A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou uma pesquisa global para investigar a incidência da hepatite de origem desconhecida em crianças neste ano e compreender em quais países os casos e transplantes de fígados estão ocorrendo em taxas acima dos índices esperados. Segundo o último boletim da entidade, com dados até 8 de julho, o número de mortes causadas pela doença passou de 18 para 22 e os casos prováveis saltaram de 920, até 22 de junho, para 1.010 neste último levantamento. De acordo com a entidade, 35 países registraram a doença misteriosa.
A pesquisa vai verificar se houve um aumento de episódios de hepatite fulminante na população até 16 anos neste ano em relação ao período de 2017 a 2021.
Segundo a OMS, dos 1.010 casos prováveis da doença, 46 precisaram realizar transplante de fígado, o que corresponde a 5% das crianças afetadas pela hepatite fulminante. Dos 479 episódios com informações sobre idade e sexo, 48% são meninos e 76% têm menos de 6 anos.
Como a causa da doença continua desconhecida e pela possibilidade de subnotificação dos episódios, a OMS classifica o risco global da doença como moderado.
A suspeita principal suspeita é de que os casos têm relação com o subtipo 41 do adenovírus, que causa gastroenterite (inflamação gastrointestinal), mas as investigações sobre a ligação desta infecção com a Covid-19 foram intensificadas. Segundo a OMS, não há relação entre a doença e a vacinação contra a Covid-19, porque a maioria dos pacientes não tinha recebido a imunização.
Os primeiros registros da hepatite fulminante em crianças foram feitos em países europeus e se concentravam principalmente no Reino Unido. No Brasil, até 29 de junho, dois casos prováveis da doença tinham sido identificados no Rio de Janeiro e no Mato Grosso do Sul.
A hepatite é uma inflamação que atinge o fígado e, na maioria dos episódios, é causada por vírus, mas pode ter relação com o uso de substâncias tóxicas, incluindo medicamentos, consumo de álcool, doenças hereditárias e distúrbios autoimunes. Os principais sintomas são icterícia (cor amarelada na pele ou nos olhos), diarreia, dor abdominal e vômito. Nas crianças afetadas, testes laboratoriais descartaram os tipos A, B, C, E e D (quando aplicável).