Um levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM) divulgado nesta terça-feira, 15, aponta que o Brasil teve um aumento no número de médicos por mil habitantes no período de 2010 a 2024, mas a distribuição pelo país ainda é um gargalo e os profissionais se concentram principalmente na região Sudeste. Segundo a entidade, a quantidade de profissionais mais que dobrou em 13 estados e nenhum estado apresentou queda no período.
Esta é a primeira vez que a entidade calcula a curva de crescimento da razão médicos por grupo de mil habitantes por estado, o que revelou que os profissionais estão alocados em capitais e regiões mais privilegiadas economicamente, caso do Sudeste, que conta com 3,76 médicos por mil habitantes e 51% do total de médicos, embora abrigue 41% da população brasileira.
No outro extremo, está a região Norte. Segundo o balanço, ficou abaixo da média nacional, que é de 3,07, com 1,73 médicos por mil habitantes, representando 4,8% dos profissionais para fazer o atendimento de 8,6% da população.
A região Nordeste, que concentra quase 27% da população, tem 2,22 médicos por mil habitantes, enquanto o Sul, com 15% da população, apresentou razão de 3,27 médicos por mil habitantes. O Centro-Oeste, que concentra 8% da população, tem uma razão de 3,39 médicos por mil habitantes.
Ampliação do acesso aos profissionais
Presidente do CFM, José Hiran Gallo afirmou que os dados do levantamento mostram a necessidade de políticas públicas para que a população tenha mais acesso aos profissionais.
“É imprescindível o desenvolvimento de uma política de recursos humanos robusta para a assistência ao SUS, enfatizando a criação de atrativos aos profissionais para sua fixação em regiões com maior dificuldade de provimento”, disse, em nota.
Como exemplos, cita incentivos à atuação em regiões carentes, investimentos em infraestrutura de saúde e programas de formação de profissionais com foco nas necessidades específicas de cada região para fixar médicos em áreas distantes.
Desde 2013, o Brasil conta com o Programa Mais Médicos, iniciativa do Governo Federal, que tem como objetivo levar médicos a regiões com ausência ou escassez desses profissionais. Segundo balanço do Ministério da Saúde divulgado no mês passado, mais de 25 mil profissionais atuavam no programa.