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Novo medicamento mostra eficácia rápida contra depressão pós-parto, aponta estudo

Zuranolona, já aprovada nos EUA, reduziu de forma significativa os sintomas em duas semanas de tratamento, com melhora perceptível a partir do terceiro dia

Por Fernanda Bassette, da Agência Einstein
8 set 2025, 10h00

A chegada de um bebê costuma ser um momento de alegria, mas, para muitas mulheres, o período do pós-parto pode ser marcado por fragilidade emocional, insegurança e tristeza profunda. A chamada depressão pós-parto, que afeta De, segundo estimativas da Fiocruz, vai muito além do cansaço ou da adaptação à nova rotina: trata-se de uma condição de saúde mental séria, que pode comprometer o vínculo com o bebê, a qualidade de vida da mulher e até mesmo o equilíbrio familiar.

Por isso, encontrar formas de tratar essas mulheres de maneira segura e eficaz tem sido objetivo de muitos pesquisadores. Agora, um estudo clínico publicado no JAMA Psychiatry trouxe esperança para essas mulheres – os pesquisadores avaliaram a eficácia da zuranolona, um medicamento oral aprovado há dois anos pelo FDA (agência norte-americana reguladora de medicamentos) e observaram resultados promissores: em apenas duas semanas de tratamento, houve redução significativa dos sintomas depressivos, com melhora percebida já no terceiro dia de uso.

A pesquisa foi conduzida com 151 mulheres entre 18 e 45 anos, diagnosticadas com episódios depressivos severos iniciados no final da gestação ou até quatro semanas após o parto. Todas apresentavam altos escores na escala de avaliação de depressão, indicando quadros graves.

As participantes foram divididas em dois grupos: um recebeu zuranolona (30 mg por dia, durante 14 dias) e o outro, placebo. O grupo tratado com o medicamento apresentou uma queda média de 17,8 pontos na escala de depressão, contra 13,6 pontos no grupo placebo, diferença considerada clinicamente relevante. Os efeitos se mantiveram mesmo após o término do tratamento, até o 45º dia de acompanhamento.

Além da melhora dos sintomas depressivos, o estudo também mostrou melhora nos índices de ansiedade, um sinal promissor de que o medicamento pode ajudar as mulheres a controlar a depressão e a recuperar o bem-estar necessário para cuidar de si e de seus bebês.

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Segundo a ginecologista e obstetra Ana Paula Beck, do Einstein Hospital Israelita, a depressão pós-parto é uma das complicações mais comuns do período perinatal, mas ainda é bastante subdiagnosticada. Os sintomas podem surgir durante a gestação ou até um ano após o parto e incluem humor deprimido, fadiga, alterações no sono e no apetite, ansiedade e sentimento de culpa. “É importante diferenciar a depressão pós-parto do ‘baby blues’, que é mais leve, transitório e costuma se resolver sozinho em até 10 dias”, explicou a médica. Segundo ela, entre as mulheres que apresentam algum grau de depressão pós-parto, cerca de 7% preenchem critérios para depressão maior. O estigma, no entanto, ainda impede o diagnóstico precoce em quase metade dos casos.

Mecanismo de ação diferente

Um dos pontos que torna a zuranolona especialmente interessante é o seu mecanismo de ação. Enquanto os antidepressivos tradicionais (como os inibidores seletivos da recaptação de serotonina) costumam levar de duas a quatro semanas para começar a agir, a zuranolona atua como moduladora dos receptores GABA tipo A. Esse mecanismo está relacionado ao equilíbrio químico cerebral e à regulação do humor, e tem sido investigado como uma via alternativa e promissora no tratamento de transtornos depressivos.

“A zuranolona é um neuroesteroide sintético que promove regulação rápida da atividade cerebral por meio do sistema GABAérgico. Isso é diferente dos inibidores da recaptação da serotonina, que atuam modulando a serotonina e exigem tratamento contínuo, muitas vezes por meses ou anos. Essa diferença abre caminho para uma resposta clínica mais veloz e com regime de curta duração”, disse a médica.

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No Brasil, a zuranolona ainda não está disponível. Enquanto isso, o tratamento segue baseado em antidepressivos convencionais e psicoterapia. “A sertralina é a medicação de primeira escolha, porque tem um perfil de segurança robusto, baixa passagem para o leite materno e muitos anos de uso no pós-parto. Outras opções são citalopram, escitalopram e fluoxetina, mas esta última apresenta maiores riscos de efeitos adversos no bebê”, disse Beck. Além disso, a psicoterapia também costuma ser eficaz.

Novo medicamento e a amamentação

Uma das preocupações levantadas no estudo foi a necessidade de suspender a amamentação durante o uso da zuranolona, já que ainda não há dados suficientes sobre sua segurança no leite materno. No entanto, a obstetra do Einstein reforça que a prioridade deve ser o cuidado com a saúde mental da mãe. “A amamentação é sempre um desafio adicional no puerpério, e a própria depressão pode ser causa de interrupção. O mais importante é iniciar o tratamento adequado, oferecer suporte e, sempre que possível, dar condições para que a paciente consiga manter o aleitamento”, destacou.

Para ela, o aspecto mais importante da zuranolona é a velocidade de resposta, já que, no contexto da depressão pós-parto, cada dia importa. A obstetra ressalta ainda a importância de ampliar o arsenal terapêutico disponível: “Ter uma nova medicação que possa abreviar os sintomas da depressão pós-parto é um avanço enorme. Reestabelecer o vínculo mãe-bebê de forma rápida fortalece não apenas a saúde mental da mãe, mas também o desenvolvimento da criança”, conclui a médica.

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