‘Primeiros dias são importantes para adaptação do coração’, diz cirurgião
Especialista em cirurgia torácica e cardiovascular, Paulo Manuel Pêgo Fernandes destaca importância da doação de órgãos
Após um transplante de coração, como o realizado pelo apresentador Fausto Silva, conhecido como Faustão, neste domingo, 27, os pacientes têm 24 a 48 horas cruciais para o pleno sucesso do procedimento. É neste prazo, que pode se estender por mais dias, que a adaptação do órgão e o funcionamento sem rejeição são observados de perto.
A informação foi citada no boletim médico divulgado pelo Hospital Israelita Albert Einstein, que destacou que a cirurgia foi um sucesso. “Fausto Silva permanece na UTI, pois as próximas horas são importantes para acompanhamento da adaptação do órgão e controle de rejeição”, diz o documento assinado pelo cardiologista Fernando Bacal, o cirurgião cardiovascular Fábio Antônio Gaiotto e o diretor médico e de serviços hospitalares Miguel Cendoroglo Neto.
Especialista em cirurgia torácica e cardiovascular, Paulo Manuel Pêgo Fernandes explica que os transplantes, de modo geral, correm bem por serem procedimentos consolidados na medicina. Mesmo assim, fatores que extrapolam a cirurgia, como a possibilidade de rejeição, ganham atenção da equipe médica, principalmente nos primeiros dias após a operação.
“Ocorre uma adaptação das funções do novo coração ao paciente e vice-versa. Os primeiros dias são importantes para essa adaptação, principalmente os mais próximos à cirurgia, as primeiras 24 a 48 horas”, diz Fernandes, que também é presidente do conselho deliberativo da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO).
O período de internação varia de acordo com o paciente e são necessários alguns dias em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Depois da alta, é necessário ter acompanhamento médico periódico. “Mas, após a recuperação, terá uma vida muito perto da normal.”
A necessidade de um transplante de coração fez com que a família e amigos do apresentador iniciassem uma campanha para doação de órgãos, destacando a importância do ato para salvar vidas.
No Brasil, a lista de transplantes é única e é administrada pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A fila atual soma 65 mil pessoas que precisam, principalmente, de rins, córneas, fígado, pâncreas e coração. Em atualização recente, 386 pessoas aguardavam por um coração, segundo o Sistema Nacional de Transplantes (SNT).
“O transplante só ocorre se tem doação e começa na doação de órgãos. Por isso, é tão importante doar”, explica o cirurgião.