principais fontes da desinformação”, diz Renato Kfouri, presidente do Departamento de Imunizações da SBP e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

O levantamento também aponta que o medo de possíveis eventos adversos (19,76% e a falta de confiança nas vacinas (19,27%) são atualmente os principais motivos que levam pais e responsáveis a não vacinarem suas crianças e adolescentes. Outras razões são o “esquecimento” (17,98%); a falta de vacinas no serviço público (17,58%); e o preço das vacinas nos serviços privados (10,69%). “Há décadas as vacinas previnem ou impedem o agravamento de doenças e é isso que nós, da SBP, queremos deixar muito claro à população e aos pediatras. O médico mantém um contato bastante próximo junto às famílias. Isso o coloca num lugar privilegiado para entender as dinâmicas que têm levado o Brasil a regredir em termos de coberturas vacinais”, afirma Clóvis Francisco Constantino, presidente da SBP. “A partir da análise dessas informações trazidas pelos pediatras, nossa intenção é propor novas estratégias de enfrentamento contra a desinformação e, consequentemente, a hesitação vacinal.”

Retrocesso

Continua após a publicidade

Argumentos absurdos, sem nenhuma base científica, também chegam aos consultórios dos pediatras como motivos para não vacinar crianças e adolescentes. “Minha filha não precisa da vacina contra HPV pois ainda não iniciou a vida sexual”; “Vacina contra HPV pode gerar efeitos neurológicos graves”; e “A doença por rotavírus é leve em crianças” são algumas das frases que os pediatras escutam em atendimentos.

De acordo com 81,29% dos médicos entrevistados, a vacina contra a Covid-19 é a que mais assusta as famílias, temor potencializado pelas inúmeras fake news espalhadas pelo governo de Jair Bolsonaro, como “a vacina da Covid-19 com tecnologia RNA pode trazer riscos à saúde das crianças” (18,09%); “não aceito correr riscos, uma vez que imunizações podem causar doenças como miocardite e trombose” (16,58%); “as vacinas de RNA não são seguras a longo prazo” (13,07%); “crianças não têm Covid grave” (12,84%); e “não conheço nenhuma criança que morreu de Covid” (8,80%). As vacinas contra o vírus influenza e a febre amarela vêm em seguida, com 6,7% e 6,09%, respectivamente. “A desinformação não é uma mentira ‘inocente’, mas pode ser combatida por meio de estratégias baseadas na ciência e no melhor conhecimento atual sobre o assunto”, diz Natalia Pasternak, presidente do ICQ.

A hesitação vacinal, que no Brasil surge a partir da coordenação de movimentos antivacinas e é fruto de interesses financeiros, ideológicos ou políticos, não pode ser entendida como uma tendência natural ou espontânea. “É preciso deixar claro que as vacinas são seguras! O péssimo hábito de compartilhar informações sem verificar a procedência da fonte tem levado as pessoas, inclusive parte dos profissionais de saúde, a conclusões equivocadas”, alerta Kfouri. “O movimento antivacina vem atuando há anos para descredibilizar a importância das imunizações em todo o mundo. Para reverter esse cenário, é fundamental restaurar a cultura brasileira da vacinação. É preciso trabalhar insistentemente na conscientização da população, com o auxílio do Estado e da sociedade civil organizada, passando inclusive pela atuação da própria comunidade científica”, finaliza o infectologista.

Publicidade

Imagem do bloco

4 Colunas 2 Conteúdo para assinantes

Vejinhas Conteúdo para assinantes

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.