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Mandetta, em reunião com Bolsonaro: ‘Só saio do governo demitido ou morto’

De acordo com relatos obtidos por VEJA, ministro diz que Brasil virará Equador se governo ignorar orientações da OMS

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 7 abr 2020, 14h35 - Publicado em 7 abr 2020, 14h05
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  • Protagonista da mais recente crise política do governo, o ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta traçou um horizonte fúnebre na reunião ministerial desta segunda-feira, 6, e disse ao presidente Jair Bolsonaro que o Brasil, se não seguir à risca as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS), corre o risco de enfrentar um cenário parecido com o do Equador. Em Guayaquil, a maior cidade equatoriana, vítimas fatais da Covid-19 se aglomeram nas casas de parentes, corpos são deixados nas ruas, o sistema funerário local está em completo colapso e, com a falta de caixões suficientes, as pessoas estão sendo enterradas em grandes caixas improvisadas, feitas de papelão.

    Nesta segunda-feira, no horário reservado para a entrevista coletiva diária do governo sobre o avanço dos casos de coronavírus no Brasil, o presidente convocou uma reunião geral com todos os integrantes do primeiro escalão. Nela, além de afirmar que o Brasil poderia fazer companhia aos equatorianos em um caos funerário, Mandetta voltou a afirmar que não irá pedir demissão. Segundo relatos obtidos por VEJA, o ministro disse que só deixa o governo “demitido ou morto”.

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    O chefe da pasta da Saúde tem sido o alvo preferencial da chamada ala ideológica do governo, que tenta emplacar um nome mais alinhado a teses como a do isolamento vertical e do uso da cloroquina e da hidroxicloroquina, defendidas pelo presidente, para lidar com a pandemia do novo coronavírus. Conforme revelou VEJA, Bolsonaro ameaçou demitir o ministro, mas por ora concordou em manter o auxiliar.

    Ao relatar que pretendia resistir às pressões dos que o querem fora do Executivo federal, Luiz Henrique Mandetta citou ensinamento do pai, o também médico ortopedista Hélio Mandetta, segundo o qual “não abandona paciente em nenhuma hipótese antes da cura”, e fez uma defesa ampla de métodos científicos para lidar com a doença que já matou mais de 78.000 pessoas no mundo.

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    Após a exposição do ministro, o ministro da Casa Civil, general Braga Netto, discutiu reservadamente a permanência de Mandetta no governo e ponderou ao presidente que seria prudente prosseguir com as orientações dadas pela OMS. Segundo interlocutores ouvidor por VEJA, a atuação do general e o cenário macabro descrito por Mandetta foram decisivos para que a demissão do ministro da Saúde fosse postergada.

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