Governo registra primeiro caso de gripe aviária em leões-marinhos
Casos em animais da espécie também já foram reportados na Argentina, Chile, Peru e Uruguai
O Ministério da Agricultura e Pecuária confirmou nesta quarta-feira, 4, o primeiro foco de gripe aviária em leão-marinho-da-patagônia (Otaria flavescens) na Praia do Cassino, no Rio Grande do Sul. Esse é o primeiro registro da doença em mamíferos marinhos no Brasil.
Casos em animais da espécie também já foram reportados na Argentina, Chile, Peru e Uruguai. As amostras foram processadas pelo Laboratório Federal de Defesa Agropecuária em Campinas (LFDA-SP), referência na América do Sul para o diagnóstico do vírus, que confirmou tratar-se do H5N1, vírus da influenza aviária de alta patogenicidade.
Do total de focos no Brasil, 111 foram confirmados em aves silvestres, três notificados em aves de subsistência e um único — este último — em mamíferos marinhos. Até o momento, não há registros da doença em plantéis comerciais.
Também chamado de leão-marinho-do-sul, o animal encontrado não muda o status brasileiro de livre da gripe aviária perante a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA). “Apesar de as infecções humanas com vírus da influenza aviária serem raras, o Mapa solicita à população que evite se aproximar do local onde os focos foram registrados e que não toque em animais doentes ou mortos para prevenir o contágio e a disseminação da doença”, divulgou o ministério brasileiro, em nota.
Gripe aviária
O vírus influenza H5N1, causador da gripe aviária, virou um pesadelo entre diversas espécies animais. Desde outubro de 2021, foram registrados mais de 42 milhões de casos da infecção em aves. Nesse período, 15 milhões de animais domésticos morreram e outros 193 milhões tiveram de ser sacrificados.
O apelido da doença, entretanto, pode levar a enganos: ela não afeta apenas aves que vivem na natureza ou em granjas. Mamíferos também são infectados – incluindo os humanos.
De 2003 a 2023, 873 casos humanos e 458 mortes foram reportados em 21 países. Entretanto, “até onde se sabe, essa transmissão ocorre principalmente pelo contato direto com aves infectadas, vivas ou mortas”, destaca o patologista clínico Helio Magarinos Torres Filho, diretor do Richet Medicina & Diagnóstico. Ou seja, por enquanto, transmissões de pessoa para pessoa estão descartadas.
Os sintomas da gripe aviária em humanos podem variar, mas geralmente incluem febre alta, tosse, dor de garganta e dificuldade respiratória. Em casos graves, a infecção pode levar a complicações respiratórias graves e até mesmo à morte.
“A H5N1 não é uma gripe mais forte das que temos hoje, mas tem mostrado potencial de se espalhar mais rapidamente. Se a situação epidemiológica piorar, pode ser que nos próximos anos seja incorporada na vacina de gripe sazonal”, acrescenta Torres Filho.