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Perder-se na rua pode ser sinal de Alzheimer

Segundo pesquisa britânica, perder a capacidade de localizar-se ou localizar objetos na meia idade pode ser um dos primeiros sintomas da doença degenerativa

Por Da Redação
8 Maio 2017, 17h30

Você se perde na rua ou tem problemas de localização? Se sim, é melhor estar atento, pois pode ser um sinal mais grave do que uma simples distração. De acordo com estudo baseado na Universidade de Edimburgo, na Escócia, perder a habilidade de localizar-se ou perder-se nas ruas, principalmente em locais familiares, pode ser um indicador do risco de desenvolver Alzheimer na terceira idade.

A descoberta é resultado de um longo estudo, chamado Projeto Prevenção, que tem sido realizado por cientistas de diversos centros de pesquisa do Reino Unido para descobrir como as doenças degenerativas afetam o cérebro e o comportamento das pessoas no dia a dia. O intuito do projeto é detectar sinais precoces do Alzheimer enquanto as pessoas ainda são jovens.

Projeto Prevenção

Geralmente, os primeiros sinais da doença surgem por volta dos 60 anos, entretanto, a essa altura, os danos já são profundos. “A doença de Alzheimer é considerada uma ‘doença da memória’, mas observando nossos estudos anteriores, a dificuldade que alguns pacientes têm, tem mais envolvimento com a perda da habilidade de visualizar a localização de objetos e de si mesmos do que a perda da memória“, disse Karen Ritchie, uma das pesquisadoras, ao jornal britânico The Guardian.

Um exemplo clássico é a personagem do filme Para Sempre Alice, Alice Howland, interpretada pela atriz Julianne Moore. No filme, Alice começa a suspeitar da doença quando se perde enquanto fazia uma corrida perto de sua casa. Segundo Karen, esse momento captura perfeitamente como podem surgir os primeiros sintomas, a perda da habilidade de navegação.

Julianne Moore durante o filme 'Para Sempre Alice'
No longa ‘Para Sempre Alice’, Alice (Juliane Moore) percebe que há algo errado quando se perde durante uma corrida, no mesmo trajeto que faz todos os dias. (VEJA.com/Divulgação)
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O estudo

Dois grupos foram observados durante essa pesquisa. O primeiro, de pessoas entre 41 e 59 anos, que já tinham casos de Alzheimer na família, enquanto o outro era composto de pessoas sem relação nenhuma com a doença. Uma das primeiras descobertas, publicada no jornal científico Alzheimer’s and Dementia, mostrou que aqueles com maior risco, do primeiro grupo, não se saíam bem nos testes que mediam a habilidade de identificar suas posições. Eles também tendiam a um hipocampo, região do cérebro ligada à memória e à navegação espacial, menor do que os outros.

Uma das voluntárias, a britânica Cate Latto, considera que sua perda de habilidade na noção de localização reflete um importante sintoma do Alzheimer. “Minha mãe desenvolveu a doença na velhice, mas mesmo quando era relativamente nova, ela já não se lembrava onde havia colocado as chaves do carro ou onde o havia estacionado. Quando eu era criança, passamos boa parte do tempo procurando o carro em estacionamentos”, contou.

O teste, desenvolvido pelo neurocientista Dennis Chan, da Universidade de Cambridge, chama-se “as quatro montanhas” e consiste em mostrar à pessoa uma imagem de uma montanha e pedir para que ela a identifique em uma seleção de quatro paisagens. Existe uma variação considerável de habilidade e permite que os cientistas consigam identificar, também, pacientes que sofrem de degradação do hipocampo. “Hoje, usamos monitores de computador para administrar o teste, mas no futuro podemos utilizar dispositivos de realidade virtual“, explicou Karen.

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Questões éticas

Apesar da comprovação da eficácia dos testes que medem a proeza da noção de  navegação na previsão de quem desenvolverá a doença de Alzheimer na terceira idade, são levantadas questões éticas. Por exemplo, se ainda não existe um tratamento eficaz para o Alzheimer, por que identificar aqueles em risco? Qual seria o benefício?

Segundo os pesquisadores, existem várias respostas. “Não é apenas uma questão para as pessoas mais velhas, a doença pode afetar a todos nós e todos podemos ajudar a encontrar as soluções“, explicou Doug Brown, diretor do Alzheimer’s Society, instituto de pesquisa do Reino Unido. Medicamentos ainda não possuem efeito no tratamento da doença, no entanto, ministrado em estágios iniciais poderiam ser mais potentes, por exemplo.

Além disso, praticar exercícios regularmente, alimentar-se de forma mais saudável e equilibrada e deixar de fumar também podem ajudar. “Há mudanças no estilo de vida que podem ajudar a reduzir o risco da doença”, disse Karen.

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