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Por que os ataques de escorpiões não param de crescer – até nas cidades grandes

Em todo o Brasil, os registros aumentaram em 155% de 2014 para 2023; tendência de alta continua

Por Luiz Paulo Souza Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 15 Maio 2025, 16h00

Os ataques de escorpião são um problema global, mas observaram um crescimento especialmente preocupante nas Américas nas últimas décadas. No Brasil, isso já tem sido percebido pela população. Só por aqui, houve um crescimento de 155% no número de picadas entre 2014 e 2023 – e a tendência é de ainda mais crescimento. 

O dado foi revelado por um artigo brasileiro publicado em maio na Frontiers Public Health, uma importante revista científica. De acordo com o trabalho, o período analisado somou mais de um milhão de registros, mas na próxima década esse número pode dobrar – sudeste e nordeste, juntos, tem mais de 80% dos casos. 

O crescimento, mostra a pesquisa, é constante. Enquanto em 2014 o número de registros foi de cerca de 67 mil em todo o território nacional, em 2023 as notificações chegaram a quase 171 mil. Já em 2024, segundo dados do Ministério da Saúde, os números se aproximaram dos 200 mil. 

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O que leva ao aumento no número de escorpiões?

De acordo com pesquisadoras da USP e da Unesp, que assinam o artigo, a urbanização e as mudanças climáticas são as principais responsáveis por esse crescimento. “É uma crise silenciosa, porque não está recebendo a atenção devida”, disse Manuela Pucca, professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unesp, em entrevista ao Jornal da USP. 

Isso acontece porque nas últimas décadas as cidades cresceram rapidamente, invadindo os habitats naturais desses animais. Naturalmente, eles vivem em ambientes áridos e semiáridos, podendo ser encontrados também em campos e florestas. Com a redução desses espaços, eles invadiram as cidades e logo se adaptaram ao novo ambiente. 

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Em meios urbanos, os principais locais onde eles residem são as redes de esgoto, onde encontram escuro e calor constante, meio ideal para a sobrevivência. A oferta de baratas para se alimentar também é um diferencial, mas eles podem facilmente sobreviver mais de um ano sem se alimentar – o fato de que podem se reproduzir sem a necessidade de um parceiro também não ajuda em nada na contenção da crise. 

Segundo o estudo, contudo, as mudanças climáticas também têm uma responsabilidade. “As mudanças climáticas, marcadas por verões mais quentes e períodos alternados de chuvas intensas e secas, facilitam ainda mais a proliferação de populações de escorpiões, já que estes animais são altamente adaptados a ambientes quentes e úmidos”, escrevem os autores.

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Como evitar o aparecimento de escorpiões?

Apesar de viverem nas tubulações, é comum que os animais se aventurem pelas cidades em busca de novos habitats e alimentos, o que faz com que os registros aumentem – inclusive nas grandes cidades. Em São Paulo, por exemplo, cerca de 200 picadas já foram notificadas em 2025. Já em Ribeirão Preto, cidade do interior paulista conhecida pelas altas temperaturas, o número passou dos 500 até o início de maio – um aumento de mais de um terço em relação ao mesmo período do ano anterior. 

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Os principais fatores que atraem os animais são a falta de higiene, portanto, manter a limpeza dos ambientes, evitando o acúmulo de entulhos, lixo e madeira são as medidas mais efetivas. Isso, no entanto, não impede o aparecimento dos animais, que conseguem invadir as casas por meio da rede de esgoto. 

Algumas medidas, segundo o Jornal da USP, podem ajudar a evitar o encontro indesejado. Entre elas:

  • Evitar deixar bolsas e calçados no chão;
  • Sempre checar esses objetos antes de utilizá-los;
  • Evitar cortinas que arrastem no chão;
  • Não deixar móveis encostados na parede;
  • Em áreas próximas a terrenos baldios e mato, revestir muros com azulejos e pisos para evitar que o animal consiga escalar; 
  • Vedar entradas e saídas de esgotos. 
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Em caso de picada, uma unidade de saúde pública deve ser buscada imediatamente para a aplicação do soro antiescorpiônico, remédio que não costuma estar em falta nas cidades. É importante ressaltar que ele não é encontrado em hospitais privados e que o SAMU pode informar o melhor local para receber a infusão gratuitamente. 

Apesar da urgência, os especialistas afirmam que não é necessário se apavorar, pois apenas 0,06% das picadas levam a morte. Os sintomas costumam ser dor intensa, vermelhidão, inchaço e sudorese no local da picada, além de náuseas, vômitos, taquicardia e dificuldade respiratória. Idosos e crianças precisam de cuidado especial pois são mais susceptíveis a apresentar sinais mais graves, como choque anafilático. 

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