Qual é a melhor forma de se exercitar para prevenir o câncer do sistema digestivo? Novo estudo traz pistas
Pesquisa de Harvard revela quanto tempo de exercício é suficiente para afastar tumores digestivos e o momento em que o corpo deixa de lucrar com o esforço
Quando o assunto é exercício físico, muita gente acredita que “quanto mais, melhor”. Mas um novo estudo publicado no JAMA Oncology, um dos principais periódicos científicos sobre oncologia, mostra que, quando o objetivo é proteger o sistema digestivo contra o câncer, o segredo pode estar menos na intensidade e mais na constância.
Para chegar a essa conclusão, pesquisadores da Harvard T.H. Chan School of Public Health, acompanharam mais de 230 mil pessoas por até 32 anos para entender como diferentes níveis e padrões de atividade física influenciam o risco de tumores que atingem órgãos como intestino, fígado, pâncreas, estômago e esôfago.
O que eles descobriram é que pessoas que mantiveram uma rotina moderada de exercícios ao longo das décadas (o equivalente a cerca de cinco horas semanais de caminhada rápida ou duas horas de corrida), tiveram redução de até 17% no risco de desenvolver cânceres do sistema digestivo, em comparação com as sedentárias.
Traduzindo para a linguagem científica, isso corresponde a 17 MET-horas por semana, o nível considerado “moderado” nas diretrizes da American Cancer Society. Os pesquisadores chegaram a testar se quantidades maiores — por volta de 50 MET-horas semanais, algo como dez horas de caminhada rápida — trariam proteção extra, mas não encontraram efeito adicional. Em outras palavras: melhor manter o ritmo do que forçar o limite. “A consistência, e não o excesso, foi o que mais se associou à redução do risco”, escreveram os autores, liderados por Yiwen Zhang e Edward Giovannucci.
O levantamento reuniu informações de três grandes grupos de acompanhamento de profissionais de saúde nos Estados Unidos, que vêm sendo monitorados há décadas para entender como hábitos de vida influenciam a saúde. Ao longo desses 30 anos de observação, foram registrados 6.538 novos casos de câncer e 3.791 mortes relacionadas a tumores do sistema digestivo.
Os pesquisadores destacam que a atividade física atua em várias frentes, como controle do peso corporal, melhora a sensibilidade à insulina, redução de inflamações e acelera o trânsito intestinal, o que diminui o tempo de contato entre possíveis substâncias carcinogênicas e o trato digestivo.
Limitações
Apesar da metodologia chamar atenção, especialmente pelo acompanhamento de mais de três décadas, o trabalho tem limitações importantes. A principal é que as informações sobre atividade física foram autodeclaradas, o que pode gerar imprecisões. Ainda assim, os questionários usados foram validados e repetidos ao longo dos anos, o que ajuda a reduzir erros.
Outro ponto é que os participantes eram, em sua maioria, profissionais de saúde norte-americanos e brancos, o que limita a generalização dos resultados para outros tipos de pessoas e populações. Além disso, pessoas mais ativas tendem a ter outros hábitos saudáveis, como se alimentar bem e não fumar. Embora os pesquisadores tenham ajustado as análises para fatores como alimentação, tabagismo e índice de massa corporal, não é possível eliminar completamente a influência de outros comportamentos saudáveis.
Mesmo assim, os autores reforçam que a mensagem prática do estudo é simples: não é preciso treinar como um atleta para colher benefícios de longo prazo. De acordo com eles, manter uma rotina estável de atividade física, mesmo em níveis moderados, já oferece uma proteção significativa contra os cânceres do sistema digestivo. “Esses resultados sustentam as recomendações atuais de saúde pública e destacam a importância de se manter ativo de forma constante, não apenas em fases específicas da vida”, escreveram.
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