Um novo estudo com base em dados coletados entre 1995 e 2022 apontou que um em cada três homens com mais de 15 anos está infectado com, ao menos, um tipo genital do papilomavírus humano, o HPV, vírus com potencial de causar alguns tipos de câncer. O levantamento, publicado no periódico The Lancet Global Health e divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), mostrou ainda que 21% dos jovens e adultos apresentavam infecção por tipos considerados de alto risco ou causadores de câncer.
Os pesquisadores investigaram a prevalência da infecção genital por HPV na população masculina em geral e constataram que 31% tinham infecção por algum tipo de HPV. No grupo dos tipos considerados mais perigosos, a prevalência foi de um para cada cinco pessoas do sexo masculino. A faixa etária de 25 a 29 anos atingiu o pico de casos, que se estabilizou e teve leve queda nas faixas seguintes.
O estudo apontou que o genótipo mais frequente é o 16, correspondente a 5% dos episódios, seguido do tipo 6 (4%). A prevalência do tipo 16 pode ser considerada um sinal de alerta, pois ele e o tipo 18 estão ligados a quase todos os episódios de câncer cervical, mais conhecido como câncer de colo do útero, mas também podem causar tumores de ânus, vulva, vagina, pênis e orofaringe. O câncer de colo do útero é o terceiro mais frequente entre mulheres no Brasil e, no mundo, mais de 340 mil mortes estão relacionadas a esse tumor por ano.
Em homens, o vírus pode ser assintomático, mas também desencadear o aparecimento de verrugas na região anal e genital, que aumentam a possibilidade de infectar outras pessoas, principalmente durante o ato sexual.
“Este estudo confirma quão disseminada é a infecção por HPV. Devemos continuar a procurar oportunidades para prevenir a infecção e reduzir a incidência de doenças relacionadas com o papilomavírus humano tanto em homens como em mulheres”, disse, em comunicado, Meg Doherty, diretora dos Programas Globais de HIV, Hepatite e Infecções Sexualmente Transmissíveis da OMS.
Prevenção do HPV
A melhor forma de prevenir infecções pelo HPV é com a vacinação, pois o preservativo não consegue bloquear o contato com as lesões. No Brasil, as doses estão disponíveis gratuitamente nos postos de vacinação para a proteção de meninas de 9 a 14 anos, de meninos de 11 a 14 anos e de pessoas imunossuprimidas, como pacientes transplantados ou em tratamento contra câncer e HIV, de até 45 anos.
Meninos e meninas recebem duas doses com intervalo de seis meses entre elas. Pacientes imunossuprimidos de 9 a 45 anos devem tomar três doses: a segunda com intervalo de dois meses e a terceira após seis meses. A vacina oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) é voltada para os tipos 6, 11, 16 e 18, mais frequentes e com potencial de causar tumores.
Para a população feminina, a indicação é realizar periodicamente o exame de Papanicolau, que investiga a presença de células anormais no colo do útero para que seja realizado o tratamento antes do aparecimento do câncer.
Neste ano, chegou ao país uma nova versão do imunizante que oferece 90% de proteção contra nove subtipos de HPV, sendo sete com alto risco para câncer de colo do útero (16, 18, 31, 33, 45, 52 e 58) e dois responsáveis pelas verrugas genitais (6 e 11). A vacina nonavalente está disponível na rede privada.