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Mire-se no homem das cavernas

Ao comparar a rotina de moradores das cidades com a de tribos primitivas, estudo conclui que exercícios físicos são bons para saúde, mas não para emagrecer

Por André Lopes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 15h54 - Publicado em 15 fev 2019, 07h00

Exercitar-se não adianta quase nada para queimar calorias. Se o objetivo for emagrecer, o caminho será comer menos. No entanto, se a ideia for levar uma vida saudável, a fórmula será, sim, apostar na malhação. Essas são as conclusões de uma pesquisa publicada pelo departamento de antropologia da Universidade Duke, nos Estados Unidos. Antropólogos, e não nutricionistas, chegaram a esse resultado. O trabalho baseou-se na comparação entre a rotina de pessoas que vivem em centenas de tribos primitivas — cujo estilo de vida lembra o que a humanidade tinha 10 000 anos atrás — e a de moradores de centros urbanos.

O intuito inicial não era contestar dietas contemporâneas, como as propostas por modelos no Instagram, e sim constatar as consequências, para o organismo, da adoção de atividades primitivas. Contudo, os resultados surpreenderam. Em aldeias como a dos hadzas — um povo nômade do norte da Tanzânia, que vive da caça e da coleta —, um homem típico gasta 2 500 calorias diárias, enquanto as mulheres queimam 1 900. Trata-se do mesmíssimo índice apresentado por adultos que habitam as cidades. Com a particularidade de que o dia a dia dos hadzas é completamente distinto do nosso. Em um único dia, um membro da tribo faz mais exercícios do que um americano médio em uma semana.

2 500 e 1 900 calorias diárias é quanto gastam, respectivamente, um homem e uma mulher do povo de Hadza, na Tanzânia, que preserva hábitos de caça e coleta de 10 000 anos atrás. A surpresa: é o mesmo que a média verificada nas metrópoles

Apesar de eliminar praticamente a mesma quantidade de calorias, o corpo de um hadza é bem diferente daquele de quem mora na metrópole. Entre os caçadores-coletores do sexo masculino, a porcentagem de gordura corporal varia em torno dos 10%; no sexo feminino, em cerca de 25%. Na civilização, tais índices só são apresentados por indivíduos extremamente ativos, como os atletas. Além disso, enquanto 18% dos urbanos sofrem com doenças metabólicas e de obesidade, entre os hadzas esse número não chega a 5%.

O corpo invejável dos tribais se deve a uma combinação de dois fatores, em nada ligados à contagem de calorias: 1) eles se alimentam de frutas, cereais e proteína de animais abatidos, não de fast-food; 2) eles encaram atividades físicas diárias. A conclusão dos antropólogos certifica outros achados recentes. Um estudo de 2009, conduzido pelas universidades Harvard e Columbia, realizado com 140 indivíduos, já sinalizara que malhar quase não queima calorias — para perder 907 gramas de gordura, seria preciso passar dois anos ininterruptos na esteira. Caloria é uma medida inventada — o crédito é do químico americano Wilbur Olin Atwater (1844-1907) —, e não se comprovou sua ligação com nosso bem­-estar. Já a atividade física é tão antiga quanto o próprio Homo sapiens.

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Publicado em VEJA de 20 de fevereiro de 2019, edição nº 2622

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