OMS amplia investigação sobre doença misteriosa que causa mortes no Congo
Investigações buscam causas de surtos na província de Equateur desde o começo do ano; aumento da vigilância identificou 1.096 pessoas doentes e 60 óbitos

A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou que especialistas da entidade e autoridades de saúde estão ampliando as investigações para determinar as causas de surtos de doenças misteriosas que têm causado mortes na República Democrática do Congo. Os registros se concentram na província de Equateur e os episódios mais recentes foram notificados na localidade de Basankusu, que teve 158 casos e 58 mortes no início deste mês, além de outras 141 pessoas que adoeceram na semana passada.
Segundo a entidade, três surtos foram detectados na região, um deles foi em janeiro e resultou em 12 casos e oito mortes em Bolamba. Nessas duas localidades, Basankusu e Bolamba, o aumento da vigilância de doenças levou ainda à identificação de 1.096 pessoas doentes e 60 mortes.
Um conjunto de sintomas foi mapeado pelas autoridades: febre, dor de cabeça, calafrios, suor, rigidez no pescoço, dores musculares, dores em várias articulações, coriza ou sangramento pelo nariz, tosse, vômito e diarreia.
“A República Democrática do Congo está enfrentando muitas crises e surtos simultâneos, colocando ainda mais pressão sobre o setor de saúde e a população”, informou, em nota, a OMS.
Profissionais especializados em emergências da entidade foram enviados para investigar a situação e definir se há padrões incomuns no surto. O trabalho envolve entrevistas com moradores e fornecimento de tratamento para malária, febre tifoide e meningite. Mais de 80 agentes comunitários de saúde estão na região para detectar e relatar os episódios.
O trabalho não é fácil. Basankusu e Bolomba são distantes cerca de 180 quilômetros e estão a mais de 300 quilômetros da capital provincial Mbandaka. Para acessar as localidades, é necessário utilizar estradas, que são precárias, ou fazer o trajeto pelo Rio Congo. Há ainda problemas para estabelecer contatos em função de dificuldades em telecomunicações.
Consumo de morcego
Informações iniciais dão conta de que o surto teve início após três crianças consumirem carne de morcego e morrerem 48 horas depois. Esses animais costumam abrigar diferentes tipo de vírus capazes de infectar seres humanos.
Análises laboratoriais iniciais apontaram que as pessoas infectadas não estavam com ebola nem o vírus Marburg. No entanto, quase metade das amostras deram positivo para malária, doença comum no país. Serão realizados testes para meningite e haverá avaliação de água e alimentos.
“Mais esforços são necessários para reforçar os testes, a detecção precoce de casos e os relatórios, para o evento atual, mas também para incidentes futuros”, disse a OMS.