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Mpox: com alta de casos, OMS volta a declarar emergência internacional

Vírus causa surto na República Democrática do Congo impulsionado por nova variante de doença que ficou conhecida como 'varíola dos macacos'

Por Paula Felix Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 15 ago 2024, 20h07 - Publicado em 14 ago 2024, 15h06

A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou nesta quarta-feira, 14, o retorno da Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (PHEIC, na sigla em inglês) para a mpox, zoonose viral que ficou conhecida como varíola dos macacosmonkeypox. O mais alto status dado pela entidade para uma doença em circulação no mundo voltou a operar por causa do aumento de casos da infecção que tem sido rapidamente disseminada na República Democrática do Congo e outros quatro países africanos após o surgimento de uma nova variante.

A emergência global pela doença, que causa erupções na pele e pode matar, foi declarada pela primeira vez em 2022encerrada em maio do ano passado, quando o surto foi contido e o vírus demonstrou que não estava levando a mudanças nos sintomas nem na gravidade dos casos.

A sugestão de encerrar a emergência foi apresentada pelo Comitê de Emergência do Regulamento Sanitário Internacional (RSI) ao diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, durante uma reunião onde dados sobre a doença e informações sobre a nova cepa foram apresentados.

No surto em curso desde o início deste ano na República Democrática do Congo, foram registrados mais de 14.000 casos e 524 mortes pela infecção. Segundo a OMS, foram detectados 90 casos do subtipo 1b do vírus em quatro países vizinhos que não tinham relatos da doença: Burundi, Quênia, Ruanda e Uganda.

Em discurso de abertura, Ghebreyesus descreveu a situação: “Mas não estamos lidando com um surto de um clado. Estamos lidando com vários surtos de diferentes clados em diferentes países, com diferentes modos de transmissão e diferentes níveis de risco”.

Situação da mpox no Brasil

No Brasil, a situação da propagação da doença é acompanhada e, nesta terça-feira, 13, foi realizado um evento focado em medidas a serem adotadas em um possível aumento no casos no país.

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“Estamos trabalhando com o princípio da precaução e atentos caso haja alguma alteração no cenário do Brasil”, disse, em nota, Márcio Garcia, diretor do Departamento de Emergências em Saúde Pública (Demsp).

Segundo o Ministério da Saúde, foram registrados 709 casos da doença no país neste ano. No pico da doença, foram mais de 10.000. Desde 2022, foram registrados 16 óbitos — o último em abril do ano passado.

Entenda a mpox

Descoberta em 1958, a mpox chegou a ser chamada de varíola dos macacos por ter sido observada pela primeira vez em primatas utilizados em pesquisa. Ela circula principalmente entre roedores, e humanos podem se infectar com o consumo da carne, contato com animais mortos ou ferimentos causados por eles.

Entre os sintomas, febre, dor de cabeça, dores musculares, dores nas costas, linfonodos inchados, calafrios e exaustão. A erupção cutânea começa geralmente no rosto e, depois, se espalha para outras partes do corpo, principalmente as mãos e os pés. A doença é endêmica em países da África central e ocidental, como República Democrática do Congo e Nigéria.

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Análises preliminares sobre os primeiros casos do surto na Europa e na América do Norte que ocorreram em 2022 demonstraram que o vírus foi detectado por serviços de cuidados primários ou de saúde sexual e os principais pacientes eram homens que fazem sexo com homens. A OMS alertou que esta não é uma doença que afeta grupos específicos e que qualquer pessoa pode contraí-la se tiver contato próximo com alguém infectado.

Emergência internacional

A Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional é uma das medidas previstas pelo Regulamento Sanitário Internacional (RSI), estabelecido em 2005, que tem como foco “ajudar a comunidade internacional a prevenir e responder a graves riscos de saúde pública que têm o potencial de atravessar fronteiras e ameaçar pessoas em todo o mundo”. Com a declaração, as ações dos países passam a ser coordenadas para evitar que a doença se espalhe ainda mais e cause impactos para as populações e sistemas de saúde.

Até o momento, a emergência foi declarada sete vezes: na pandemia de gripe H1N1 (2009), nos surtos de Ebola (na África Ocidental 2013-2015 e na República Democrática do Congo 2018-2020), poliomielite (2014), Zika vírus (2016), Covid-19 (2020) e mpox (2022).

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