Nivea é acusada de racismo por propaganda polêmica na África
Entenda o caso que envolveu recentemente a gigante da indústria na África em polêmicas nas redes sociais. A empresa responde
Com a ex-miss Nigéria, Omowunmi Akinnifesi, como garota propaganda, a marca de cosméticos Nivea lançou uma campanha publicitária em países africanos que gerou polêmica nas redes sociais.
No comercial, a pele da modelo negra se torna mais clara após a aplicação do creme hidratante em questão, “Natural Fairness” (clareza natural, em inglês). Já nos outdoors, há os dizeres “para uma pele visivelmente mais clara“.
A propaganda foi divulgada na Nigéria, no Senegal, em Gana e em Camarões.
Críticas
No Twitter, mulheres mencionaram a empresa dizendo que “esse não é o jeito certo de fazer propaganda na África” e “não queremos pele mais clara”. A modelo e ativista Munroe Bergdorf, que recentemente foi demitida de campanhas da L’Oreal depois de criticar o racismo nos Estados Unidos, segundo informações da BBC Brasil, também foi uma das pessoas que criticaram a propaganda da Nivea.
Em sua conta do Instagram, a modelo disse que “não é ok perpetuar a noção de que pele mais clara é mais bonita” e que “é inaceitável lucrar fazendo com que as pessoas odeiem a si mesmas”. Além disso, Munroe ressaltou o perigo do uso de produtos branqueadores para a saúde e outras questões éticas, como a desvalorização da pele negra. “Nos homenageiem em vez de pedir que aceitemos ideais racistas e inatingíveis”, escreveu.
Branqueamento
Apesar da polêmica, a preocupação acerca dos produtos e cremes branqueadores nos países africanos não é recente. Um estudo da Universidade de Cidade do Cabo, na África do Sul, estima que uma em cada três mulheres algum produto com esse efeito no país. Ainda, outra pesquisa da Organização Mundial de Saúde mostrou que 77% das nigerianas utilizam clareadores regularmente. No entanto, de acordo com os especialistas, esses clareadores podem implicar em efeitos colaterais graves, como câncer e hiperpigmentação.
A resposta da empresa
A Nivea já havia sido criticada no início do ano por uma propaganda de desodorante no Oriente Médio em que se via escrito “branco é pureza”.
A Beiersdorf, empresa dona da marca, emitiu um comunicado dizendo que reconhece as preocupações levantadas e que a intenção nunca foi ofender os consumidores:
“A Beiersdorf é uma empresa global, que oferece uma grande variedade de produtos que têm como finalidade abordar as diferentes necessidades de cada tipo de pele dos seus consumidores ao redor do mundo. Tendo conhecimento do direito de cada consumidor em escolher um produto de acordo com sua preferência, a empresa oferece diversas alternativas de produtos de alta qualidade para cuidados com a pele“.