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Por que os energéticos são mais prejudiciais que os refrigerantes

Um novo estudo sugere que os riscos à saúde causados pelos energéticos estão associados a ingredientes além da cafeína

Por Da Redação
Atualizado em 2 Maio 2017, 15h00 - Publicado em 2 Maio 2017, 14h52
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  • As bebidas energéticas são conhecidas por aumentar a disposição de quem as ingere, graças à alta quantidade de cafeína e outras substâncias como a taurina, o inositol e a glucoronolactona. No entanto, seu consumo pode trazer riscos à saúde, mesmo quando não associado a outras substâncias, como o álcool, mistura muito consumida por jovens.  Um estudo publicado recentemente no periódico científico  Journal of the American Heart Association mostrou que, diferente das outras bebidas que contém cafeína, como refrigerantes de cola e até mesmo o café, os energéticos podem afetar a pressão sanguínea e a saúde do coração.

    Substâncias elevadas

    A maioria das bebidas energéticas contêm grandes quantidades de cafeína, açúcares e estimulantes, como o guaraná, o ginseng, planta chinesa com efeito energético e relaxante, a taurina, aminoácido não-essencial que possui efeito desintoxicante e é utilizado como suplemento energético, e a l-carnitina, uma substância natural que ajuda a transformar a gordura em energia. No entanto, essas substâncias possuem efeitos colaterais e contra-indicações.

    “A maior preocupação é que essas vitaminas, aminoácidos e ervas são muitas vezes utilizadas em concentrações muito maiores do que na própria natureza, e os efeitos combinados especialmente com a cafeína podem ser drásticos”, disse à CNN a nutricionista clínica Katherine Zeratsky.

    Diferente de café e refrigerantes

    No estudo, os pesquisadores dividiram 18 homens e mulheres entre dois grupos. O primeiro recebeu cerca de um litro de bebida energética disponível no mercado, com 320 miligramas de cafeína e 108 gramas de açúcar, assim como outros ingredientes. Já o outro grupo recebeu a mesma quantidade em refrigerantes, que continha a mesma quantidade de cafeína e algumas doses de suco de limão, xarope de cereja e água com gás. Depois de seis dias, os grupos se inverteram, consumindo a bebida do outro.

    Os pesquisadores mediram a pressão sanguínea de cada um dos participantes no começo do estudo e uma, duas, quatro seis e 24 horas depois do consumo das bebidas. Com um eletrocardiograma, eles também registraram a frequência cardíaca dos voluntários. As pessoas que beberam os energéticos apresentaram um intervalo QT – o tempo em que os ventrículos do coração levam para realizar os batimentos – 10 milissegundos mais altos do que os que consumiram as outras bebidas.

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    Ambos os grupos apresentaram pressão sanguínea elevada, apesar de não estarem em níveis anormais. A pressão sanguínea daqueles que tomaram os refrigerantes retornou ao nível habitual depois de seis horas. Já quando as pessoas ingeriram as bebidas energéticas, a pressão permaneceu a mesma, elevada, depois das seis horas observadas. Os pesquisadores acreditam que os outros ingredientes presentes no energético podem afetar a saúde do coração mais do que os próprios efeitos da cafeína.

    Em alguns casos, irregularidades no intervalo QT podem causar arritmia. Segundo especialistas, essa disparidade pode ser um fator importante, uma vez que alguns medicamentos que afetam o intervalo QT em até 6 milissegundos apresentam avisos de segurança nas embalagens. “A maior evidência que encontramos é que existem efeitos na saúde do coração além da cafeína sozinha”, disse Emily Fletcher, autora do estudo e pesquisadora do David Grant Medical Center, nos Estados Unidos, à revista americana Time . “Os consumidores deveriam ser alertados que beber um energético não é a mesma coisa que beber café ou um refrigerante.”

    Segurança

    A Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA), em declaração, garantiu a segurança das bebidas energéticas e dos seus ingredientes e, assim sendo, não fornece qualquer justificação científica para tratar as bebidas energéticas de forma diferente dos principais contribuintes para a ingestão diária de cafeína, incluindo chá, café e chocolate.

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    Os próprios pesquisadores admitem que mais estudos sobre o assunto são necessários. A amostragem da pesquisa foi pequena, a equipe observou apenas os efeitos das bebidas em pessoas saudáveis e não avaliaram as diferenças a longo prazo. No entanto, a agência europeia da Organização Mundial da Saúde (OMS) já alertou sobre os riscos que o consumo do produto pode oferecer, principalmente, para pessoas mais jovens.

    No caso de adultos saudáveis, o consumo de bebidas energéticas não é problemático, se for ocasional e moderado e desde que o consumo total diário de cafeína não ultrapasse 400 miligramas, o que corresponde a três cafés ou uma lata destas bebidas. As grávidas e lactentes não devem consumir estes produtos.

    Segundo o estudo, essas novas descobertas sugerem que as pessoas deveriam consumir bebidas energéticas com mais cautela, especialmente aquelas que já enfrentam questões relacionadas à saúde do coração. “Pessoas com doenças cardíacas ou hipertensão devem tomar ainda mais cuidado. Também recomendaria evitar o consumo dessas bebidas durante a prática de atividades físicas e situação que tendem a aumentar a pressão sanguínea e a frequência cardíaca”, disse Fletcher.

     

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