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Parkinson pode ser detectado até 20 anos antes, diz estudo

Novo estudo indica que alterações nos níveis do hormônio serotonina podem ser um indicador de risco para a doença

Por Redação
20 jun 2019, 16h08

Um novo estudo acaba de revelar que, assim como o Alhzeimer, sinais do Parkinson podem ser detectados no cérebro até 20 anos antes do surgimento dos sintomas da doença, como perda do olfato, constipação, depressão e distúrbios do sono. A descoberta abre espaço para abordagens de tratamento precoce do Parkinson no futuro. 

Segundo especialistas, alterações nos níveis da dopamina – hormônio que atua na ativação e inibição de atividades cerebrais – podem ser responsáveis pelos problemas motores do Parkinson, sendo, portanto, um indicador da doença. No entanto, o novo estudo, publicado na revista científica The Lancet Neurology, aponta que a queda nos níveis de serotonina – hormônio que regula funções intelectuais, humor e sono – antecedem os da dopamina e, desta forma, podem indicar o risco da doença ainda mais cedo.

“Mostramos que mudanças no sistema da serotonina ocorrem muitos antes de os pacientes apresentarem sintomas. Ou seja, a detecção precoce dessas alterações poderia abrir portas para o desenvolvimento de novas terapias para retardar e, finalmente, prevenir a progressão do Parkinson”, comentou Lily Safra, da King’s College London, na Inglaterra.

Com base nos achados, a equipe acredita que exames de imagem voltados para investigar o sistema de produção da serotonina podem se tornar uma importante ferramenta para detectar indivíduos com risco de desenvolver a doença, permitindo o monitoramento do progresso, além de ajudar no desenvolvimento de tratamentos mais eficientes.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 1% da população mundial acima de 65 anos tem Parkinsonuma condição neurológica que pode levar a problemas de mobilidade, tremores e dificuldades de memória. No Brasil, estima-se que o número esteja acima de 200.000 pessoas. Apesar de haver tratamento para a doença, ainda não é possível curá-la ou retardar o seu avanço.

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Sinais precoces

As novas descobertas foram feitas durante análise do cérebro de indivíduos que vivem no norte do Peloponeso, na Grécia. Os participantes sofrem de uma mutação genética rara que os torna mais propensos a desenvolver Parkinson.

“Se você carrega o gene [SNCA], isso significa que é quase certo que você vai desenvolver Parkinson no curso de sua vida”, explicou Marios Politis, principal autor da pesquisa, ao The Guardian. De acordo com ele, a maioria dessas pessoas desenvolve o problema por volta dos 40 anos – em indivíduos sem a mutação, ela geralmente surge depois dos 60.

O estudo incluiu dez pessoas da Grécia e quatro da Itália. Os pesquisadores ainda revelaram que metade dos participantes já apresentava sintomas físicos do Parkinson, enquanto outras sete não davam qualquer indício de natureza física. Também foram incluídos 65 indivíduos com a doença, mas sem mutações genéticas ligadas a ela.

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Os resultados dos exames dos participantes com a mutação genética mostrou que até 20 anos antes da manifestação dos sintomas comuns, houve uma redução de 34% nos neurônios da serotonina, embora não houvesse qualquer sinal de problemas no sistema da dopamina – até agora, um dos principais indicadores do Parkinson.

Notou-se ainda uma deterioração dos sistemas de dopamina e serotonina em indivíduos que já mostravam sintomas físicos da doença – tanto para quem apresentava a mutação genética quanto quem não tinha.

Avanços importantes

Para os pesquisadores, as novas evidências indicam que há sinais importantes do risco de Parkinson que podem ser previsto anos antes, o que permite o acompanhamento precoce da evolução desse problema neurológico. “A doença é tradicionalmente vista como decorrente de danos no sistema da dopamina, mas mostramos que as mudanças no sistema da serotonina vêm primeiro”, disse Lily. 

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A equipe acredita que a serotonina pode ser um excelente marcador da doença, uma vez que pode ser detectada entre pacientes que ainda não haviam sido diagnosticados, mas tinham o gene que aumentava a propensão à doença. “Detectar mudanças que estão acontecendo no cérebro nestes estágios iniciais e ser capaz de monitorar sua progressão ajudaria no desenvolvimento de novos e melhores tratamentos que poderiam retardar a perda de células cerebrais”, comentou Beckie Port, da Parkinson UK, ao The Telegraph

Críticas

Apesar da relevância das descobertas, alguns especialistas apontam pontos fracos da pesquisa. Para eles, não ficou claro se é possível encontrar mudanças precoces em outros grupos de risco para Parkinson ou se as alterações encontradas progridem ao longo do tempo e se seriam capazes de prever quando os sintomas físicos começariam a se manifestar.

Outra crítica está relacionada ao equipamento utilizado pelos pesquisadores, que é caro e, portanto, não está amplamente disponível, o que pode dificultar a replicação dos resultados em outras populações.

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