Os tratamentos promissores para aumentar sobrevida de pacientes com câncer
Estudos com terapias para tumores no cérebro, pulmão, ovários e linfoma de Hodgkin foram apresentados no evento mais importante de oncologia do mundo
CHICAGO* – Um combo de tratamentos promissores para a aumentar a sobrevida e reduzir o risco de morte em pacientes com câncer no cérebro, pulmão, ovários e linfoma de Hodgkin foi divulgado neste domingo, 4, durante a reunião anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO, na sigla em inglês), o evento mais importante de oncologia do mundo, realizado em Chicago, nos Estados Unidos.
O grupo de estudos aponta benefícios com as terapias usadas em ensaios clínicos para casos de câncer mais complexos, como quadros avançados, mau prognóstico em longo prazo ou cujos tratamentos atuais podem causar efeitos colaterais graves. Nessa abordagem, foram contemplados tumores considerados raros, como o glioma – que se manifesta no cérebro ou na medula espinhal –, mas que despertou interesse nos oncologistas de diferentes partes do mundo que acompanham o evento – o público estimado da reunião é de 40 mil pessoas -.
No estudo global Indigo, de fase 3, os pesquisadores avaliaram os impactos da droga vorasidenibe para o glioma de baixo grau (grau 2) com mutação IDH. A avaliação de 331 pacientes de 16 a 71 anos de dez países indicou melhora na sobrevida, retardo no crescimento do tumor e redução da necessidade de uso de tratamentos mais tóxicos.
“Isso é clinicamente significativo, porque os pacientes diagnosticados são tipicamente jovens e indivíduos saudáveis”, explicou Ingo Mellinghoff, que conduziu o estudo e é membro do Memorial Sloan Kettering Cancer Center. Os achados podem levar ao primeiro tratamento focado nesse tipo de tumor.
Outro estudo divulgado, realizado com 453 mulheres com câncer de ovário, demonstrou que o medicamento mirvetuximabe soravtansina (de nome comercial Elahere) melhorou sobrevida global de pacientes com quadro avançado ou recorrente da doença. Além disso, o impacto da droga para a sobrevida geral das pacientes superou os índices alcançados pela quimioterapia: foi 26% melhor para mulheres tratadas com o medicamento.
O remédio age no receptor alfa de folato, que se manifesta em abundância em tumores derivados do epitélio, ligando-se a eles para, depois, causar a morte das células cancerígenas. “O folato é o melhor alvo para o câncer ovariano”, disse Kathleen Moore, da Universidade de Oklahoma, durante a apresentação do estudo Mirasol.
Para o câncer de pulmão, a novidade apresentada foi o uso do medicamento osimertinibe (de nome comercial Tagrisso) como caminho para melhorar a sobrevida de pacientes com tumores pulmonares de células não pequenas com uma mutação chamada EGFR e nos estágios IB, II ou IIIA da doença. O ensaio utilizou a terapia como adjuvante, ou seja, após o tratamento inicial para combater a doença – no caso, a cirurgia – e teve resultados animadores.
A taxa de sobrevida global em cinco anos, considerada padrão-ouro para análise de eficácia, foi de 88% no grupo tratado com o medicamento e de 78% entre os que receberam placebo. Em relação ao risco de morte, o índice foi 51% menor para os que receberam a droga.
Para o tratamento de crianças com mais de 12 anos e adultos com linfoma de Hodgkin em estágio avançado, cientistas testaram a combinação entre o imunoterápico nivolumabe combinado com quimioterapia em 976 pacientes e compararam com o tratamento padrão, realizado com outro fármaco, o brentuximabe, também associado à quimio.
Com o tratamento avaliado, foi observada uma redução de 52% no risco de morte ligado à doença. A sobrevida livre de progressão em um ano também foi superior com o fármaco: 94%. Com o brentuximabe, foi de 86%. O estudo se mostrou relevante também por estabelecer uma possível padronização dos tratamentos ofertados para crianças e adultos diagnosticados com a doença.
*A repórter viajou a convite da Bayer