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Os prós e os contras dos aparelhos dentários transparentes

Agora chamados de “alinhadores”, eles ganham força no Brasil, especialmente entre jovens e crianças

Por Giulia Vidale Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 14h45 - Publicado em 23 out 2020, 06h00

É inevitável que os aparelhos dentários sejam imaginados como recursos modernos da ortodontia. No entanto, há relatos de sua existência em múmias de 4 000 anos do Antigo Egito. E mais: versões um pouco mais recentes eram desenhadas com metais grosseiros enrolados em volta dos dentes. O nome do jogo era funcionalidade e não estética. Thomas Berdmore, que cuidava das arcadas do rei George III (1738-1820) da Inglaterra, foi o primeiro a perceber que não bastavam as correções: “Eles dão um ar juvenil e saudável ao semblante, melhoram o tom de voz, tornam a pronúncia mais agradável e distinta, ajudam na mastigação e evitam que os dentes opostos fiquem proeminentes”. E, já no século XX, a boca metálica despontou como símbolo de infância e atalho para o bullying dos colegas.

A história mudou. Hoje, põem-se aparelhos para mexer em mínimos defeitos, muitas vezes perceptíveis apenas pelas implacáveis lentes dos programas de videoconferência ou por olhos mágicos de mães e pais. E os metais, até os mais delicados, agora estão sendo massivamente substituídos por materiais transparentes. Eis a nova onda: os “alinhadores”, assim chamados, são feitos de plaquinhas de acrílico, acetato e poliuretano. Exercem, supostamente, a mesma função dos aparelhos tradicionais, mas com discrição. Dados do Data Bridge Market Research, empresa de pesquisa de mercado, estima um crescimento de 38% no mercado global do produto até 2027.

Para chegar a tal delicadeza no material, há doses imensas de tecnologia por trás do processo de desenvolvimento. Na consulta inicial, o ortodontista faz a moldagem da boca com um scanner digital e gera a imagem da arcada dentária do paciente em 3D. Com a ajuda de um software, o especialista determina os movimentos exatos que o modelo deverá exercer para enquadrar os defeitos. A placa tem aproximadamente 0,7 milímetro de espessura e afasta ou aproxima os dentes alguns milímetros por semana. Ao longo do tratamento, são usadas diversas placas personalizadas, trocadas periodicamente. Elas não são coladas. Podem ser retiradas ao longo do dia, portanto, durante as refeições e na higienização bucal. “Por isso são procuradas especialmente por crianças, adolescentes e jovens adultos”, diz a dentista Liliam Fucuda, da Affet­to Odontologia Preventiva. Em dois anos, a busca pelos alinhadores cresceu 60% no Brasil. A individualização faz com que o tempo de tratamento seja até duas vezes menor em relação aos modelos metálicos tradicionais. É, contudo, recurso caro: 10 000 reais, quase o dobro do custo de um aparelho convencional.

Não restam dúvidas de que a estética é um importante motivo de atração para os alinhadores. Eles, curiosamente, viraram um item de moda, e ostentá-los concede ar contemporâneo e jovial a quem os utiliza, na contramão da imagem do passado. Não por acaso, artistas de Hollywood, como Tom Cruise, e influencers de todo o tipo andam por aí nas redes sociais abrindo o sorrisão, que supõem ser charmoso. Sim, pode até ser — mas o que vale mesmo é um aspecto escondido, e muitas vezes esquecido. Uma arcada defeituosa pode ter consequências impensáveis para muita gente, desde cárie e gengivite até problemas de dicção, de qualidade da respiração e dores de cabeça, de ouvido e até de coluna. A saúde, é claro, deve vir antes da aparência.

Publicado em VEJA de 28 de outubro de 2020, edição nº 2710

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