‘Quadris não mentem’: a onda de métodos para se soltar na intimidade

Na atual onda de tendências para beneficiar a saúde sexual, há uma crescente oferta de cursos voltados para o prazer feminino focados na movimentação pélvica. Já diz a música que os “quadris não mentem” (Hips Don’t Lie, de Shakira). Em plataformas virtuais ou aulas presenciais, as mulheres aprendem movimentos sensuais, mas a linha é diferente das antigas técnicas de striptease com foco em seduzir a pessoa amada: a ideia é aprender a explorar desejos e preferências individuais para incrementar os momentos íntimos e ter orgasmos legítimos.

A mentora de mulheres Jaqueline Fernandes, de 31 anos, dá aulas online há seis anos e suas alunas do curso “Movimentos na Cama” têm entre 25 e 60 anos de idade. Elas dançam, rebolam e se soltam de amarras na intimidade, pois muitas tiveram uma criação rígida que não lhes permitia expressar o que gostavam na hora de fazer sexo.

“Uma mulher que se conhece começa a encontrar uma posição que não dói, sabe suas zonas erógenas e aprendem a dizer o que preferem fazer”, afirma Jaqueline. “Elas começam a entender que podem falar não, podem querer só um chamego, podem ser criativas e não precisam viver a ansiedade de serem perfeitas na cama.”

As aulas são compostas por alongamentos, simulações de vai e vem, movimentações em quatro apoios e dança em um ambiente sem julgamentos sobre forma física nem habilidades para malabarismos corporais. A proposta é adaptar cada corpo, limitações e vontades para descobrir o próprio prazer.

“Desde as primeiras aulas, percebemos melhora. São aulas de movimento, mas também um momento para que elas possa parar e se observar. Quando a gente escuta o próprio corpo e o nosso quadril, que tem tanto poder para dar sustentação e se mover, sentimos muito prazer.”

A especialista em tecnologia da informação Viviane Tomiello, de 48 anos, participou de um workshop presencial com o objetivo de quebrar crenças e obter conhecimentos sobre sexualidade.

“É a descoberta do autoprazer. Em função da nossa educação, nós mulheres temos uma série de travas e percepções que acabam impedindo de aproveitar a sexualidade em si, que é mais do que fazer sexo, é a energia de vida.”

Exercícios para a saúde sexual

A quebra de tabus e o incentivo ao autoconhecimento estão ligados ao aumento da busca por cursos e exercícios que favorecem o bem-estar sexual, segundo a sexóloga e terapeuta sexual Tamara Zanotelli. Ela diz que este é um movimento positivo.

“As mulheres querem entender as sensações. Os estímulos e movimentos de quadril são entrada para o empoderamento, aumentam a consciência corporal, têm um impacto na autoestima, reduz o estresse e alivia tensões”, enumera.

Tamara cita ainda outras modalidades, como os exercícios de Kegel — de contração dos músculos do assoalho pélvico –, como benéficos para a saúde íntima.

“O fortalecimento do assoalho pélvico ajuda no controle das contrações durante o sexo, tornando as sensações mais intensas, e ainda é benéfico na prevenção da incontinência urinária.”

Alcançar o prazer não tem uma fórmula, isso é individual. Mesmo assim, a sexóloga dá dicas para ir além dos quadris e estimular todos os sentidos.

• Conheça seu corpo: reservar um tempo para se descobrir. Pode ser usando um espelho e as mãos;
• Respire: isso ajuda a acalmar o corpo e a mente;
• Não tenha pressa: cada um tem um ritmo e um jeito de sentir prazer;
• Use a imaginação: procure pensar em algo que traz excitação e esqueça dos problemas na hora H;
• Seja carinhoso com você mesmo: é importante trocar a voz crítica interior por palavras gentis;
• Não sofra sozinho: se existir algum bloqueio, busque ajuda de um especialista.

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