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O que é a vaporização vaginal, prática de saúde cada vez mais comum

Adeptas, como a atriz americana Gwyneth Paltrow, afirmam que o vapor tonifica a região genital. Alguns especialistas discordam

Por Da Redação
Atualizado em 27 ago 2018, 18h28 - Publicado em 27 ago 2018, 16h11

Você já ouviu falar da vaporização vaginal? A prática, que tem ganhado adeptas ao redor do mundo, é um ‘banho de vapor’ feito com água quente misturada com ervas aromáticas. A vaporização ficou especialmente conhecida depois que a atriz americana Gwyneth Paltrow a divulgou em seu site sobre estilo de vida; no entanto, em algumas culturas como a sul-coreana e nigeriana, os banhos de vapor já eram bastante comuns.

Apesar de muitas mulheres terem notado melhorias na saúde, especialistas afirmam que ainda não há evidências científicas que corroborem esses benefícios. Para a ciência, a sensação provocada pela vaporização está relacionada ao efeito placebo, ou seja, a atividade apresenta resultados por exercer efeitos psicológicos uma vez que as adeptas acreditam que funciona.

O placebo, que pode ser medicamento ou terapia sem efeitos terapêuticos, é muito usado em estudos científicos para avaliar a eficácia de possíveis tratamentos.

Banho de vapor: riscos

Acredita-se que a prática – que consiste em sentar sobre um recipiente com a mistura de ervas aromáticas em água quente – permite que a região genital receba um banho de vapor, o qual seria capaz de tonificar a vagina, limpar o útero e reequilibrar os hormônios. Pelo menos é o que garantem as usuárias.

Apesar disso, alguns pesquisadores refutam esses benefícios e dizem que, em alguns casos, a vaporização pode fazer mal. “Eu não consigo pensar em nenhuma circunstância em que inserir água em qualquer estado na vagina seja positivo, porque ela simplesmente leva tudo embora – incluindo as boas bactérias”, disse Ronnie Lamont, do Royal College de Obstetras e Ginecologistas, à BBC. Essas bactérias boas são naturais ao corpo e essenciais para o bom funcionamento do sistema genital feminino.

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Outro risco é o aquecimento da vagina. Quando a temperatura normal (37ºC) é elevada, isso pode aumentar a proliferação de bactérias maléficas e de fungos, como os causadores da candidíase genital, que causa coceira, vermelhidão e inchaço nos órgãos sexuais.

As partes que precisam ser limpas são as que ficam do lado de fora (vulva e lábios). A higienização deve ser feita preferencialmente com água e sabonete neutro. As partes internas, como a vagina (parte que liga o útero com o exterior), não necessitam de limpeza. “A vagina e o útero se mantém limpos sozinhos”, esclareceu Suzy Elneil, especialista de uroginecologia do University College, no Reino Unido.

Efeitos não comprovados

Outra crítica às ‘propriedades desintoxicantes’ está relacionada ao reequilíbrio hormonal. Segundo especialistas, ainda que existam substâncias capazes de afetar a produção de hormônios, elas não são absorvidas pelas paredes vaginais no contato com o vapor. O efeito tonificador da vagina também é alvo de dúvidas. “A tonificação vem dos músculos”, esclareceu Virginia Beckett, do Royal College de Obstetras e Ginecologistas, à BBC.

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Apesar de ser amplamente usada em países como Estados Unidos e Inglaterra, a técnica não é aprovada pelas agências de saúde locais que regulam este tipo de terapia. Mesmo sem aprovação, os banhos de vapor estão disponíveis em spas ou em kits caseiros vendidos em lojas especializadas, como no caso do Brasil, onde custam a partir de 10 reais. No Reino Unido a sessão em spa é oferecida por cerca de 35 libras (185 reais), já nos Estados Unidos, a faixa de preço gira em torno dos 50 dólares (200 reais).

Enquanto a ciência não atesta os benefícios, a técnica continua sendo usada apenas com efeito placebo. “Se for só um placebo e funciona, por que não [usar]?”, comentou Claire Stone, que oferece o tratamento no Reino Unido, à BBC.

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