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Por que idosos, hipertensos e diabéticos são grupos de risco?

A maioria dos casos graves da doença foi relatado em pessoas com mais de 60 anos e portadores de doenças crônicas

Por Giulia Vidale Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 23 mar 2020, 20h05 - Publicado em 23 mar 2020, 15h17

A maioria das mortes confirmadas por covid-19, a doença provocada pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2), acontece em pessoas acima dos 60 anos – com a maior taxa entre pessoas com mais de 80 anos -, com problemas prévios de saúde, como hipertensão e diabetes. Diversos estudos já publicados sobre o assunto mostram que essas pessoas correm um risco maior de apresentar formas mais severas da doença, que tende a ser leve ou moderada na grande maioria dos casos.

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Mas por que idosos, hipertensos e diabéticos estão no grupo de risco? Idosos e portadores de doenças crônicas normalmente correm maior risco de contraírem vírus que causam problemas respiratórios, como o influenza, da gripe, e sofrerem mais complicações dessas infecções. Justamente por isso eles estão no público-alvo do Ministério da Saúde para a vacina anual de gripe. “Essas pessoas têm um defeito no sistema imunológico e por isso reagem pior diante de uma infecção”, explica a cardiologista Ludhmila Hajjar, coordenadora do grupo de Cardio-Oncologia do Instituto do Câncer e do Instituto do Coração.

Idosos

No que diz respeito aos idosos, isso acontece porque seu sistema imunológico já é mais fraco que o de pessoas jovens, por exemplo. Isso significa que seu organismo tem mais dificuldade para combater o vírus e eles estão mais suscetíveis a sofrer com a resposta inflamatória do próprio corpo no combate ao vírus. Além disso, a presença de doenças crônicas, como problemas cardiovasculares e diabetes, é mais comum nesse grupo.

Diabetes e hipertensão

Como os idosos, pessoas com diabetes e hipertensão têm um sistema imunológico mais fraco, o que aumenta o risco de complicações ao contrair uma infecção, como o coronavírus. Além disso, há um possível “agravante” no que diz respeito a essa doenças e a infecção por coronavírus, especificamente. Um estudo publicado na revista científica The Lancet sugere que alguns medicamentos para pressão alta e diabetes podem favorecer a ação do novo coronavírus.

De acordo com o estudo, alguns medicamentos para essas condições ativam a enzima conversora de angiotensina 2 (ECA-2), um receptor presente nas células do pulmão, rim, intestino, vasos sanguíneos, entre outros, e isso pode facilitar a replicação do vírus no organismo e potencializar sua ação. Isso acontece porque o novo coronavírus usa justamente esses receptores para invadir as células de suas vítimas, segundo um estudo anterior publicado na revista Science.

Esses medicamentos aumentam a quantidade desses receptores no organismo e, portanto, pode levar a uma potencialização da ação do vírus ao facilitar sua replicação no organismo. Vale ressaltar que o estudo da The Lancet foi apenas observacional e não indica uma relação de causa e consequência.

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Pacientes com hipertensão e diabetes não devem, em hipótese alguma, parar o tratamento. Ficar com a doença descompensada é mais prejudicial do que a ação do medicamento. Estudos mostram que pacientes com diabetes tipo 2 apresentaram um risco de complicação por covid-19 até três vezes maior que a população em geral. Mas não se engane, pessoas co o tipo 1 da doença também têm um risco aumentado.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, o risco é mais alto se a condição não estiver controlada, pois a baixa imunidade está fortemente ligada à elevação do açúcar no sangue. Quando a doença está controlada, o risco de complicações  é menor, tanto para o diabetes tipo 1 quanto para o tipo 2.

“Como o controle glicêmico é a chave para o sucesso, monitorar frequentemente sua glicemia e ajustar medicações em geral ou insulinas – sempre com orientação médica – são procedimentos que podem prevenir complicações não apenas desta nova virose como também do próprio diabetes.”, diz a Sociedade Brasileira de Diabetes em artigo sobre o assunto, publicado em seu site.

No caso da hipertensão, a doença danifica as artérias e reduz o fluxo de sangue para o coração. Isso significa que o coração precisa trabalhar mais para bombear sangue suficiente. Com o tempo, o esforço extra pode o órgão e reduzir sua capacidade de bombear sangue rico em oxigênio para o resto do corpo.

Doenças cardiovasculares

Mas não são só pessoas com hipertensão que têm um risco aumentado da doença. Quem tem qualquer problema cardiovascular já é considerado grupo de risco. “Estudos mostram que a mortalidade por coronavírus é entre quatro e cinco vezes maior para pessoas com doenças cardíacas”, diz Ludhmila. O coronavírus tem a característica de afetar o coração, ele induz miocardite (inflamação do músculo), isquemia miocardia, arritmias etc.  Em pessoas que já têm o órgão comprometido, esses efeitos são ainda mais graves.

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De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia, a covid-19 tem letalidade média de 2% a 3,5%. Entretanto, em pessoas com doenças cardiovasculares (hipertensos, indivíduos que já tiveram infarto ou derrame, pessoas com obstruções nas artérias, insuficiência cardíaca, placas de ateroma ou outros males no peito), que representam cerca de de 40% da população brasileira, pode atingir taxas de até 10,5%. Na sequência, apresentam maiores taxas de mortalidade os diabéticos (7,3%), pessoas com doença respiratória crônica (6,3%), hipertensos (6%) e pacientes com câncer (5,6%).

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Cardiopatas apresentam alterações que comprometem o fluxo sanguíneo para o pulmão. Além disso, o comprometimento da circulação dificulta a chegada de anticorpos e células de defesa nos locais atingidos por infecções. Não é um déficit no sistema imunológico tão intenso quanto o de pessoas em tratamento pelo câncer, por exemplo (outro grupo de risco para complicações) — mas ainda assim é algo para ficar de olho.

No mais, doenças como hipertensão e diabetes não raro acometem o mesmo indivíduo. E isso poderia comprometer ainda mais as defesas do organismo contra infecções como o novo coronavírus.

Como se proteger

Por isso, idosos e pessoas com essas condições devem tomar cuidado redobrado no que diz respeito a medidas de prevenção do novo coronavírus. Quem pessoas com essas características na família, também deve estar atento. Veja abaixo algumas recomendações:

– Certifique-se de ter remédios suficientes para tratar a hipertensão, o diabetes e outras condições de saúde para um período de dois a três meses.

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– Tenha em casa medicamentos como paracetamol e dipirona para serem usados em caso do febre e outros sintomas leves de gripe.

– Fique em casa e limite o contato com outras pessoas o máximo que puder.

– Lave as mãos frequentemente com sabão e água.

– Limpe e desinfete todas as superfícies tocadas com frequência, como bancadas e maçanetas.

– Evite tocar os olhos, o nariz e a boca.

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– Evite aperto de mão, abraços e beijos quando cumprimentar as pessoas

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