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Óleo de peixe pode proteger o cérebro com risco genético de Alzheimer

Estudo americano sugere que ácidos graxos ômega-3 podem ter um efeito protetor relevante para aqueles geneticamente predispostos à doença degenerativa

Por Ligia Moraes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 9 ago 2024, 12h00

O óleo de peixe pode ter um efeito protetor significativo sobre o cérebro de pessoas com predisposição genética ao Alzheimer, de acordo com um novo estudo conduzido pela Oregon Health & Science University (OHSU), nos Estados Unidos . Publicado na revista científica JAMA Network Open, a pesquisa traz novos insights sobre como suplementos de óleo de peixe podem beneficiar especificamente indivíduos com o gene APOE4, conhecido por aumentar o risco de desenvolver a doença neurodegenerativa.

O estudo

A pesquisa envolveu 102 idosos com 75 anos ou mais, todos com baixos níveis de ácidos graxos ômega-3 no sangue, encontrados no óleo de peixe. Durante três anos, os participantes foram submetidos a ressonâncias magnéticas (MRIs) para monitorar mudanças nas lesões da massa branca do cérebro, que estão associadas a um risco maior de demência.

Os participantes foram divididos em dois grupos: metade recebeu suplementos diários de óleo de peixe enriquecido com ômega-3, enquanto a outra metade tomou um placebo à base de soja. O objetivo era verificar se o óleo de peixe poderia impedir a progressão das lesões cerebrais e, assim, reduzir o risco de demência.

Resultados e implicações

Os resultados gerais do estudo não mostraram uma diferença estatisticamente significativa entre os grupos que tomaram óleo de peixe e o grupo que tomou placebo. No entanto, ao analisar os participantes que carregavam o gene APOE4, os pesquisadores descobriram uma redução significativa na deterioração da integridade neuronal após apenas um ano de tratamento com óleo de peixe. Isso sugere que o óleo de peixe pode ter um efeito protetor relevante para aqueles geneticamente predispostos ao Alzheimer.

Lynne Shinto, professora de neurologia na OHSU e coautora do estudo, faz uma ponderação: “Os resultados mostraram que, ao longo de três anos, não houve uma diferença estatisticamente significativa entre o placebo e o grupo que tomou óleo de peixe. Não acredito que seja prejudicial, mas não diria que você precisa tomar óleo de peixe para prevenir a demência”.

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Perspectivas futuras

Gene Bowman, diretor de ensaios clínicos e instrutor de neurologia no McCance Center for Brain Health, destacou a importância deste estudo como um dos primeiros a utilizar ferramentas modernas, como exames de sangue e imagens cerebrais, para identificar pessoas com alto risco de demência e adequadas para uma intervenção nutricional específica. “O fato de a deterioração da integridade neuronal ter sido desacelerada em pessoas com alto risco para a doença de Alzheimer é notável e merece um ensaio clínico maior em populações mais diversas no futuro”, afirmou.

Portanto, embora o óleo de peixe não tenha mostrado benefícios significativos para a população idosa em geral, o estudo sugere que pessoas com predisposição genética ao Alzheimer, especificamente aquelas com o gene APOE4, podem se beneficiar da suplementação. Isso abre caminho para futuras pesquisas e intervenções personalizadas, focadas em prevenir ou postergar o início dos sintomas dessa demência em grupos de risco específicos.

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