Um estudo da New York University Grossman School of Medicine, publicado no Journal of Neuroscience. mostra que a corrida aumenta os níveis de uma substância química envolvida no crescimento das células cerebrais, que reforça a liberação do hormônio dopamina, responsável pelo “sentir-se bem”.
Segundo a pesquisa, camundongos que correram em uma roda por 30 dias tiveram um aumento de 40% na liberação de dopamina no stratium dorsal, a parte do cérebro envolvida no movimento, comparados aos animais que não fizeram o exercício. Os corredores também apresentaram um aumento de quase 60% nos níveis de BDNF fator neurotrófico derivado do cérebro desencadeador da dopamina, em comparação com os não corredores. Notavelmente, o aumento na liberação de dopamina permaneceu elevado mesmo após uma semana de descanso.
“Nossas descobertas sugerem que o BDNF desempenha um papel fundamental nas mudanças duradouras que ocorrem no cérebro como resultado da corrida”, diz Guendalina Bastioli, neurobióloga e principal autora do estudo. “Esses resultados não apenas ajudam a explicar porque o exercício faz você se mover, pensar e se sentir melhor, mas também mostram que esses benefícios continuam mesmo se você não se exercitar todos os dias”, acrescenta a pesquisadora pós-doutorando do Departamento de Neurociência da NYU.
Não é de hoje que especialistas entendem que a corrida regular aumenta a atividade da dopamina no cérebro e pode proteger as células nervosas de danos. Pesquisas anteriores vincularam os aumentos impulsionados pelo exercício no químico desencadeador da dopamina para melhorias de aprendizado e na memória. No entanto, a maneira precisa como esses três fatores interagem até agora permanecia incerta.
Embora os pesquisadores tenham medido anteriormente a atividade da dopamina durante a corrida, a investigação fornece informações sobre o comportamento de longo prazo do hormônio e seus efeitos no cérebro bem como após o término do exercício. Para a análise, os cientistas forneceram a dezenas de camundongos machos acesso ilimitado a uma roda que girava livremente ou a uma roda travada que não podia se mover. Após um mês, a equipe mediu a liberação de dopamina e os níveis de BDNF em fatias do cérebro. Eles repetiram esse mesmo processo em um novo grupo de roedores, alguns dos quais foram geneticamente modificados para produzir metade do BDNF que os camundongos normais.
Os autores do estudo observaram também que pacientes com doença de Parkinson e outros distúrbios do movimento, por exemplo, são frequentemente tratados com drogas que imitam os efeitos da dopamina nos neurônios motores. No entanto, o mecanismo por trás do papel do hormônio neste benefício protetor do exercício não foi completamente explorado. “Nossos resultados nos ajudam a entender porque o exercício alivia os sintomas da doença de Parkinson, bem como os de distúrbios neuropsiquiátricos, como a depressão”, diz a neurocientista Margaret Rice. “Agora que sabemos porque a atividade física ajuda, podemos explorá-la como meio de aumentar ou até substituir o uso de drogas que aumentam a dopamina nesses pacientes”.
Rice, professora dos Departamentos de Neurocirurgia e Neurociência e Fisiologia da NYU Langone, adverte, porém, que embora as descobertas preliminares em roedores tenham sido promissoras, estudos futuros em humanos serão necessários para entender completamente o papel do BDNF e da dopamina na doença de Parkinson. “O próximo passo é investigar a relação entre o exercício e esses produtos químicos em camundongos fêmeas, que correm com mais frequência do que os machos. Além disso, pretendemos examinar diretamente se os camundongos ativos realmente melhoraram as habilidades motoras em comparação com aqueles com atividade física limitada”, conclui.