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O drama da mulher que sofreu um ataque cardíaco durante a gravidez

"Pensei que seria o tipo de grávida que teria uma barriga fofa e trabalharia até o dia do meu parto. Não foi o que aconteceu"

Por Redação
21 fev 2019, 17h04

A gravidez pode ser um momento muito especial na vida da mulher. Apesar disso, em alguns casos, a gestação pode ser de risco e exige cuidados especiais. No entanto, existem condições que, por serem raras, são pouco conhecidas das futuras mamães, o que coloca em risco a saúde dela e do bebê. Esse foi o caso de Eliz Greene, que durante uma gestação de gêmeos, sofreu um ataque cardíaco aos 35 anos. O problema foi provocado por uma dissecção espontânea, uma complicação rara da gestação na qual acontece um bloqueio em uma das artérias coronárias (vasos responsáveis por transportar o oxigênio até o coração). Quando isso acontece, o sangue é forçado a fluir entre as camadas que separam essas artérias.

“Eu pensei que seria o tipo de grávida que teria uma barriga fofa e trabalharia até o dia do meu parto. Não foi o que aconteceu”, comentou Eliz, agora com 53 anos, à Fox News. O drama da americana começou um mês antes do parto quando ela precisou ser internada no hospital porque entrou em trabalho de parto prematuramente. Ao longo da internação, ela foi obrigada a comer deitada, o que causava muita azia. Além disso, ela só podia levantar para ir ao banheiro ou tomar banho se não estivesse sentindo muitas contrações. 

Em um dos momentos em que foi autorizada a tomar banho, Eliz começou a sentir queimações no peito – sintoma inicial de um ataque cardíaco -, que confundiu com a azia que vinha sentido. No entanto, as dores se tornaram mais fortes e ela começou a vomitar. “Era diferente de qualquer vômito que eu já tive. Isso foi uma pista de que algo estava realmente errado. Liguei para uma enfermeira me ajudar”, contou. 

Atendimento rápido

A partir daí, a rapidez na sequência eventos pode ser considerada um dos motivos pelos quais Eliz sobreviveu. Para sorte dela, sua obstetra, responsável por atender casos de gravidez de alto risco, estava checando pacientes há alguns metros de distância quando as enfermeiras foram atendê-la. “Ela [obstetra] começou a me fazer muitas perguntas, incluindo ‘alguém teve um ataque cardíaco inicial em sua família?’ Lembro-me de pensar que ela era louca”, revelou. No entanto, 11 minutos após acionar a enfermeira, o coração de Eliz parou. A equipe que cuidava do seu caso teve que fazer ressuscitação (massagem cardíaca) e utilizar equipamento médico manual para mantê-la respirando. 

Enquanto isso, outro evento de sorte permitiu que seu atendimento acontecesse rapidamente: uma equipe inteira de cardiologistas estava no hospital apesar de ser um domingo de manhã. Segundo Eliz, o grupo já estava à caminho do quarto antes mesmo de seu coração parar. A chegada dos especialistas culminou no uso do desfibrilador (equipamento que disparar correntes elétricas pelo corpo do paciente para ressuscitá-lo). Ao ser trazida de volta à vida, a futura mamãe passou por uma bateria de exames para diagnosticar o problema, inclusive um cateterismo cardíaco, procedimento em que um cateter é inserido nas veias do corpo (geralmente pernas ou braços) e guiado até o coração.

Depois de ser diagnosticada com dissecção espontânea, a equipe optou por uma cesariana emergencial antes de realizar uma cirurgia cardíaca (bypass coronário) que permitia ao sangue contornar a seção obstruída da artéria coronária.

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Surpresa do diagnóstico

Para Eliz, apresentar um problema cardíaco precoce foi uma surpresa, especialmente porque não havia histórico familiar. “Eu estava muito saudável; na verdade, antes de engravidar, eu era coreógrafa e professora de dança, então estava em ótima forma. E isso foi o que me permitiu sobreviver e me recuperar completamente”, disse.  

Apesar disso, depois do episódio, ela se tornou vigilante em relação à própria saúde e ajustou sua rotina para evitar um segundo ataque cardíaco. Hoje, 18 anos depois, Liz se atenta ao controle dos níveis de colesterol, que na menopausa – período que agora vive – podem se elevar e colocar em risco sua saúde. “Eu faço exercícios, mantenho uma dieta saudável e converso muito com meu médico. Eu falo sobre tudo o que estou tomando, seja remédio ou suplemento de venda livre. É preciso dizer ao médico o que está acontecendo ou ele não vai saber”, contou. 

Na luta por manter-se saudável, ela ainda conta com o apoio das filhas gêmeas e também busca conscientizar mulheres que, como ela, estavam ocupadas demais para prestarem atenção à saúde cardíaca.

Ataque cardíaco precoce

Ainda que o problema cardíaco precoce de Eliz tenha sido causado por uma condição rara relacionada à gravidez, mulheres jovens estão cada vez mais propensas a sofrerem ataques cardíacos, de acordo com um estudo publicado recentemente na revista Circulation. Os pesquisadores chegaram a esta conclusão depois de analisar o prontuário médico de 300.000 pessoas (homens e mulheres) com idades entre 35 e 74 anos que foram hospitalizadas por ataque cardíaco entre 1995 e 2014.

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Entre os pacientes considerados jovens (35 a 54 anos), o número de casos de ataque cardíaco subiu de 27% ( de 1995 a 1999) para 32% (entre 2010 e 2014). Segundo a equipe, esse aumento foi impulsionado por pacientes do sexo feminino: ao longo da análise, o registro de internações de mulheres jovens subiu de 21% para 31%. No caso dos homens, esse aumento foi de 30% para 33%. Ainda que a porcentagem masculina seja mais alta, o crescimento foi maior do lado feminino: 10% em 20 anos, enquanto para homens foi de apenas 3%.

Além disso, estudos anteriores já haviam indicado que o índice de câncer de pulmão também estão mais elevados em mulheres jovens. Outros problemas que vêm crescendo entre essa população estão diabetes tipo 2, suicídio e depressão. “Em comparação com as gerações mais jovens anteriores, as mulheres estão menos saudáveis. Ou seja, [esse aumento] é provavelmente reflexo de uma piora na saúde em geral”, disse Melissa Caughey, da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, à revista TimeOs resultados ainda revelaram que essas pacientes estavam mais propensas a apresentar histórico de pressão alta, diabetes, doença renal e acidente vascular cerebral (AVC) se comparadas aos homens. 

Causas

Para os cientistas, o problema pode estar ligado ao aumento da obesidade e do stress, além da falta de atividade física. A dificuldade em reconhecer os sintomas de ataque cardíaco também é outra causa do aumento já que, nas mulheres, a doença pode apresentar sintomas aparentemente não relacionados, como náusea, indigestão, dor de estômago, falta de ar e dor no maxilar, pescoço e ombros.

“Algumas pessoas esperam que o ataque cardíaco seja como nos filmes: a pessoa vai agarrar o peito, deitar no chão e se sentir horrível. Mas para algumas pessoas, é muito mais sutil do que isso”, alertou Harmony Reynolds, do Centro de Pesquisa Cardiovascular Feminina Sara Ross Soter, nos Estados Unidos, à CNN

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